quinta-feira, 6 de maio de 2021

PROBLEMAS REAIS PARA QUEM VIVE DO VIRTUAL

 

Na mui badalada cidade norte-americana de Nashville, histórico e importante centro da indústria discográfica, no Tennessee, um Bull Terrier de nome “Browser”, mordeu o filho de uma blogueira muito conhecida nos Estados Unidos, Nikki Phillippi, com cerca de 1.29 milhões de seguidores. Logo após o ataque do cão, a blogueira e o seu marido (Dan) decidiram mandar abater o cão, que já vivia com eles há 9 anos, através de uma injecção letal, sem se saber qual a razão do ataque e a gravidade dos ferimentos infligidos à criança.

Depois que a influenciadora divulgou a história no Instagram e no YouTube no princípio desta semana (não foi nada inteligente ao fazê-lo), choveram críticas dos fãs na coluna de comentários da página do Instagram, dos quais destacamos alguns a título exemplo: "Alguns cães não podem viver com filhos, mas isso não significa que não possam viver"; "A parte mais incrível para mim é a sessão de fotos antes do cão ser colocado para dormir. Estou feliz porque você não ficou muito chateada para produzir conteúdo primeiro!" ; "Sinto muito por Bowser. Ele não merecia esse final.” e "Lamento que você tenha pensado que matá-lo era a melhor e única opção." Diante destes comentários é possível que a blogueira, para além de ter perdido o cão, acabe também por perder grande número de fãs.

No dia 04 de Maio, no Youtube, Nikki e Dan, através de um clip, tentaram explicar para os fãs as suas motivações, dizendo que quiseram devolver o cão à sua antiga família e que tal não foi possível, que não podiam arriscar-se a ficar com ele, porque se mordesse novamente, seriam eles os responsáveis. Na vã tentativa de explicar o assassinato do cão, Nikki Phillippi acabou por relatar de forma bastante macabra o último dia do cão: “"Acordamos e tivemos um óptimo dia com ele (cão), ele foi alimentado com uma comida muito boa e foi levado para um passeio muito bom ao ar livre, o tempo estava perfeito (...) nós brincávamos com o Bowser no jardim e tomámos um banho de sol. Fizemos em nossa casa e pagámos para que o anestesista o fizesse." Depois destas explicações, que não foram suficientes para muitos, alguns fãs ainda se irritaram mais.

A meu ver, estamos mais uma vez perante um crime típico de violência doméstica e de negligência contra uma criança, caso o cão nunca tenha sido treinado especificamente para coabitar e conviver com ela, uma vez que chegou primeiro àquela casa e também se nenhum dos seus pais se encontrava presente na altura do ataque, abandonando a criança à sua sorte e confiando no bom humor do cão. Cães territoriais anteriores ao nascimento das crianças podem ser perigosos ao considerá-las intrusas no lar e atacá-las sem grande motivo. Por outro lado, as crianças pequenas tendem a magoar os cães involuntariamente por ausência de senso de responsabilidade e os cães podem não gostar. Para que tudo corra sem novidade nestas circunstâncias, convém educar previamente os cães para a vinda das crianças e nunca deixar as deixar sós com os animais. Lamentavelmente, episódios destes são muito comuns, por norma potenciados pela ausência do treino canino e pelo exagerado tratamento antropomórfico dado aos cães.

Sem comentários:

Enviar um comentário