quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

QUEM DISSE QUE OS HOMENS NÃO HIBERNAM?

Não são só os ursos que hibernam, os homens também e os proprietários caninos não escapam à regra. Segundo um estudo solicitado por um veterinário duma empresa de nutrição animal britânica, Tails.com, 1/6 dos proprietários caninos britânicos reza para que a chuva venha e sirva de pretexto para não saírem à rua com os seus cães, 56% deles confessaram que os seus cães fazem menos exercício quando os termómetros baixam, 36% adiaram as saídas à rua com os seus companheiros por se sentirem muito cansados e 20% disse não ter encontrado tempo para sair com o seu cão ao exterior, o que dá um total de 92.6% (como cantava a finada e célebre actriz Ivone Silva: Isto é que vai uma crise!).
Como resultado disso donos e cães acabam por engordar, o que não deixa de ser um contra-senso quando 58% dos proprietários caninos reconhece que os passeios binomiais combatem a mútua obesidade, 39% não duvida que o exercício regular é o factor mais importante para o bem-estar dos cães e da totalidade acreditar que sair com o cão à rua reforça os vínculos afectivos entre ambos. Diante destes números, logo apareceu um “iluminado” personal trainer e nutricionista que iniciou o Doggy Bootcamp, um conjunto de exercícios para donos e cães durante o Inverno. O dito treinador de parvo não tem nada, ainda mais quando parece que a ideia veio dos Estados Unidos.
Passa-se o mesmo em Portugal? Sem dúvida! Apesar do clima ser menos austero, também aqui os proprietários caninos “hibernam”, bastando para isso aquilatar da sua ausência em parques e jardins durante o Inverno. Nas Estações do Ano mais quentes é quase impossível não se tropeçar num ou mais cães e nas mais frias parecem ter migrado porque raramente se avista um. Passa-se exactamente o mesmo nas escolas ou centros caninos, que se encontram repletos de alunos na Primavera e Outono e muito pouco concorridos no Inverno e no Verão. O fenómeno para além de estar ligado ao comodismo dos donos, parece ainda advir da seguinte forma de pensar: “Eu arranjei um cão para me dar prazer e não para me dar chatices!”.
Mais do que um fenómeno britânico ou português, ele é global e está directamente ligado ao ócio que não gosta de remar contra a maré, mesmo que essa resistência traga saúde e vida para todos. Contudo, não deixa de ser estranho gostarmos e persistirmos naquilo que nos condena. Enquanto pudermos, continuaremos a desafiar os nossos binómios para o trabalho ao ar livre em qualquer das Estações do Ano, tanto de dia como de noite, hábito que sempre nos caracterizou e que tem dado excelentes frutos, visíveis na pronta disponibilidade dos homens e no superior preparo dos cães.

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