Afinal acabámos por
trabalhar também no Domingo, só que desta vez na encosta de uma serra virada a
sul, junto a uma capela erigida a um santo, cuja lenda diz ter livrado uns
tantos suínos de peste, um lugar maravilhoso pela paisagem que oferece. O tempo
ameaçava chover, o percentual de humidade era alto, os arbustos pingavam, o
solo estava ensopado e as nuvens, que oscilavam entre o branco e cinzento,
decidiram guardar a chuva para si.
Debaixo destas condições
meteorológicas, iniciámos os trabalhos com pequenos percursos de pistagem,
aproveitando o particular da humidade e a densidade do arvoredo, o que facilitava
a fixação dos odores e um sem número de esconderijos naturais. Se o CPA Bohr
deu continuidade ao que já havia feito, o Doberman Zeus estreou-se nesta
disciplina, sendo ambos convidados para a procura do dono.
Depois de alguns percursos,
optámos por “sepultar os donos” debaixo da muita caruma que por ali havia, convidando
depois os seus companheiros de quatro patas a procurá-los. Os cães depressa
deram com eles e prontamente os desenterraram. Na foto abaixo podemos ver o CPA
Bohr a detectar com sucesso a “sepultura” do Paulo Motrena.
Se o Bohr foi bem-sucedido,
o Zeus não lhe ficou atrás, sedento de socorrer a dona, bem depressa a
detectou, apesar de nunca se ter visto naqueles assados, conforme atesta a foto
abaixo.
Deserto
de resgatar a dona, o Doberman raspou primeiro a caruma junto à cabeça da dona,
que se encontrava tapada com um capucho vermelho
Depois, começou a
destapá-la progressivamente e do meio daquela húmida pasta avermelhada, surge
finalmente parte da silhueta da Svetlana, Svetlana que se sentiu feliz por ter
um cão assim, ao ponto de não se ter importado de sair dali toda encharcada.
Como a pistagem é a
disciplina cinotécnica que mais agrada aos cães e que melhor serve os donos,
segundo nosso parecer, convidámos os cães para figuras de obediência debaixo da
boa influência que a pistagem nos ofereceu.
Por razões ligadas à
salvaguarda dos cães, ao seu uso e a pensar no ensino do “rastejar” (dentro em
breve todos estarão a fazê-lo), convidámos os animais a passar por debaixo das
mesas e bancos existentes no local, recompensando o Zeus com alguns biscoitos
da sua preferência.
O Bohr executou estes
exercícios sem dificuldades e rapidamente, não sabendo naquele momento para o
que estava guardado.
Na foto abaixo, sobre uma
mesa rústica, podemos ver os heróis do dia, como se fizessem parte daquela
paisagem serrana e da sua mata luxuriante.
Aos vários exercícios
anaeróbicos solicitados aos animais, como compensação e descontracção, sucedeu
um aeróbico que obrigou os donos a puxar pelas pernas, um slalom em terreno
inclinado (a subir) com as varas muito distantes entre si (os cães só deverão carregar os donos em casos de emergência).
Como o Bohr está a
tornar-se num cão especialista, pedimos ao Paulo que o pusesse a circular sobre
um murete de 12 cm de largura, desafio que o CPA prontamente aceitou e venceu.
Sempre que possível
envolvemos crianças nos nossos trabalhos para que os cães aprendam a tratá-las
com o maior cuidado, a protegê-las e a respeitar as suas brincadeiras. No
exercício abaixo vemos o Bohr no primeiro momento dum salto para um patamar de
escadas, saltando sobre as crianças sem lhes tocar.
Por detrás destes
exercícios está outra preocupação: a de libertar as crianças de medos e traumas
relativos aos cães. Para se ter uma ideia concreta dos cuidados que os nossos
cães lhes dispensam, basta ver a ginástica que o Bohr faz para passar por
debaixo das pernas de um miúdo de 6 anos, esgueirando-se como se duma cobra se
tratasse.
Todos sabemos da irreverência
das crianças e da algazarra das suas brincadeiras, muito embora grande parte
delas fique colada hoje às playstations ou aos telemóveis por tempo
indeterminado, o que, como se sabe, não é lá muito bom! Na foto seguinte vemos
o Bohr mais uma vez a passar por debaixo das penas de um miúdo, só que desta
vez com outro encavalitado.
Depois disto, primeiro à
trela e depois em liberdade, o CPA foi convidado para saltar uma pequena
vertical humana composta pelos dois miúdos presentes nesta sessão de treino.
Diz-se e há quem o tenha
como lema que “a sorte protege os audazes” e nós tivemos uma sorte dos diabos,
porque quando menos esperávamos, apareceu um ciclista vindo do nada, que
imediatamente foi solicitado como obstáculo junto com a sua bicicleta.
Mas o melhor estava para
chegar. Depois daqueles exercícios todos, que serviram de preparação,
convidámos o Bohr para passar por debaixo de um Jeep, ordem que cumpriu sem
hesitações. Na foto seguinte podemos vê-lo no início da manobra.
A prontidão e o potencial
atlético deste lobeiro são enormes e raro é o dia em que não nos surpreende.
Vale a pena reparar na saída do Jeep e relacionar a altura do cão (acima dos 65
cm) com a altura do chassis da viatura, porque só assim se poderá compreender
da dificuldade e dureza do exercício.
Participaram nos trabalhos
os binómios Paulo/Bohr e Svetlana/Zeus, o condutor de dia foi o suspeito do
costume e os miúdos Pedro e Tiago foram os artistas convidados, todos
fotografados e alegres, tal qual duendes, debaixo de uma árvore típica da
região.
Se os nossos leitores
virem por aí alguém com um cão ao lado, a qualquer hora do dia ou da noite,
debaixo de condições climatéricas difíceis e nos lugares mais improváveis, é
possível que se trate de algum aluno da Acendura Brava, porque assim fomos,
assim temos sido e assim continuaremos a sê-lo. Por quanto tempo? Não sabemos!
Será que o futuro a Deus pertence? Para a semana haverá mais!
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