segunda-feira, 5 de novembro de 2018

CORREIO DOS LEITORES

Recebemos de um leitor o seguinte email: “Bom dia, tenho um cão pastor alemão a fazer 4 meses que está com o problema dos jarretes de vaca. A veterinária e o criador aconselharam exercícios de caminhada e de obstáculos em casa. Que mais sugestões têm para este tipo de problema? É uma situação irreversível ou poderá ser corrigida com os exercícios que referi? Obrigado”.
Caro leitor, à partida não há razão para alarmes atendendo à tenra idade do cachorro. O problema será mais sério se o desaprumo estiver presente num ou nos dois progenitores. Se o cachorro for de linha laboral o “jarrete de vaca” tende a desaparecer com o crescimento, se for de linha estética tende a perpetuar-se, isto se nada for feito em contrário. Para além destes aspectos, o problema poderá estar ligado ao peso do cachorro e à sua morfologia, ao facto de ser demasiado leve ou pesado para a idade e também a um deficit de envergadura em relação à altura. A ausência sistemática de andar e correr sobre pisos térreos pode concorrer também para o fenómeno, um vez que os membros traseiros tendem a equilibrar os dianteiros para não sobrecarregá-los nas travagens e mudanças de direcção feitas pelos 2º e 3º movimentos naturais (marcha e galope), pois é comum o “jarrete de vaca” ser acompanhado doutros desaprumos nos membros anteriores, nomeadamente de peito estreito ou invertido, mão atiradas para fora e abatimento de metacarpos.
O que lhe foi aconselhado pela veterinária e pelo criador está em parte certo, porque fazer obstáculos em casa, devido ao risco de escorregar, só iria agravar o problema do cachorro. Quanto às caminhadas e aos obstáculos, estamos somente de acordo na generalidade, porque não nos adiantou quais as distâncias a percorrer e o tipo de obstáculos recomendados. Assim, adiantamos aquilo que a nosso ver poderá resolver o problema, sem colocar em risco a saúde e a integridade física do cachorro, considerando que se encontra na “Idade da Cópia” e está louco para aprender, num estágio da sua vida onde a plasticidade cognitiva é acompanhada pela física. As caminhadas diárias, para além das ligadas à prévia satisfação das necessidades fisiológicas do cachorro, deverão ser feitas em marcha atrelada e não a passo, numa extensão de 3 Km e em duas etapas, num percurso de ida e volta com 1.500m (750m para lá, 750m para cá), que deverá ser feito manhã e à noite. Ao chegar aos 5 meses de idade, porque o problema ainda deverá persistir, a distância diária a percorrer deverá ser de 5.000 metros, caminhada diária que deverá manter até aos 8 anos de idade do animal, caso venha a ser saudável.
Os obstáculos que contribuem significativamente para a melhoria do desaprumo são todos os consensuais que obrigam a subir e que dispensam a descida, que poderão ser naturais ou convencionais (próprios das pistas de obstáculos); o Extensor de Solo (ver texto “MÃOS DIVERGENTES (ATIRADAS PARA FORA): UM TREMENDO HANDICAP” de 11/10/2016); a transposição progressiva de verticais consecutivas de 10, 20, 30, 40 e 50 cm de altura; pequenos saltos em extensão de 75cm; a prática da natação, tendo o cuidado de verificar que a temperatura da água não se encontra abaixo dos 15 graus celsius (o melhor é recorrer a uma piscina aquecida) e caminhar e correr sobre pisos térreos. Como se depreende, é de todo conveniente que estes exercícios sejam monitorados por algum treinador conceituado, pelo que aconselhamos a vossa inscrição numa escola canina, considerando também o particular etário do animal. A actual situação do cachorro não é irreversível e poderá vir a ser corrigida, muito embora a sua prole, caso a venha a ter, não beneficie dos benefícios que o trabalho lhe consertou. Obrigado pelo contacto.

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