quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

NÓS POR CÁ: QUEM DÁ E REPARTE E NÃO FICA COM A MELHOR PARTE, OU É TOLO OU NÃO TEM ARTE

A nossa terceira República insiste em tratar-nos como bastardos, burros e indigentes, enquanto oferece aos seus mentores prerrogativas escandalosas e pouco vistas, apenas extensíveis àqueles que, à custa do povo, vivem refastelados à sombra da demonocracia que tudo lhes permite, inclusive roubar e descaradamente. Uma das situações mais escandalosas diz respeito aos “Lesados do BES”, indivíduos de boa-fé que na sua candura acabaram espoliados daquilo que lhes pertencia. Agora o governo, obrigado não se sabe bem porquê a proteger os criminosos responsáveis, pretende devolver aos lesados as suas economias, tardiamente e em tranches, à custa dos contribuintes.
Será que “O Dono Disto Tudo”, o omnipotente Dr. Ricardo do Espírito Santo Silva Salgado, caso seja ele o responsável, não tem como devolver aos surripiados o que indevidamente lhes eclipsou? Porque não foi preso? Não terá ele bens que uma vez arrestados possam satisfazer todas as suas dívidas? Por que carga de água terá que ser o povo a pagar, mais uma vez, o preço das desgraças que lhe imputam?
Venham os processos e operações judiciais que vierem, uma coisa é certa: a culpa morre e continuará a morrer virgem em Portugal, o que equivale a dizer que só o peixe-miúdo vai preso! Perante tamanha corrupção, que não poupa nenhum sector da nossa sociedade, temos hoje tantas ou mais razões para fazer uma revolução idêntica às havidas em 5 de Outubro de 1910 e em 25 de Abril de 1974, porque tanto o roubo dos milhões quanto a miséria dos tostões continuam e medram como nunca.
E se alcançarmos a revolução que agora reclamamos e necessitamos, por quanto tempo a manteremos justa, fraterna e imaculada? Perdurarão os seus ideais mais do que os das revoluções anteriores? Porventura não serão os mesmos? Por que há em tudo isto uma estranha sensação de “dejá vu”? É possível que a antropologia explique em parte porque nos confundimos nas teias do tempo, ao ponto de repetirmos os mesmos erros. Mesmo assim, vale a pena lutar por uma revolução que comece dentro de cada um de nós. Pode ser utopia, mas não se perde nada em tentar! 

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