Com 80% do País debaixo de
seca severa e nalguns casos debaixo de seca extrema, decidimos ir ao encontro
da Primavera neste Sábado, porque o sol raiava por toda a parte e a luz branca
que aqui empresta, única no mundo, convidava-nos para o passeio. Dirigimo-nos
primeiro a um jardim, pleno de cães à solta e de patos barulhentos, onde
treinámos o “quieto” e o “aqui”, para depois evoluirmos para outras figuras.
Encontrámos ali um
conjunto de pequenas árvores cujos troncos formavam uma fisga (estilingue) mais
ou menos regular e aproveitámos o que a mãe natureza nos deu para convidar o
CPA Bor a saltá-lo.
Deste salto natural
saltámos para uma formação artificial que alguém chamou de escultura, que
serviu às mil maravilhas para a sociabilização dos cães entre si, tarefa que
não é fácil quando a CPA Haia tenta regrar o seu jovem companheiro de classe e
de raça.
Com o avançar das horas e
com aquele jardim a fervilhar de gente, fomos visitar um horto para melhorarmos
o controlo sobre os cães, visita que surpreendeu os seus proprietários e os
condutores dos animais.
Como não podia deixar de
ser, colocámos imediatamente o CPA Bor junto à mesa de atendimento do horto,
enquadrado com a proprietária que não se sentia particularmente à vontade,
quiçá temerosa pelo tamanho dos dentes do cão.
A CPA Haia é naturalmente
fotogénica, aparentando nas fotos ser mais do que é, apesar de ter tamanho e
peso de macho. Não fora um cão, juraríamos que é vaidosa e que sempre quer “ficar
bem” na fotografia.
Ainda temos um longo e
penoso caminho pela frente para conseguirmos sossegar o CPA Bor, mormente
quando sente movimento pelas costas. Atendendo a essa dificuldade e dando tempo
ao tempo, sempre o fotografamos encostado a algo.
Na foto seguinte podemos
vê-lo dentro de um grande vaso de barro. Se atentarmos para o pormenor da sua
língua, que parece indiciar ter andado quilómetros, percebemos claramente o
nível de stress que empresta escusadamente a alguns exercícios.
E a prova está no
desempenho da Haia, que convidada para o mesmo exercício, mesmo empoleirada,
não denota idêntico desgaste, quiçá por ser valente e curiosa.
É evidente que estamos cá
para contrariar instintos e potenciar impulsos, para equilibrar todo e qualquer
cão que nos seja confiado. Assim, colocámos o CPA Bor sem protecção à
retaguarda, muito embora o fizéssemos dentro duma estufa e sem ninguém por
perto (havemos de chegar lá, assim queira o Paulo).
Como é nosso hábito,
visando a sociabilização e a melhor aceitação dos nossos cães, no final da
visita àquele horto convidámos os seus proprietários para uma foto com os eles,
debaixo da promessa que lhes enviaríamos as fotos ali tiradas por email.
Ao terminar os trabalhos
deparámo-nos com dois mendigos acompanhados cada um pelo seu cão, “moda” trazida
pelos ciganos romenos que para aqui debandaram, cuja maioria reclama para si um
estatuto de artista e que é avessa a outro tipo de trabalho, mesmo que passe o
dia na cama e maltrate invariavelmente a música, enquanto as mulheres se “fazem
à vida”, dando caça às carteiras de turistas incautos. Os homens da foto são um
português (o da concertina) e um jovem estrangeiro, a quem invariavelmente se
dá esmola para não tocar o seu saxofone.
Participaram nos trabalhos
os binómios Nuno Falé/Haia e Paulo/Bor. O João Graça ficou entregue a afazeres
domésticos. O Manuel Delgado esqueceu-se do cão em casa e o adestrador mostrou
alguma relutância em levantar outros da cama. Para a semana teremos outra
excursão e estenderemos o seu relato aos nossos leitores. Até lá, bom
fim-de-semana!
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