Há
por aí muito “carapau de corrida”, mesmo sem saber porquê, que diz detestar
cães híbridos e rafeiros (de raça indefinida), como se uns e outros não fossem
mais saudáveis que os puros, em muitos aspectos mais fiáveis e não raramente
mais interactivos, autónomos e harmoniosos. Acaso valessem tanto como os puros,
muitos dos experts atrás citados andariam com uma saca a caçá-los de noite para
ninguém os ver.
Quando
era moço cheguei a pensar também assim, mercê da propaganda que recebi, da
falta de experiência que tinha e da obrigação de questionar o menos possível.
Mas há medida que fui amadurecendo e ganhando experiência percebi que aceitar
dogmas é ter como certo aquilo que nunca foi provado e que à luz da razão não
faz qualquer sentido. Hoje vou dar a conhecer aos leitores deste blogue a
história da “ECLIPSE”, uma híbrida de Labrador com Mastiff,
que vive na cidade norte-americana de Seattle, que tem uma página no Facebook e
que é conhecida como “o cão do autocarro” (Bus dog).
Tudo
começou em 2017, quando o dono, Jeff Young, que costumava apanhar o autocarro e
ir com ela para o parque destinado aos cães se atrasou demasiado, o que levou a
cadela a embarcar no autocarro sem o seu proprietário, segundo narra o “The Dog
Newspaper”. A partir dali, a Eclipse sempre corria impaciente à frente e
entrava no autocarro de forma independente. O motorista do autocarro passou a
reconhecê-la e a deixá-la no parque para cães.
Depois
de algumas viagens a solo, o dono consentiu que ela passasse a viajar sozinha
definitivamente, hábito que mantém até à presente data. Os motoristas dos autocarros
conhecem o dono e a cadela e muitos passageiros regulares alegram-se quando os
vêem. Também a polícia deu o seu consentimento, desde que os motoristas estejam
de acordo. Com o passe preso na coleira, sentadinha no seu lugar, sem incomodar
ninguém e ávida de chegar ao seu destino, a Eclipse faz diariamente viagens de
ida e volta.
A história desta cadela emociona-me porque me faz recordar o tempo em que por tudo e por nada se abandonavam cães, que apesar de largados longe, da barriga quase sempre vazia e dos maus-tratos que tinham recebido, alguns deles ainda retornavam à casa que os desprezou e que tanto mal lhes tinha feito. Para o melhor e para o pior, os cães são animais gregários e os homens não se podem esquecer disso. Quanto à Eclipse, o “fenómeno” é fácil de explicar: o parque é para ela uma recompensa e o autocarro um meio para lá chegar! A proeza desta híbrida é idêntica ao que sucedia com os cães vadios de Moscovo, que usavam a rede do metro para viajar e procurar comida noutras paragens. Estará algum vivo ou o pequeno Putin já os mandou matar todos? Se calhar o homem só gosta de cães com pedigree!
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