sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

JÁ OUVIU FALAR EM TIMARU?

Já ouviu falar em Timaru? É possível que não, mas o que se passa lá pode interessar-lhe. Timaru é uma cidade portuária na zona Sul de Canterbury, na Nova Zelândia. Esta cidade foi construída sobre as colinas formadas pela lava do extinto vulcão Mt Horrible, que entrou em erupção há milhares de anos. Por causa disso a maioria das ruas da cidade são ondulantes, contrastando com a paisagem plana das planícies nortenhas de Canterbury. A rocha vulcânica, designada ali por “bluestone”, é muito utilizada na construção civil. O Capitão Henry Cain (1816-1986), um dos seus mais destacados e empreendedores colonos, que veio a ser o 2º Perfeito de Timaru e que acabou envenenado pelo genro, tem ali uma estátua.
Dir-nos-ão os nossos os leitores: ”até aqui tudo bem, mas o que tem a longínqua Timaru de interessante para nós?”. Lá como cá há muita gente madura que ainda acredita no Pai Natal e que julga que o mal só acontece aos outros, gente que vê em cada cão um anjinho e que acaba por ter um encontro com um “demónio”, gente confiada ao invés de precavida que se vai “pôr na boca do lobo”, a jeito de ser mordida e de votar os seus cães à mesma sorte.
Para se ter uma ideia da gravidade da situação naquela cidade neozelandesa, basta dizer que só nos últimos 8 meses foram apresentadas 984 queixas contra cães, relativas a ataques e perseguições movidas por estes animais maioritariamente a outros cães. O insólito da situação levou a Dr.ª Elsa Flint (na foto abaixo), uma conceituada veterinária e também clínica de comportamento animal local a manifestar-se, exigindo dos proprietários caninos algumas cautelas que vale a pena mencionar, porque são igualmente válidas para nós e para aqueles que aqui circulam com os seus cães na rua, apesar de há muito terem sido adoptadas na Acendura Brava.
A Dr.ª Flint aconselhou os proprietários caninos locais a ter mais cautela quando estiverem no meio demais gente (entre o público) e em locais passíveis de encontrarem outros cães, porque “ eles (os cães) sempre vão entrar em desentendimentos uns com os outros”. Sabendo que os daquele lugar pecam por ausência de uma sociabilização eficaz, a veterinária adiantou que o velho ritual de os deixar cheirar-se uns aos outros não deverá ser encorajado, porque pode induzir à indesejável tensão entre eles.
Do mesmo modo, alertou os donos dali para não correrem com os seus cães para cima de outros, porque tal não é uma ideia sensata, já que os cães alheios podem interpretar tal atitude como um desafio. Conhecedora da solução para o problema, a behaviorista de Timaru, aconselhou todos os donos daquele lugar a frequentarem uma escola canina e para ali sociabilizarem os seus cães desde tenra idade, sociabilização que considerou indispensável para os cães que foram resgatados, porquanto a sua história é por norma desconhecida pelo seu novo dono.
Resta dizer que em Timaru existem 9.000 cães registados e que metade deles são cães de fazenda (rurais). No Conselho Distrital de Waimate, onde existem 2847 cães registados, 154 proprietários caninos foram multados desde o dia 1 de Junho; o mesmo Conselho investigou 238 queixas no ano passado (nenhuma delas resultou em processo criminal); 5 cães foram abatidos após ataques ou mau comportamento e foram dadas acções de formação para os proprietários caninos infractores, visando a educação e reinstalação dos seus cães.
O seu cão encontra-se sociabilizado? Não? Porventura deseja que ele ataque e venha a ser atacado por outros cães? Porventura quererá um cão para lutas? Julgamos que não! “Ala moço que se faz tarde”, sociabilize-o quanto antes! 

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