Os clérigos e governantes
muçulmanos têm diferentes políticas para os seus crentes e súbditos, consoante
estes se encontrem em minoria ou maioria nas sociedades onde se encontram
inseridos. Quando é conveniente ou quando os seguidores do Profeta estão em
minoria, aplica-se o conceito islâmico de coexistência (os mais simples tendem
a entender a estratégia como islamismo moderado), quando se encontram em
maioria, a sua tolerância em relação aos outros é nula ou quase nula e
atentatória da liberdade dos demais, política em tudo idêntica à seguida pela
Coroa Inglesa no Séc.XIX, que para Ocidente, onde se encontravam as colónias
espanholas, era a favor de toda e qualquer independência, e que para o Oriente,
onde tinha a sua jóia da Coroa, a Índia, nem sequer queria ouvir falar de
qualquer tipo de autonomia territorial, facto comprovado pela vida e obra de Mohandas
Karamchand Gandhi, mais conhecido como Mahatma Gandhi (1869-1948).
Ora, como todos nós
sabemos, este ano é o “Ano do Cão da Terra” no calendário
chinês, na Malásia chineses não faltam e são muito importantes para a economia
deste país simultaneamente continental, insular e multi-étnico, cuja maioria
populacional professa o islamismo.
Antecipando-se à possível violência sobre os
habitantes chineses, motivada por terem calendários em casa com um animal
considerado impuro pelos muçulmanos e de celebrarem a entrada do Ano Novo com
imagens de cães, o que nada abonaria em termos de unidade nacional, Tan Sri
Othman Mustapha, Director-Geral de Jakim (na foto introdutória deste texto),
fez saber, com carácter de Fatwa, que de acordo com o conceito
islâmico de coexistência (fiqh taa'yush), todos deverão
respeitar a comunidade chinesa ao usar símbolos de animais para as celebrações
do Ano Novo (para o ano que vem vai ser o “Ano do Porco” para os chineses, será que
tudo vai correr na maior das harmonias?).
Só quem já viveu em países
muçulmanos sabe quão intolerantes são as suas leis e os seus habitantes para os
demais que professam outros credos e religiões. Para não irmos mais longe, basta
relembrar o que tem vindo a acontecer aos cristãos do Iraque e aos Coptas
do Egipto. É evidente que para tudo há remédio, só para a morte é que não,
cite-se o exemplo do Bahrein, onde os ocidentais circulam mais à vontade e os príncipes
locais aparentam ser crentes menos observantes, o que nos leva a supor que o radicalismo
é maioritariamente apoiado pela ignorância quando amarrada à suspeição, à pobreza e à
inveja (tanto lá como cá).
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