Segundo uma pesquisa
divulgada pela Universidade do Arizona/USA, um teste de cognição canina poderá
ajudar as organizações que treinam cães de trabalho a identificar aqueles com
maior probabilidade de sucesso, o que a ser verdade poderá poupar milhares de
dólares no adestramento e garantir a entrega mais célere dos animais a quem
deles necessita. Convém relembrar, por exemplo, que nos cães criados especificamente
para assistência, apenas 50% conseguem completar o seu treino com sucesso.
Como a lista de espera por
um cão de assistência convenientemente treinado poderá ser de até 2 anos, EVAN MACLEAN, Diretor do ARIZONA CANINE COGNITION CENTER DA
UNIVERSIDADE DO ARIZONA, está a explorar novas maneiras de
identificar os melhores cães para diferentes trabalhos, antes que iniciem o seu
longo e dispendioso processo de treino, ao observar as suas habilidades cognitivas.
Este cientista é o autor principal de um novo estudo publicado em FRONTIERS IN VETERINARY SCIENCE que
procura saber se as habilidades cognitivas dos cães podem ajudar a prever seu
sucesso como animais de trabalho. Apesar das características físicas e o
temperamento de um cão serem frequentemente considerados quando se pensa num
determinado trabalho, a cognição é uma área que tem recebido muito menos
atenção. "As pessoas realmente concentraram-se no temperamento e no quão
reactivo é um cão para certas coisas no ambiente", disse MacLean, que é
também professor-assistente da Escola de Antropologia da Universidade de
Michigan.
O autor principal deste
estudo adiantou: "O que nos interessava era o facto de que esses cães
também enfrentam desafios cognitivos. Eles têm que aprender todas essas coisas
no decorrer de seu treino e precisam de ser capazes de resolver problemas de
forma flexível quando as coisas não dão certo." O estudo de MacLean
focou-se em dois tipos de cães de trabalho: cães de assistência em treino, que
serão destinados a deficientes, e cães detectores de explosivos destinados à US
Navy. MacLean e seus colegas avaliaram o desempenho dos dois tipos de cães em
25 diferentes medidas cognitivas usando uma bateria de testes baseados em
jogos, como esconder e encontrar objectos e outras formas de brincadeiras
caninas, descobrindo que um conjunto diferente de habilidades poderá predizer
se um cão será um bom cão de detecção ou um bom cão de assistência. No caso dos
cães de assistência, as habilidades sociais, incluindo a capacidade de prestar
muita atenção e manter contato visual com os seres humanos, parecem ser
especialmente importantes. Nos cães de detecção, boa memória de curto prazo e
sensibilidade à linguagem corporal humana, como gestos apontadores, foram os
melhores preditores de sucesso.
O estudo envolveu 164 cães
da organização Canine Companions for Independence, da Califórnia, que treina
cães-guia e 222 cães da Marinha Americana. Os pesquisadores testaram os cães de
assistência aos 18 meses de idade, altura em que iniciam um programa de treino
intensivo de 6 meses em período integral. Os cães do estudo foram considerados
"bem-sucedidos" mercê de terem sido aprovados ou não no treino.
Através de testes cognitivos, MacLean e seus colegas conseguiram prever os
primeiros 25% de graduados com 86% de precisão. O sucesso dos cães da Marinha,
cujo treinamento é contínuo e não marcado por uma única data de graduação, foi
medido com base nos registos dos treinadores sobre o desempenho dos cães em
exercícios de treino, assim como por questionários endereçados às pessoas que
os treinaram ou implantaram. As descobertas de MacLean sugerem que a cognição
pode ser considerada juntamente com o temperamento e a percepção para prever o
sucesso de um cão de trabalho.
MacLean e seus colegas estão
agora a trabalhar para determinar se os testes cognitivos poderão dar essa
informação mais cedo, quando um cão tem apenas 8 semanas de idade, analisando em
simultâneo se essas habilidades caninas têm uma base genética que poderá ser
usada em programas de melhoramento. A publicação deste estudo veio dar razão às
nossas políticas de selecção, já que sempre pusemos em pé de igualdade o
impulso herdado ao conhecimento com os restantes para as distintas tarefas
caninas. Fiquemos à espera de novos estudos do Dr. Evan MacLean.
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