É noticiado nos jornais
franceses on-line de hoje, que têm uma secção dedicada a animais, como é o caso
do LA PROVENCE e
do 20 MINUTES, que
nos ALPES-DE-HAUTE-PROVENCE,
num lugar chamado “COLLE
DES MÉES”, um LOBO
ATACOU CERCA DE 50 OVELHAS, matando 6, ferindo 3 e devorando
parcialmente 40 cordeiros, pertencentes a um rebanho de 700 animais,
propriedade de um tal JULIEN
POLO-RIVA, homem de 32 anos e há 4 ovinicultor.
As ovelhas encontravam-se
num parque fotovoltaico cercado e os ataques aconteceram pela primeira vez na
noite da passada Sexta-feira e no Sábado, apesar do ovinicultor ter um cão guardador
de rebanhos (patou) junto das ovelhas na primeira noite e dois na segunda. Não
há notícia que algum dois cães ficasse ferido, o que muito se estranha, como se
estranha o número de animais despedaçados na sua presença.
Teria uma alcateia de
lobos operado tal carnificina, agora que o seu número cresce por toda a Europa e
o descontentamento dos ovinicultores franceses, austríacos e alemães faz-se
sentir? É possível que sim, mas as evidências parecem dizer o contrário e
apontar para cães híbridos de lobo, afinal tão comuns em território italiano,
logo ali ao lado. E dizemos isto porquê? Porque houve brincadeira a mais para
tão pouco carregamento, demasiado à vontade para tamanha afronta, o que não é
típico dos lobos, que matam, carregam e desaparecem com as suas presas, não permanecendo no local do crime, ainda que possam lá voltar movidos pela fome.
Para um abate tão grande,
a ser uma recém-formada alcateia de lobos, o que tudo indica atendendo à
novidade do território, os animais teriam que ser muitos e ter nascido em
Março, porque os novos elementos só participam nas caçadas por volta dos 8
meses de idade. Os 40 cordeiros despedaçados, número exagerado abates para uma
alcateia comum, demonstraram que os predadores ao invés de participaram de uma estratégia
comum, antes competiram entre si, acção imprópria que atenta contra o viver
social lupino, assente numa ferrenha hierarquia.
Caso o disparate tenha
sido da responsabilidade de cães-lobos, que é uma hipótese a não descartar,
compreende-se tanto a inacção como a salvaguarda da integridade física dos cães
patou. Os prejuízos perpetrados por cães-lobo dificilmente serão objecto de
indeminização, contrariamente ao que sucede com os decorrentes do lobo, animal
que tradicionalmente “tem as costas largas”. Para haver certezas há que vigiar
e colocar no terreno câmeras de videovigilância durante a noite. Por enquanto
tudo não passa de um mistério e é gratuito atribuir a responsabilidade aos
lobos.
Apesar dos ditos WOLFHOUNDS
estarem na moda e de haver nos ESTADOS
UNIDOS para cima de 25.000 e
na Alemanha mais de um milhar, tendência generalizada que leva à adopção de
animais exóticos como se fossem de companhia, que obviamente inclui os híbridos
de lobo, convém dizer que estes animais não são animais de estimação apenas com
uma dose extra de vida selvagem e que quem os tem anda louco para se livrar
deles. JEFF WAGNER da
MISSION WOLF, santuário remoto de lobos e cães-lobo
perto de WESTCLIFFE, no
Colorado/USA, que alberga cerca de 40 animais, estima que 8 em 10 wolfhounds
destinados à caça são abatidos no seu primeiro ano de vida.
Como os cães-lobo são
difíceis de manter, convém que cada um se dê bem com eles e saiba o suficiente
sobre, cães, lobos e domesticação. O particular destes híbridos, que pertencem
simultaneamente a dois mundos e ao mesmo tempo a nenhum, pode inviabilizar o
seu retorno à vida selvagem e dificultar a sua adaptação aos lares humanos. Por
outro lado e a somar a isto, os híbridos do mesmo sexo tendem a comportar-se
agressivamente, “não tendo também a disposição incondicional que leva à
cooperação com os humanos”, parecer de MICHAEL
EICHHORN (na foto seguinte), conceituado adestrador alemão, nascido
em 1961, que trabalhou durante muito tempo com cães problemáticos e na ESTAÇÃO TRUMLER,
participando em vários cursos de adestramento no COAPE,
em Inglaterra e acabando por fundar a ESCOLA
CANINA PFALZ em 1994.
Ainda que as variedades de
lobo existentes no mundo sejam diversas em muitos aspectos e os indivíduos da
mesma espécie difiram também entre si, os cães-lobos não são e não podem ser
indicados para toda a gente, porque exigem a dedicação e o conhecimento capazes
de suavizar a sua inadaptação. Eu já criei wolfhounds e sei o quanto exigem e os cuidados a que obrigam.
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