Se você é um pai ou uma
mãe responsável que tem filhos pequenos e um cão em casa, o que a seguir
fazemos saber interessa-lhe, isto se ainda souber diferenciar um filho de um
animal, o que hoje não é tão certo na cabeça de muitos em idêntica situação. O
que vamos adiantar é um conjunto de regras que visa evitar os conflitos entre as
crianças e os cães, salvaguardando em simultâneo a integridade física de ambos
e o seu bem-estar, já que em certas partes do mundo as agressões domésticas
caninas encontram-se em pé de igualdade com episódios de violência doméstica e
importa reverter as duas situações, muito embora as soluções aqui apontadas se restrinjam
apenas à problemática dos cães. Convém dizer que as escaramuças havidas entre
crianças e cães são agravadas pela prática corrente de se adoptarem cães antes
do nascimento das crianças, o que poderá levar os nossos amigos de 4 patas a
considerar o lugar onde se alojam há mais tempo como seu, podendo entender como
intrusão ou uma ameaça a presença das crianças.
REGRA
Nº 1
_ Crianças e cães são espécies diferentes, têm direitos, deveres,
entendimentos, propósitos e expectativas diversos, pelo que devem ser entendidos
e respeitados de acordo com o particular da sua espécie e não à luz de outra.
REGRA
Nº 2
_ Nunca deixe-se o seu filho e o seu cão sozinhos numa sala ou longe da sua
vista, porque a criança não consegue interpretar correctamente as acções e a
mímica que denunciam o comportamento do animal e o seu possível incómodo,
colocando-se assim em risco. Adianta-se que a maioria das crianças mortas por
cães aconteceu debaixo desta situação. Quanto tiver que sair de casa e não puder
levar a criança, feche o cão à chave e guarde-a ou então ponha um açaime no
animal e certifique-se que nenhum deles o tira.
REGRA
Nº 3
_ As tijelas da água e da comida do cão deverão estar fora do alcance das
crianças e estas deverão ser ensinadas a não se aproximarem delas mais tarde,
para que o cão, ao guardar o que lhe pertence, não venha a atacá-las, o que
infelizmente é bastante frequente nos cães que não foram objecto de qualquer
tipo de treino digno desse nome. O cão deve comer descansado e não ser
incomodado e quando come não deverá ser alvo de carícias
REGRA
Nº 4
_ O cão deverá dormir na sua própria cama/cesta e não na dos donos, não só por
razões ligadas à higiene e aos ácaros, mas para que não suba inadvertidamente
na hierarquia doméstica e ache por bem reivindicar um lugar que não lhe
pertence, ao ponto de rebelar-se e de lutar por ele.
REGRA
Nº 5
_ A cama do cão é o seu refúgio e castelo, o lugar onde retempera as suas
forças, descansa, que considera seu e que não gosta de dividir. Assim, as
crianças devem ser afastadas dela para não serem escorraçadas por meios mais ou
menos violentos e de consequências de certo modo previsíveis. Nenhum cão gosta
de ser acordado abruptamente e surpreso pode reagir negativamente. Para maior
segurança, você deve chamá-lo calmamente para si e só depois se aproximar da
cama, procedimento que mais tarde deverá ser também ensinado e enfatizado às
crianças.
REGRA
Nº 6
_ A entrada no quarto das crianças deverá ser interditada aos cães como forma
de realçar a sua importância e respeito no grupo humano, também para evitar que
o cão roube brinquedos e outros pertences dos infantes e venha depois a lutar
pela sua posse, podendo também assentar arraiais onde não deve ou a induzir as
crianças a tirar-lhe os brinquedos da boca, o que pode ser deveras perigoso.
Por todas estas razões, devem os brinquedos, depois de usados, ser devidamente
arrumados e arredados dos cães. É sabido que os donos desregrados e pouco asseados
tendem a ter cães iguais e a colocar em risco as crianças que os visitam.
REGRA
Nº 7
_ Os brinquedos destinados aos cães não são deles mas dos donos, meios pelos
quais é procurado o fim útil dos animais e o reforço da indispensável cumplicidade
entre homens e cães. Sem que a maioria dos donos se aperceba, a maior parte dos
brinquedos destinada aos cães é de índole defensiva/ofensiva e serve para potenciar
mordeduras e induzir ao enterrar dos dentes (nós de corda, churros, etc.).
Independentemente da sua natureza, os brinquedos deverão ser recolhidos e
arrumados para além do alcance dos cães e das crianças, para que a sua possível
disputa não se reverta num desastre.
REGRA
Nº 8
_ Não consinta que o seu cão se empine sobre os seus filhos, acção que os cães
usam para mostrar e ratificar a sua dominância sobre os demais, podendo a
partir daí e por várias razões atacar as suas cabeças. O que é válido para os
seus filhos é válido para si. Convém relembrar em matéria de segurança que as
acções caninas mais audazes só deverão acontecer debaixo de ordem expressa e
não acidentalmente.
REGRA
Nº 9
_ Impeça ou ensine as suas crianças, tanto na presença do seu cão em casa como
dos cães alheios na rua, a evitarem correrias e gritarias na sua frente, não vá
algum estar solto ou soltar-se e achar por bem “perseguir a presa”, acabando
por abocanhá-la.
REGRA
Nº 10 _ As crianças com idade inferior aos 6 anos de idade
tendem a provocar dor e a agredir os cães, tentando rebocá-los indiscriminadamente
pela cabeça, bochechas, orelhas e patas (algumas até lhes mordem). Considerando
a pouca responsabilidade que têm, há que impedir que o façam e que gradualmente
deixem de o fazer pelo aviso e pela advertência, porque doutro modo poderão
acabar mordidas. Depois dessa idade, muitas vezes por cópia dos adultos, as crianças
passam da agressão à ameaça, provocação só por si suficiente para despoletar um
ataque canino, já que os cães resistem à sua despromoção social e à aceitação
de novas lideranças. É obrigatório proteger as crianças e ensinar-lhes o comportamento
adequado perante os cães.
REGRA
Nº 11 _ Os contactos entre o seu cão, os seus filhos e
outras crianças deverão iniciar-se por sua iniciativa e não por iniciativa do
cão ou dos infantes, uma vez que o animal sempre deverá confiar no dono,
confiança que o acalmará, levá-lo-á a aceitar as crianças que o cercam e
evitará que alguém se aleije ou reaja negativamente, uma vez que apresentações
abruptas e não ordenadas provocam nos cães reacções imprevistas (os cães são
animais altamente reactivos).
REGRA
Nº 12 _ As crianças e os adultos também, deverão sempre
pedir autorização antes de fazerem festas a um cão, ainda mais se ele não for
do seu agregado familiar, ainda que seja conhecido. Só depois da permissão do
seu proprietário é que tal deverá ser possível, caso o animal não estranhe e
esteja para aí virado. Pretende-se com isto proteger a integridade dos muitos apaixonados
por cães e poupar os cães à injecção letal, que doutro modo poderão atacar os
desconhecidos quando escudados na presença dos seus donos.
REGRA
Nº 13 _ Quando acariciar um cão, depois de obter autorização
como foi dito atrás, faça-o na certeza de agradar ao animal. A maioria das
pessoas tende a acariciar o alto da cabeça dos cães, gesto que alguns animais desaprovam
e que podem interpretar como abusivo, gerando-lhes uma violenta reacção. A
atitude mais correcta é perguntar ao dono onde o cão mais gosta de ser
acariciado, o que normalmente acontece no pescoço. Há quem diga que esses
carinhos deverão ser feitos de um lado ou de outro do dorso, o que julgamos
extremamente perigoso diante de cães desconfiados e gente pouco confiante.
Muitas carícias podem produzir o efeito contrário, porque o seu excesso, ao
invés de ser aceite como um sinal de afecto ou de recompensa, poderá ser
compreendido como um castigo ou algo negativo, o que certamente ninguém deseja.
Isto é válido para miúdos e graúdos.
REGRA
Nº 14 _ Não espere que os seus filhos ganhem automaticamente
autoridade sobre o seu cão ou sejam por ele respeitados, porque o animal tende
a submeter-se somente a si, entendendo-os normalmente como crias, pormenor que
não lhe alivia nem o cuidado nem a responsabilidade e que pode causar dolo às
crianças.
REGRA Nº 15 _
A coabitação harmoniosa entre cães e filhos, que é tão benéfica para as
crianças conforme tem vindo a ser comprovado, obriga-o a ser duplamente atento
e cuidadoso para segurança de todos. Como as regras não foram aqui todas discriminadas, aconselhamo-lo a maiores precauções e a exagerar os riscos para
encontrar as restantes - a tanto manda a prevenção, pois debaixo desta política
elaborámos as mais correntes.
PS: Sabemos que existem
cães excepcionais que dispensam estes cuidados, mas que não deixam de ser
raros. Não considerámos no presente artigo os cães devidamente treinados, que
por norma não incorrem neste tipo de problemas, mas que podem despoletá-los
acidentalmente pelo despropósito das crianças, seres queridos e amados que
carecem de ser nisto ensinados para sua protecção.
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