Já ouviu falar em Timaru?
É possível que não, mas o que se passa lá pode interessar-lhe. Timaru é uma
cidade portuária na zona Sul de Canterbury, na Nova Zelândia. Esta cidade foi
construída sobre as colinas formadas pela lava do extinto vulcão Mt
Horrible, que entrou em erupção há milhares de anos. Por causa disso a
maioria das ruas da cidade são ondulantes, contrastando com a paisagem plana
das planícies nortenhas de Canterbury. A rocha vulcânica, designada ali por “bluestone”,
é muito utilizada na construção civil. O Capitão Henry Cain (1816-1986), um dos
seus mais destacados e empreendedores colonos, que veio a ser o 2º Perfeito de
Timaru e que acabou envenenado pelo genro, tem ali uma estátua.
Dir-nos-ão os nossos os
leitores: ”até aqui tudo bem, mas o que tem a longínqua Timaru de interessante
para nós?”. Lá como cá há muita gente madura que ainda acredita no Pai Natal e
que julga que o mal só acontece aos outros, gente que vê em cada cão um anjinho
e que acaba por ter um encontro com um “demónio”, gente confiada ao invés de
precavida que se vai “pôr na boca do lobo”, a jeito de ser mordida e de votar
os seus cães à mesma sorte.
Para se ter uma ideia da
gravidade da situação naquela cidade neozelandesa, basta dizer que só nos
últimos 8 meses foram apresentadas 984 queixas contra cães, relativas a ataques
e perseguições movidas por estes animais maioritariamente a outros cães. O
insólito da situação levou a Dr.ª Elsa Flint (na foto abaixo),
uma conceituada veterinária e também clínica de comportamento animal local a
manifestar-se, exigindo dos proprietários caninos algumas cautelas que vale a
pena mencionar, porque são igualmente válidas para nós e para aqueles que aqui
circulam com os seus cães na rua, apesar de há muito terem sido adoptadas na Acendura
Brava.
A Dr.ª Flint aconselhou os
proprietários caninos locais a ter mais cautela quando estiverem no meio demais
gente (entre o público) e em locais passíveis de encontrarem outros cães,
porque “ eles (os cães) sempre vão entrar em desentendimentos uns com os outros”.
Sabendo que os daquele lugar pecam por ausência de uma sociabilização eficaz, a
veterinária adiantou que o velho ritual de os deixar cheirar-se uns aos outros não
deverá ser encorajado, porque pode induzir à indesejável tensão entre eles.
Do mesmo modo, alertou os
donos dali para não correrem com os seus cães para cima de outros, porque tal
não é uma ideia sensata, já que os cães alheios podem interpretar tal atitude
como um desafio. Conhecedora da solução para o problema, a behaviorista de
Timaru, aconselhou todos os donos daquele lugar a frequentarem uma escola
canina e para ali sociabilizarem os seus cães desde tenra idade, sociabilização
que considerou indispensável para os cães que foram resgatados, porquanto a sua
história é por norma desconhecida pelo seu novo dono.
Resta dizer que em Timaru
existem 9.000 cães registados e que metade deles são cães de fazenda (rurais). No
Conselho Distrital de Waimate, onde existem 2847 cães
registados, 154 proprietários caninos foram multados desde o dia 1 de Junho; o
mesmo Conselho investigou 238 queixas no ano passado (nenhuma delas resultou em
processo criminal); 5 cães foram abatidos após ataques ou mau comportamento e
foram dadas acções de formação para os proprietários caninos infractores,
visando a educação e reinstalação dos seus cães.
O seu cão encontra-se
sociabilizado? Não? Porventura deseja que ele ataque e venha a ser atacado por
outros cães? Porventura quererá um cão para lutas? Julgamos que não! “Ala moço
que se faz tarde”, sociabilize-o quanto antes!
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