quarta-feira, 21 de novembro de 2018

VANTAGENS DAS VERTICAIS DUPLAS

Dir-se-á mal construída uma pista táctica onde não constem obstáculos duplos e entre eles as verticais, atendendo ao muito que têm para oferecer aos níveis pedagógico, morfológico, atlético e específico, enquanto obstáculos que tanto podem propiciar exercícios aeróbicos como anaeróbicos, visando a preparação específica dos cães, a sua musculação e rendimento (endurance). Dizemos que elas tem um propósito pedagógico porque ensinam os cães a fazer a marcação correcta dos saltos verticais, isto quando os seus dois elementos de encontram dentro da curvatura natural de salto, porque doutro modo estaríamos na presença de um Exel ou doutro obstáculo simultaneamente extensor e elevador.
Entende-se por curvatura natural de salto a desejável trajectória que os cães fazem na transposição de obstáculos a 45 graus, quando se elevam para eles a uma distância igual à sua altura, o que torna também uma vertical tripla dentro dessa mesma curvatura um obstáculo de fácil resolução. Quando estamos a ensinar um cão e reparamos que salta muito antes da marcação desejada (na gíria: do meio da rua) ou quando tarde em despertar e fá-la atrasada, valemo-nos de uma vertical dupla para ensinarmos os cães a saltar correctamente, que ao repararem na vertical mais pequena à sua frente, de imediato consideram a mais alta e acabam por fazer a chamada correcta para o salto.
A altura destas verticais acopladas a usar deverá considerar sempre a idade, o particular morfológico de cada cão e o seu nível de desenvolvimento atlético. Para cachorros de 4 e 5 meses usaremos verticais com a primeira vertical elevada a 20cm e a segunda a 40, dos 6 até aos 8 meses verticais de 40 e 60cm, dos 8 aos 12 de 60 e 80 cm e de 1 ano de idade em diante de 80 e 100cm, preferencialmente em pisos macios mas que não provoquem demasiado atrito, porque importa livrar os animais de pesados impactos ao solo e possibilitar-lhes a transposição célere de obstáculos consecutivos.
As verticais duplas são por norma indispensáveis para os cães de cauda amputada e para os rectos de angulação traseira, para os primeiros, porque marcam precocemente os saltos verticais, acabando por empoleirar-se na sua linha de transposição ou esborrachando-se em cima dela; os segundos porque tentam “saltar à cabra” (com os 4 membros em simultâneo e para cima), esforço inusitado capaz de causar-lhes lesões, aversão e traumas.
Se colocarmos uma vertical depois de outra mais alta a transpor e dentro da curvatura natural do salto, qualquer cão ultrapassará as duas sem qualquer dificuldade. Quando queremos saltos de rendimento, então teremos que avançar a vertical anterior e mais baixa para fora da curvatura natural de salto. Se isso for conseguido com a vertical mais alta elevada a 100cm, o salto do cão cobrirá uma distância entre 350 e 400 cm, o que obviamente só estará ao alcance de cães bem preparados e excepcionais. Como se pode ver na foto abaixo, o Capo saltou ontem uma vertical dupla com a barreira mais alta a 120cm.
Estas verticais oferecem, para além da necessária musculação, prontidão e robustecimento de carácter, a conformação própria e necessária para os cães que se desejam saudáveis e atletas, o que implica em pernas equilibradas mais distanciadas entre si e poderosas, numa maior abertura de peito e melhor definição da espádua. Contudo, o recurso a estas verticais, quando feitas à trela, irá obrigar à celeridade de movimentos e ao adiantamento dos condutores, porque doutro modo os cães acabarão por embater contra os obstáculos ou enrolar-se sua na saída.
Como o assunto não se esgota aqui, retomá-lo-emos certamente.

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