sexta-feira, 2 de novembro de 2018

SETÚBAL NA VANGUARDA CONTRA OS MAUS TRATOS A ANIMAIS

Pela primeira vez em Portugal alguém é condenado exclusivamente por maus-tratos a animais. Trata-se de um antigo enfermeiro na Guerra do Ultramar, um homem na casa dos 60 e ex-paraquedista, que foi acusado de quatro crimes de maus-tratos agravados, foi condenado a 16 meses de prisão e proibido de ter animais nos próximos 5 anos pelo Tribunal de Setúbal, ao realizar uma “cesariana” a sangue frio (esventrado) a uma das suas cadelas, abandonando-a depois e colocando as suas crias no lixo. O condenado não assistiu à leitura da sua sentença porque, apesar de estar submetido a termo de identidade e residência, mudou de casa sem avisar as autoridades. Por causa disto, a notificação para comparecer em julgamento nunca lhe chegou às mãos, tendo sido dado em tribunal como estando em parte incerta.
Os factos tiveram lugar em Venda do Alcaide, Concelho de Palmela, Distrito de Setúbal, no dia 3 de Fevereiro de 2016. O juiz sublinhou o “sofrimento atroz” provocado à cadela pela dor da incisão feita “a sangue frio” e pelo estado de abandono em que ficou (viria a morrer), classificou a conduta como “crueldade” e recusou a ideia de que o arguido tivesse tentado ajudar a cadela ou salvar os nados vivos, uma vez que de imediato os atirou para o lixo.
Um segundo indivíduo, um mecânico de 42 anos, acusado de co-autoria por ter ajudado a segurar a falecida cadela durante a operação, foi condenado a uma pena de multa de 360€. Este condenado disse ao PÚBLICO que não vai recorrer da sentença por considerá-la justa. Marisa Quaresma dos Reis, Provedora dos Animais de Lisboa, adiantou que esta condenação é “um dia histórico para o percurso dos Direitos Animais”, percurso que foi iniciado pelo Tribunal de Setúbal, ao condenar o pseudo clínico que apenas suturou a cavidade abdominal à infeliz cadela, deixando-lhe o útero rasgado e aberto. 

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