Quem o acompanhou desde os
3 meses de idade, altura em que o PAULO
MOTRENA o comprou, sabe que o CPA
BOHR
não ficava a dever nada à valentia, muito pelo contrário e que se apresentava
demasiado leve para a altura que tinha. Naturalmente assustadiço, receava quase
tudo e todos, escondendo-se debaixo das mesas dos cafés ou no meio das pernas
do dono. Descendente de um cão de linha de trabalho e de um cadela de linha
estética, vá-se lá saber por que razão, o Bohr mede agora 67cm de altura e pesa
apenas 34kg, ao invés dos desejáveis 37,2kg. Como desde cedo apresentou uma propensão
atlética notável, somada a uns aprumos irrepreensíveis, optámos por dar tempo
ao tempo e apostámos na ginástica cinotécnica para a sua recuperação, sabendo
que a variedade Lobeira tarda em atingir a maturidade emocional, quando
comparada com a preta-afogueada (capa preta no Brasil).
Pouco a pouco, com as
orelhas do Paulo a arderem o tempo todo, porque aprecia a dolce vita e professa o nacional
porreirismo, opções que normalmente obstam a que dê ao Bohr o
acompanhamento que o CPA necessita, o lobeiro tem vindo pesarosamente a
despertar, primeiro pela vitórias alcançadas na ginástica e depois pelas
induções defensivas e ofensivas de que tem sido alvo, que somadas à constante
mudança de ecossistemas e a um sem número de aulas nocturnas, é hoje bem diferente
do que foi. E de tal maneira o é, que hoje acabou para despertar para os ataques
lançados à manga. Na foto abaixo podemos vê-lo num ataque suspenso tendo a
Svetlana como figurante. Tudo leva a crer que, com mais algumas semanas de
treino, venha a ser um “ÀS” nesta matéria.
Tradicionalmente não há
nenhum aluno da Acendura que não venha a ser “baptizado”, independentemente da
sua idade e género, cerimónia iniciática que automaticamente recebe os
recém-chegados e que opera a sua aceitação nas nossas fileiras. O “baptismo”
consiste em vestir o papel de cobaia, em calçar a manga ou vestir o fato de
ataque perante o ataque de um cão. Hoje as nossas meninas, que a princípio se
mostraram receosas, foram baptizadas e mostraram-se à altura dos
acontecimentos, surpreendendo-nos até. A Carla, senhora que dificilmente
ultrapassa as 3 arrobas de peso, mostrou destemor, dinâmica e valentia, uma
energia que raramente lhe vimos, sendo de suma importância para o melhor
desempenho do Bohr (acabou vivamente felicitada pelo sua valiosa prestação).
Faltava “baptizar” a
Svetlana, que à partida não parecia muito encorajada, mas que se sentiu mais
confiante depois de ver a actuação da Carla, vindo posteriormente a rendê-la. Como a moldava mostrou idêntica decisão no seu desempenho e é mais alta do que a sua
companheira de classe, foi convidada para distintas manobras que possibilitaram
ao cão ataques frontais superiores, sendo algumas suficientemente arrojadas. Na
foto seguinte podemos ver um ataque frontal superior em suspensão (Carla, para
a próxima usa o zoom).
Nesta manhã endiabrada de
feriado santo, para além da estreia do Bohr nos ataques lançados e da meritória
prestação das donzelas, ainda induzimos todos os cães presentes à vigilância e
captura, e convidámo-los ainda para saltos verticais consecutivos. Estiveram
presentes os seguintes binómios: Carla/Capo; Carla/Prada; Paulo/Bohr e
Svetlana/Zeus. O João Mendonça colaborou como figurante e o João Leitão, como é
seu hábito, pagou os cafés e as cervejas.
Para a história fica uma
manhã bem passada onde a valentia se fez presente e a vida ganhou outro
sentido, conforme se pode ver na foto seguinte pela decisão do Bohr e disposição
da Svetlana. O tempo ajudou-nos e a chuva não apareceu, o que nos possibilitou uma
agradável aula ao ar livre.
Sábado voltaremos para
alcançar outras metas e desafios, apostados na fraternidade que tanto auxilia a
cumplicidade que procuramos manter com os nossos cães. Os nossos agradecimentos
vão para quem connosco trabalhou e que continua a cerrar fileiras ao nosso
lado.
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