Com os espectáculos de
circo cada vez mais pobres em animais, o que se saúda, aumenta drasticamente o
número de espécies que se tornam mascotes, o que se lamenta. De um momento para
o outro e por toda a parte, tal qual praga de gafanhotos, os amestradores
multiplicaram-se quase miraculosamente, estendendo a sua arte a animais até
agora criados para outros propósitos como se fossem cães, não sendo de
estranhar ver ovelhas, bodes, porcos e até bezerros em provas de agility.
Contudo, não é esse o
histórico do Marley, um borrego dos Alpes suíços, a viver na bela aldeia de Rickerby,
Carlisle,
Cumbria
(Norte de Inglaterra), agora com seis meses de idade, que prefere ser
cão a malato. Este ovino ficou órfão e veio a ser criado a biberão pela Família
Vaughan que desde então o adoptou.
Como ainda foi atribulado
por uma doença comum nos jovens carneiros, que normalmente causa inchaço e
infecção seus membros, levando-os a claudicar, o bom do Marley acabou por ser
socorrido dentro de casa, ao invés de ficar na rua onde tinha montes de erva
para comer.
Com o decorrer do tempo estabeleceu
uma profunda amizade com o cão da casa, um Labrador chamado Jess, dividindo com
ele as suas dietas, imitando-o em tudo e acompanhando-o por toda a parte, sendo
borrego apenas no exterior e sem vontade nenhuma de sê-lo.
Agora o Marley,
que se vê mais cão que borrego, detesta estar na rua, foge do frio e não quer
pastar, fugindo do campo para casa mal apanha uma porta aberta ou alguém
distraído. A existência deste despropósito levou os seus donos à compra de uma
ovelha de raça Brown Ryeland, a quem deram o nome de Bear, para que esta
ensine o Marley a comportar-se como um jovem carneiro. A tarefa não irá
ser fácil, porque o animal não vai querer ser despromovido a borrego e ver-se despojado
dos hábitos e direitos adquiridos anteriormente.
O acontecido com este
cordeiro repete-se vezes sem conta entre os cães pequenos que treinam entre
cães maiores, que julgando-se iguais aos seus companheiros de classe, enfrentam
adversários e desafios que naturalmente não aceitariam. É evidente que o Marley
breve assumirá a sua condição de carneiro, porque precisa de forragem para
subsistir, está a atingir a sua maturidade sexual e vive na companhia de uma ovelha,
preferindo depois andar à solta e não à trela.
Se há aforismos que são
válidos para o mundo animal, aquele que diz: “diz-me com quem andas e dir-te-ei
quem és”, ficou aqui mais uma vez comprovado. Mais, a história do Marley parece
ainda dar razão a quem disse uma vez: “pai não é quem o faz, mas sim quem o cria”.
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