Dir-se-á mal construída uma pista táctica onde não constem obstáculos
duplos e entre eles as verticais, atendendo ao muito que têm para oferecer aos
níveis pedagógico, morfológico, atlético e específico, enquanto obstáculos que
tanto podem propiciar exercícios aeróbicos como anaeróbicos, visando a
preparação específica dos cães, a sua musculação e rendimento (endurance).
Dizemos que elas tem um propósito pedagógico porque ensinam os cães a fazer a
marcação correcta dos saltos verticais, isto quando os seus dois elementos de
encontram dentro da curvatura natural de salto, porque doutro modo estaríamos
na presença de um Exel ou doutro obstáculo simultaneamente extensor e elevador.
Entende-se por curvatura natural de salto a desejável trajectória que os
cães fazem na transposição de obstáculos a 45 graus, quando se elevam para eles
a uma distância igual à sua altura, o que torna também uma vertical tripla
dentro dessa mesma curvatura um obstáculo de fácil resolução. Quando estamos a
ensinar um cão e reparamos que salta muito antes da marcação desejada (na gíria:
do meio da rua) ou quando tarde em despertar e fá-la atrasada, valemo-nos de
uma vertical dupla para ensinarmos os cães a saltar correctamente, que ao
repararem na vertical mais pequena à sua frente, de imediato consideram a mais
alta e acabam por fazer a chamada correcta para o salto.
A altura destas verticais acopladas a usar deverá considerar sempre a
idade, o particular morfológico de cada cão e o seu nível de desenvolvimento atlético.
Para cachorros de 4 e 5 meses usaremos verticais com a primeira vertical
elevada a 20cm e a segunda a 40, dos 6 até aos 8 meses verticais de 40 e 60cm,
dos 8 aos 12 de 60 e 80 cm e de 1 ano de idade em diante de 80 e 100cm, preferencialmente
em pisos macios mas que não provoquem demasiado atrito, porque importa livrar
os animais de pesados impactos ao solo e possibilitar-lhes a
transposição célere de obstáculos consecutivos.
As verticais duplas são
por norma indispensáveis para os cães de cauda amputada e para os rectos de
angulação traseira, para os primeiros, porque marcam precocemente os saltos
verticais, acabando por empoleirar-se na sua linha de transposição ou
esborrachando-se em cima dela; os segundos porque tentam “saltar à cabra” (com
os 4 membros em simultâneo e para cima), esforço inusitado capaz de causar-lhes
lesões, aversão e traumas.
Se colocarmos uma vertical
depois de outra mais alta a transpor e dentro da curvatura natural do salto,
qualquer cão ultrapassará as duas sem qualquer dificuldade. Quando queremos
saltos de rendimento, então teremos que avançar a vertical anterior e mais
baixa para fora da curvatura natural de salto. Se isso for conseguido com a
vertical mais alta elevada a 100cm, o salto do cão cobrirá uma distância entre 350
e 400 cm, o que obviamente só estará ao alcance de cães bem preparados e
excepcionais. Como se pode ver na foto abaixo, o Capo saltou ontem uma vertical
dupla com a barreira mais alta a 120cm.
Estas verticais oferecem,
para além da necessária musculação, prontidão e robustecimento de carácter, a conformação
própria e necessária para os cães que se desejam saudáveis e atletas, o que implica
em pernas equilibradas mais distanciadas entre si e poderosas, numa maior abertura
de peito e melhor definição da espádua. Contudo, o recurso a estas verticais,
quando feitas à trela, irá obrigar à celeridade de movimentos e ao adiantamento
dos condutores, porque doutro modo os cães acabarão por embater contra os
obstáculos ou enrolar-se sua na saída.
Como o assunto não se
esgota aqui, retomá-lo-emos certamente.
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