sexta-feira, 9 de novembro de 2018

CREMATÓRIO PARA UNS E NÃO PARA OUTROS, PORQUÊ?

Através do THE INDIAN EXPRESS on-line do dia de hoje, ficamos a saber que em DWARKA, nos arredores da capital indiana, NOVA DELI, está a ser construído um crematório para cães, a mando da CORPORAÇÃO MUNICIPAL DE SOUTH DELI, que se espera concluído em Março do próximo ano, um complexo que para além do inevitável forno (eléctrico), é ainda constituído por uma sala de orações (com sacerdotes à disposição), um vestiário e uma sala em separado para a entrega das cinzas dos animais. Este é o primeiro crematório de cães administrado pelo governo daquela grande cidade e situa-se no SECTOR 29 de DWARKA.
Actualmente os proprietários caninos vêem-se obrigados a enterrar os seus cães ao ar livre ou valem-se das instalações funerárias para animais de estimação de algumas ONG’s. Segundo entidades oficiais ligadas a este empreendimento, os cães vadios também poderão ser cremados naquele centro e a custo zero, o que obviamente se saúda atendendo ao seu exagerado número. O custo a cobrar pelo serviço será decidido pelo Comité Permanente da obra quando esta estiver concluída, obra que irá ocupar uma área de 3,5 acres (14164.00m²) e que terá a capacidade de cremar 50 kg de carcaças caninas por hora.
Uma autoridade sénior local adiantou que, para além de enterrarem os seus cães ao ar livre ou de se valerem das instalações funerárias de algumas ONG’s, há ainda proprietários caninos que enterram os seus animais nas margens do RIO YAMUNA (1), o que polui este rio, acrescentando que o crematório será ecologicamente a opção mais correcta. Um funcionário ligado ao projecto fez saber que está previsto instalar ainda dispositivos de GPS nas carrinhas usadas na recolha dos animais mortos.
Não seria ali e noutras partes da Índia ecologicamente mais correcto ter uma rede gratuita de crematórios humanos ao invés de se jogarem os cadáveres para os rios, parcialmente mutilados, esturricados e em putrefacção? Bem sei que pessoas não são cães, mas os seus cadáveres são igualmente poluentes e constituem um sério risco para a saúde pública. A Índia continua com duas faces, tão misteriosa como o lado escuro da Lua, simultaneamente enigmática e caótica, um idílico paraíso com a capacidade de se transformar num inferno de um momento para o outro.
(1)Rio que corre ao lado do ídilico Taj Mahal, que nasce na Cordilheira dos Himalaias, no Estado de Uttarakhand, passando pelos estados de Deli, Uttar Pradesh e Haryana antes de se unir ao Ganges em Allahabad. Grandes cidades indianas como Deli, Mathura, Vrindavan, Agra, Etawah e Kalpi encontram-se nas suas margens. É um dos sete rios sagrados da Índia e o segundo com maior importância religiosa.

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