segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

MARLEY, O BORREGO QUE QUER SER CÃO

Com os espectáculos de circo cada vez mais pobres em animais, o que se saúda, aumenta drasticamente o número de espécies que se tornam mascotes, o que se lamenta. De um momento para o outro e por toda a parte, tal qual praga de gafanhotos, os amestradores multiplicaram-se quase miraculosamente, estendendo a sua arte a animais até agora criados para outros propósitos como se fossem cães, não sendo de estranhar ver ovelhas, bodes, porcos e até bezerros em provas de agility.
Contudo, não é esse o histórico do Marley, um borrego dos Alpes suíços, a viver na bela aldeia de Rickerby, Carlisle, Cumbria (Norte de Inglaterra), agora com seis meses de idade, que prefere ser cão a malato. Este ovino ficou órfão e veio a ser criado a biberão pela Família Vaughan que desde então o adoptou.
Como ainda foi atribulado por uma doença comum nos jovens carneiros, que normalmente causa inchaço e infecção seus membros, levando-os a claudicar, o bom do Marley acabou por ser socorrido dentro de casa, ao invés de ficar na rua onde tinha montes de erva para comer.
Com o decorrer do tempo estabeleceu uma profunda amizade com o cão da casa, um Labrador chamado Jess, dividindo com ele as suas dietas, imitando-o em tudo e acompanhando-o por toda a parte, sendo borrego apenas no exterior e sem vontade nenhuma de sê-lo.
Agora o Marley, que se vê mais cão que borrego, detesta estar na rua, foge do frio e não quer pastar, fugindo do campo para casa mal apanha uma porta aberta ou alguém distraído. A existência deste despropósito levou os seus donos à compra de uma ovelha de raça Brown Ryeland, a quem deram o nome de Bear, para que esta ensine o Marley a comportar-se como um jovem carneiro. A tarefa não irá ser fácil, porque o animal não vai querer ser despromovido a borrego e ver-se despojado dos hábitos e direitos adquiridos anteriormente.
O acontecido com este cordeiro repete-se vezes sem conta entre os cães pequenos que treinam entre cães maiores, que julgando-se iguais aos seus companheiros de classe, enfrentam adversários e desafios que naturalmente não aceitariam. É evidente que o Marley breve assumirá a sua condição de carneiro, porque precisa de forragem para subsistir, está a atingir a sua maturidade sexual e vive na companhia de uma ovelha, preferindo depois andar à solta e não à trela.
Se há aforismos que são válidos para o mundo animal, aquele que diz: “diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és”, ficou aqui mais uma vez comprovado. Mais, a história do Marley parece ainda dar razão a quem disse uma vez: “pai não é quem o faz, mas sim quem o cria”. 

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