Cada vez que tomo
conhecimento de um ataque canino gratuito, brutal e potencialmente assassino
sou invadido pela tristeza, porque raro é aquele que não resulta da ignorância
de uma ou mais pessoas, das quais não podemos excluir donos e vítimas, o que
torna muitos destes ataques acidentais e não deliberados. Há por toda a parte
uma ignorância popular generalizada acerca de cães, um despreparado que se
acentuou na transferência dos rafeiros para os cães com pedigree, alguns deles
potencialmente territoriais e por isso letais, animais que ao serem
seleccionados pelas suas características bélicas, não podem ser entendidos a
partir da prévia experiência com rafeiros, que são por norma leais, submissos e
temerosos da má disposição dos donos, animais amorosos que dificilmente passam
do ladrar, não se podendo dizer o mesmo dos híbridos resultantes de várias
raças, produzidos intencionalmente ou não, que poderão ser e normalmente são
mais perigosos que os duros cães “puros” na sua origem, “bichos” resultantes de
cruzamentos proibidos capazes de atacar, vencer e eliminar qualquer matulão,
isolados ou em grupo, exercitando-se primeiro contra crianças e velhos.
Pelo site de notícias neozelandês
STUFF ficámos
a saber que na pequena comunidade de TE
KAHA,
situada na Baía de Plenty, perto de Ōpòtiki, cuja população maioritária é de
etnia maori, a rondar os 85%, UMA
MULHER DE 60 ANOS FOI ATACADA, em sua casa, na última
Sexta-feira pelos três cães de caça do seu irmão, respectivamente: um cruzado
de Rottweiler com 2 anos, um cruzado de Staffordshire Bull Terrier com 3 anos e
um cruzado de Bulldog com 9 anos, todos sem registo comunitário e microchip,
apreendidos pelo conselho Distrital de Ōpòtiki e actualmente confiscados pela
mesma entidade, que irá deliberar sobre o seu futuro. Ignoramos o que caçava o
homem para se valer de tamanho arsenal canino. A vítima sofreu cortes profundos
na cabeça, pescoço, no abdómen e nas pernas, sendo depois transportada de avião
para o Hospital de Tauranga, onde permanece em estado crítico, mas estável,
segundo informou hoje um porta-voz daquela unidade hospitalar. De acordo com a
inquirição da polícia local, a vítima estava familiarizada com os cães e
normalmente deixava-os sair.
Este foi o último dos três
ataques ocorridos na semana passada no Distrito de Ōpōtiki, onde um Rottweiler
desembestado mordeu a mão e o cotovelo de um adolescente e um miúdo de 10 anos foi
mordido numa perna por um Pit Bull enquanto brincava nos baloiços existentes no
jardim de uma igreja. De volta ao ataque da sexagenária, pergunta-se a que se
teria ficado a dever, uma vez que a pobre coitada jamais seria tratada como uma
intrusa porque coabitava com os cães. Será que alguma vez saberemos a verdade?
Não estarão os cães logo à partida condenados? Independentemente disso,
interessa-nos descortinar as causas possíveis. É possível que o ataque tinha
sido o culminar de algum desaguisado anterior entre a senhora e os cães relacionado
com ameaças, como é possível, caso os cães sejam lupino-molossos, que atacassem
na procura da vantagem ou que já a houvessem experimentado. De qualquer modo,
uma coisa é certa: a vítima não era a líder daqueles cães e acabou vítima do seu
viver social. Do sucedido pode tirar-se uma lição: não se pode confiar um ou mais cães a gente desinformada, despreparada, desequilibrada, débil ou fraca. A
saga dos cães perigosos também já chegou, infelizmente, ao território Maori.
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