A nossa terceira República
insiste em tratar-nos como bastardos, burros e indigentes, enquanto oferece aos
seus mentores prerrogativas escandalosas e pouco vistas, apenas extensíveis àqueles
que, à custa do povo, vivem refastelados à sombra da demonocracia que tudo lhes
permite, inclusive roubar e descaradamente. Uma das situações mais escandalosas
diz respeito aos “Lesados do BES”, indivíduos de boa-fé que na sua candura
acabaram espoliados daquilo que lhes pertencia. Agora o governo, obrigado não
se sabe bem porquê a proteger os criminosos responsáveis, pretende devolver aos
lesados as suas economias, tardiamente e em tranches, à custa dos
contribuintes.
Será que “O Dono Disto Tudo”,
o omnipotente Dr. Ricardo do Espírito Santo Silva Salgado, caso seja ele o
responsável, não tem como devolver aos surripiados o que indevidamente lhes eclipsou?
Porque não foi preso? Não terá ele bens que uma vez arrestados possam
satisfazer todas as suas dívidas? Por que carga de água terá que ser o povo a
pagar, mais uma vez, o preço das desgraças que lhe imputam?
Venham os processos e
operações judiciais que vierem, uma coisa é certa: a culpa morre e continuará a
morrer virgem em Portugal, o que equivale a dizer que só o peixe-miúdo vai
preso! Perante tamanha corrupção, que não poupa nenhum sector da nossa sociedade,
temos hoje tantas ou mais razões para fazer uma revolução idêntica às havidas
em 5 de Outubro de 1910 e em 25 de Abril de 1974, porque tanto o roubo dos
milhões quanto a miséria dos tostões continuam e medram como nunca.
E se alcançarmos a
revolução que agora reclamamos e necessitamos, por quanto tempo a manteremos
justa, fraterna e imaculada? Perdurarão os seus ideais mais do que os das revoluções
anteriores? Porventura não serão os mesmos? Por que há em tudo isto uma estranha sensação de “dejá vu”? É possível que a antropologia explique em parte
porque nos confundimos nas teias do tempo, ao ponto de repetirmos os mesmos
erros. Mesmo assim, vale a pena lutar por uma revolução que comece dentro de cada
um de nós. Pode ser utopia, mas não se perde nada em tentar!
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