Ontem, aproveitando uma
tarde outonal solarenga, deslocámo-nos com binómio Svetlana/Zeus a uma praia
fluvial com o objectivo de ensinar aquele Doberman a nadar correctamente, o que
veio a acontecer como atesta a foto acima. No caminho para a praia convidámos o
cão para percorrer um passadiço metálico com piso de madeira, pois importava
que se acostumasse a passagens com essas características, seja lá onde for,
porque onde o dono vai, o cão deve segui-lo.
Para evitar o choque
térmico da condutora e do cão, a primeira disse que a temperatura da água
estava óptima, começámos por pedir ao binómio que se deslocasse a passo e em
corrida nas margens do rio, também para que o animal menos estranhasse a
novidade ambiental pela companhia e cumplicidade da sua dona e condutora, já
que importava salvaguardá-lo de qualquer trauma.
Com curtas sessões de
natação e ajudado pela baixa ondulação, o Zeus aprendeu a nadar confiante,
saindo e entrando naturalmente do rio, com os olhos postos na sua líder que tão
bem o ajudou, não evidenciando nenhum deles qualquer sinal de frio.
No final da sessão de
natação, como reforço e recapitulação do que havíamos feito anteriormente,
convidámos uma vez mais aquele binómio para passar sobre o passadiço que atrás
descrevemos, excelentemente enquadrado na paisagem adjacente, a quem emprestou
um ar de aventura.
Ao chegar à outra margem,
o Zeus foi abalroado por um boxer branco que se encontrava solto, um animal
surdo e agressivo, propriedade de um espanhol franzino. Alertada para a
possibilidade do ataque daquele cão, a Svetlana interpôs-se imediatamente entre
os cães, protegendo o seu e conseguindo cessar a arremetida do alheio, como era sua obrigação.
Num dos momentos finais de
supercompensação tirámos algumas fotos onde a alegria e a cumplicidade binomial
transpareceram, num enquadramento romântico que relembra milenares mitos e
personagens ligados às florestas europeias.
O Outono no Hemisfério
Norte, particularmente no campo, tem tanto de melancólico como de belo,
acrescentando à paisagem mil e uma cores e efeitos surpreendentes, como se
anunciasse o outrora gélido e cinzento Inverno, que normalmente leva consigo os
mais frágeis e idosos, não a Svetlana, que transpira vida e alegria.
Na despedida tirámos uma
foto junto a um grafite carmesim, agressor, bruto e sem sentido, pespegado na
parede alva de uma instalação sanitária para viandantes, marca de um abuso vulgar
e constante que não poupa as cidades. Hoje, se o tempo permitir, retomaremos as
aulas de natação do Zeus, contando com a preciosa ajuda do Paulo e do CPA Bohr,
já que o Pastor Alemão sente-se como peixe dentro de água.
E assim se passou a tarde
desta última Sexta-feira, onde nas margens de um rio caudaloso, optámos por
ensinar um cão a nadar correctamente, pensando em primeiro lugar na sua
salvaguarda e só depois no seu uso. Missão cumprida!
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