sexta-feira, 2 de novembro de 2018

DIMINUIR A MARGEM DE ERRO E ACELERAR AS ENTREGAS

Segundo uma pesquisa divulgada pela Universidade do Arizona/USA, um teste de cognição canina poderá ajudar as organizações que treinam cães de trabalho a identificar aqueles com maior probabilidade de sucesso, o que a ser verdade poderá poupar milhares de dólares no adestramento e garantir a entrega mais célere dos animais a quem deles necessita. Convém relembrar, por exemplo, que nos cães criados especificamente para assistência, apenas 50% conseguem completar o seu treino com sucesso.
Como a lista de espera por um cão de assistência convenientemente treinado poderá ser de até 2 anos, EVAN  MACLEAN, Diretor do ARIZONA CANINE COGNITION CENTER DA UNIVERSIDADE DO ARIZONA, está a explorar novas maneiras de identificar os melhores cães para diferentes trabalhos, antes que iniciem o seu longo e dispendioso processo de treino, ao observar as suas habilidades cognitivas. Este cientista é o autor principal de um novo estudo publicado em FRONTIERS IN VETERINARY SCIENCE que procura saber se as habilidades cognitivas dos cães podem ajudar a prever seu sucesso como animais de trabalho. Apesar das características físicas e o temperamento de um cão serem frequentemente considerados quando se pensa num determinado trabalho, a cognição é uma área que tem recebido muito menos atenção. "As pessoas realmente concentraram-se no temperamento e no quão reactivo é um cão para certas coisas no ambiente", disse MacLean, que é também professor-assistente da Escola de Antropologia da Universidade de Michigan.
O autor principal deste estudo adiantou: "O que nos interessava era o facto de que esses cães também enfrentam desafios cognitivos. Eles têm que aprender todas essas coisas no decorrer de seu treino e precisam de ser capazes de resolver problemas de forma flexível quando as coisas não dão certo." O estudo de MacLean focou-se em dois tipos de cães de trabalho: cães de assistência em treino, que serão destinados a deficientes, e cães detectores de explosivos destinados à US Navy. MacLean e seus colegas avaliaram o desempenho dos dois tipos de cães em 25 diferentes medidas cognitivas usando uma bateria de testes baseados em jogos, como esconder e encontrar objectos e outras formas de brincadeiras caninas, descobrindo que um conjunto diferente de habilidades poderá predizer se um cão será um bom cão de detecção ou um bom cão de assistência. No caso dos cães de assistência, as habilidades sociais, incluindo a capacidade de prestar muita atenção e manter contato visual com os seres humanos, parecem ser especialmente importantes. Nos cães de detecção, boa memória de curto prazo e sensibilidade à linguagem corporal humana, como gestos apontadores, foram os melhores preditores de sucesso.
O estudo envolveu 164 cães da organização Canine Companions for Independence, da Califórnia, que treina cães-guia e 222 cães da Marinha Americana. Os pesquisadores testaram os cães de assistência aos 18 meses de idade, altura em que iniciam um programa de treino intensivo de 6 meses em período integral. Os cães do estudo foram considerados "bem-sucedidos" mercê de terem sido aprovados ou não no treino. Através de testes cognitivos, MacLean e seus colegas conseguiram prever os primeiros 25% de graduados com 86% de precisão. O sucesso dos cães da Marinha, cujo treinamento é contínuo e não marcado por uma única data de graduação, foi medido com base nos registos dos treinadores sobre o desempenho dos cães em exercícios de treino, assim como por questionários endereçados às pessoas que os treinaram ou implantaram. As descobertas de MacLean sugerem que a cognição pode ser considerada juntamente com o temperamento e a percepção para prever o sucesso de um cão de trabalho.
MacLean e seus colegas estão agora a trabalhar para determinar se os testes cognitivos poderão dar essa informação mais cedo, quando um cão tem apenas 8 semanas de idade, analisando em simultâneo se essas habilidades caninas têm uma base genética que poderá ser usada em programas de melhoramento. A publicação deste estudo veio dar razão às nossas políticas de selecção, já que sempre pusemos em pé de igualdade o impulso herdado ao conhecimento com os restantes para as distintas tarefas caninas. Fiquemos à espera de novos estudos do Dr. Evan MacLean.

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