quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

DA EUGENIA À CLONAGEM

Os cães, particularmente a partir do Séc. XIX, têm sido as cobaias perfeitas para testar aquilo que os homens desejam e esperam alcançar, resultando as distintas raças caninas e a sua selecção de princípios eugénicos que tendem a ser abandonados pela gravidade dos problemas causados pela consanguinidade e endogamia, que normalmente afligem a sua maioria, na procura incessante de se alcançarem exemplares iguais. 
Os cruzamentos seleccionados que ainda hoje se empreendem e que são chamados de “beneficiamentos” (o termo utilizado não deixa de se curioso), baseiam-se na “eugenia positiva” que Francis Galton defendia através de casamentos selectivos (selecção artificial) e que teve como má consequência o programa nazi “Lebensborn” e o extermínio dos judeus (Holocausto).
Dará a clonagem resposta à eugenia? Terão ambas o mesmo objecto? A clonagem ficar-se-á pelos animais? Que benefícios trará a clonagem para a canicultura? Não parece suscitar dúvidas a ninguém que a eugenia subsidiou a clonagem e que esta lhe dará seguimento, porque têm sensivelmente o mesmo objecto e a última tende a eliminar os erros ou entraves da primeira. 
Não creio que a clonagem venha a ser só aplicada aos animais, porque o homem ainda não desistiu de procurar a imortalidade e a clonagem humana pode já ter acontecido, o que não me amedronta, poderá até ser algo maravilhoso, o que temo é o seu uso arbitrário e abusivo, porque a natureza humana permanece a mesma e inalterável quanto às suas tendências.
Se o gosto pela uniformidade prevalecer na canicultura selectiva, não duvido que será a clonagem quem melhor servirá os seus intentos. Para além dos aspectos ligados à continuidade das raças caninas existentes, há que considerar a forte relação afectiva entre pessoas e cães e o desejo de alguns em ter o mesmo cão por mais tempo. 
Apesar do seu alto custo, a clonagem de cães acontece amiúde e a sua procura não cessa. Recentemente tivemos notícia doutra personagem famosa, a cantora e actriz Barbara Streisand, que alcançou dois clones a partir da sua falecida cadela (Samantha) antes desta ter falecido aos 14 anos de idade. Serão exactamente iguais?
Não me importo de haver e de ver cães clonados, mas fico sinceramente preocupado se amanhã se lembrarem de clonar ou ressuscitar homens malvados, porque ao longo da história já tivemos a nossa quota-parte. Anda por aí gente boa a dizer que o fim do mundo está para chegar e que a usurpação do lugar de Deus pelo homem é um dos seus sinais mais evidentes, estará enganada? Os evolucionistas ficarão por cá para contar o que aconteceu e os criacionistas serão finalmente desacreditados ou acontecerá o inverso? Só o futuro o poderá dizer. Até lá, uns agarram-se à fé e outros nem querem ouvir falar nisso.  

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