A história do binómio
Carolyn/Ally é um drama que se conta em poucas linhas mas que não deixa de ser
chocante. Carolyn Allum, residente em Claydon, um vilarejo a norte de
Ipswich no Suffolk, England, é uma invisual a quem foi entregue uma
cadela-guia, a Ally, uma dócil e encantadora Labradora preta, com 6 anos de
idade, própria para o cracking e que tem acompanhado Carolyn
praticamente por todo o lado.
A generosa Labradora foi
atacada 6 vezes nos últimos anos por cães desvairados, saindo de um ataque com
uma orelha rasgada e várias perfurações na boca. Perante a reincidência de tais
actos e como consequência, a traumatizada cadela-guia passou a retaliar, a agir
anti-socialmente contra outros cães, o que não lhe é permitido atendendo à
natureza do seu serviço, pelo que de imediato será dele dispensada. O último
confronto aconteceu no centro da Cidade de Ipswich diante de um cão fora de
controlo.
Para termos uma noção mais
tangente à criminalidade presente em Ipswich, segundo dados publicados pela
polícia local relativos ao Ano de 2017, em East Ipswich East, a violência e as
ofensas sexuais ocuparam o primeiro lugar com 29,77% e o comportamento
anti-social ocupa o segundo lugar com 17,38% (https://www.police.uk/suffolk/J31A/crime/stats/).
Vítima de gente pouco
escrupulosa e de cães malvados, Carolyn Allum está inconsolável com o sucedido,
o que não impede que continue a apelar a todos os proprietários caninos para
que apostem na sociabilização dos seus cães. Sem a Ally, a invisual poderá
esperar até 1 ano por um novo cão-guia, cães que custam em média 57.000 libras.
Em Inglaterra, ao abrigo do “The Dangerous Dogs Act”, o ataque de um cão sobre
um cão-guia é uma ofensa criminal, quer cause danos ou não, esteja ou não
esteja o seu dono presente, por se considerar um invisual como um adulto
vulnerável.
Para além de perder a sua
fiel companheira e do desgosto que sente, Carolyn vê ainda limitada de
sobremaneira a sua autonomia, rotinas diárias e viver social. O transtorno desta
invisual e a reforma compulsiva da Labradora poderiam ser evitados se um
grupelho de camelos se preocupasse com os demais e não se divertisse com o mal dos
outros. E camelos destes, gente que nem está aí para os direitos dos demais,
temo-los cá de todas as cores e para todos os tamanhos. Não merecerão os cegos o nosso
respeito? Se sim, protejam os cegos: deixem-lhes os cães em paz!
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