terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

CHERNOBYL É A SUA CASA E AINDA ESTÃO POR LÁ!

Passados quase 32 anos após o acidente nuclear de Chernobyl na Ucrânia, que serão feitos no próximo dia 26 de Abril, os descendentes dos cães dos antigos moradores continuam por lá, entre lobos, linces, lebres, alces, cavalos da Mongólia e ursos bielorussos, como marco vivo de uma tragédia que ainda hoje lhes encurta a esperança de vida (raros são os que ultrapassam os seis anos de idade).
Estes filhos dos cães que outrora quiseram entrar nos autocarros e que foram escorraçados a pontapé, que apesar de abandonados à sua sorte conseguiram escapar à matança que lhes foi movida, dão hoje as alegres boas-vindas aos visitantes que ali chegam.
Estes sobreviventes, que vivem também nas zonas de exclusão, atingem as três centenas numa área de 2.600 Km2, suportando os ásperos invernos ucranianos sem abrigos apropriados e carregando altos níveis de radiação na sua pele e manto. Diferente sorte têm aqueles que vivem perto dos postos de controlo, onde têm pequenas barracas feitas pelos guardas. Alguns são mais espertos e reúnem-se ao redor do café local, sabendo que a presença humana está associada à comida.
As matilhas funcionam como mascotes não-oficiais de Chernobyl, porque invariavelmente vão cumprimentar os visitantes que param no Café Desyatka à procura do “Borsch”, uma sopa normalmente preparada com beterraba, o que lhe dá uma forte coloração vermelha, e que leva ainda repolho, cenoura, pepino, batata, cebola, tomate, cogumelos, carne, vinagre ou limão e por vezes feijão, sendo o prato ainda servido com natas, batatas cozidas ou Kasha (papa de cereais).
A maioria dos visitantes que se deslocam a Chernobyl sente-se atraída pelos cães e muitos acabam por afagá-los. Apesar de não existir qualquer proibição em tocar-lhes, alguns visitantes temem ser contaminados por eles, medo que obriga os guias a evitá-los e a expulsá-los das zonas julgadas seguras, porquanto não estão dispostos a ouvir queixas.
Se estes cães brincam e recebem comida dos guardas e visitantes, a sua saúde está a cargo do Clean Futures Fund, uma organização norte-americana sem fins lucrativos que ajuda comunidades afectadas por acidentes industriais, que ali mantém três clínicas, procedendo ao tratamento, vacinação e castração dos animais, visando a saúde dos cães, dos trabalhadores e dos visitantes, gerindo em simultâneo a população canina e garantindo-lhe por mais tempo o sustento e os cuidados necessários.
Nas matas ao redor de Chernobyl vivem cães que sobreviveram à tragédia, animais que merecem a nossa admiração e respeito, porque de alguma forma encarnam a esperança para os homens que os rodeiam e encantam quem ouve falar deles.  

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