Não são só os ursos que
hibernam, os homens também e os proprietários caninos não escapam à regra.
Segundo um estudo solicitado por um veterinário duma empresa de nutrição animal
britânica, Tails.com, 1/6 dos
proprietários caninos britânicos reza para que a chuva venha e sirva de
pretexto para não saírem à rua com os seus cães, 56% deles
confessaram que os seus cães fazem menos exercício quando os termómetros baixam,
36% adiaram as saídas à rua com os seus companheiros por se sentirem muito
cansados e 20%
disse não ter encontrado tempo para sair com o seu cão ao exterior, o que dá um
total de 92.6% (como cantava a finada e célebre actriz Ivone Silva: Isto é
que vai uma crise!).
Como resultado disso donos
e cães acabam por engordar, o que não deixa de ser um contra-senso quando 58% dos proprietários caninos reconhece que os passeios binomiais
combatem a mútua obesidade, 39% não duvida que o exercício regular é o factor
mais importante para o bem-estar dos cães e da totalidade acreditar que sair
com o cão à rua reforça os vínculos afectivos entre ambos. Diante destes
números, logo apareceu um “iluminado” personal trainer e nutricionista que
iniciou o Doggy Bootcamp, um conjunto de exercícios para donos e cães
durante o Inverno. O dito treinador de parvo não tem nada, ainda mais quando
parece que a ideia veio dos Estados Unidos.
Passa-se o mesmo em Portugal?
Sem dúvida! Apesar do clima ser menos austero, também aqui os proprietários
caninos “hibernam”, bastando para isso aquilatar da sua ausência em parques e jardins
durante o Inverno. Nas Estações do Ano mais quentes é quase impossível não se
tropeçar num ou mais cães e nas mais frias parecem ter migrado porque raramente
se avista um. Passa-se exactamente o mesmo nas escolas ou centros caninos, que
se encontram repletos de alunos na Primavera e Outono e muito pouco concorridos
no Inverno e no Verão. O fenómeno para além de estar ligado ao comodismo dos
donos, parece ainda advir da seguinte forma de pensar: “Eu arranjei um cão para
me dar prazer e não para me dar chatices!”.
Mais do que um fenómeno
britânico ou português, ele é global e está directamente ligado ao ócio que não
gosta de remar contra a maré, mesmo que essa resistência traga saúde e vida
para todos. Contudo, não deixa de ser estranho gostarmos e persistirmos naquilo
que nos condena. Enquanto pudermos, continuaremos a desafiar os nossos binómios
para o trabalho ao ar livre em qualquer das Estações do Ano, tanto de dia como
de noite, hábito que sempre nos caracterizou e que tem dado excelentes frutos,
visíveis na pronta disponibilidade dos homens e no superior preparo dos cães.
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