quarta-feira, 26 de maio de 2021

AFINAL O MAX ESTAVA INOCENTE!

 

Sempre que alguém nos procura para que o ajudemos a educar o seu cão, a culpa dos desaguisados entre dono e cão sempre recai sobre o animal, o que é raro acontecer, pelo que na dúvida atribuímos aos cães o princípio da presunção de inocência até que se comprove terem sido eles os culpados. Hoje recebemos com alegria e com alguma expectativa o binómio José Mortágua/Max e o Filipe, que geralmente auxilia o pai nas sessões de treino do cachorro Castro Laboreiro. Segundo o José, que chegou algo desanimado, o Max fartou-se de puxá-lo quando saiu com ele à rua, o que até não seria de estranhar, atendendo que o cão fez hoje a sua terceira lição. É evidente que não dei crédito às queixas do dono, certo que estava da inocência do cão. Disposto a entender o problema e a resolvê-lo, levei primeiro o binómio para a Pista Táctica, onde convidei o José para a prática do “junto”. Depressa se viu a quem cabia a culpa – ao condutor – que ao invés de corrigir o cachorro, se pendurava na trela. Na foto acima vemos o binómio na Pista Táctica durante um momento de “junto” e na seguinte a fazê-lo ao lado de um recinto próprio para soltar os cães, já que a sociabilização do Max não pode ser desleixada (no canto superior direito da foto vê-se um Border Collie ao fundo).

Quando é possível, e nem sempre é, tentamos arranjar um exercício que ajude a solucionar o maior número de problemas que os cães nos colocam. O Max, felizmente, não nos coloca muitos, mas ainda teme um pouco as alturas. Juntando o útil ao agradável, convidei-o a fazer o “junto” sobre um pequeno muro elevado a 40 cm do solo, para que depois o fizesse com o dono, visando três objectivos: a perca do medo das alturas, o reforço da liderança do dono e o desenvolvimento da cumplicidade entre ambos, para que o cachorro possa confiar no dono mais depressa e se sinta seguro a seu lado. Escolhi intencionalmente um muro em semicírculo para obrigar o dono a mexer-se, porque doutro modo, o cão sairia do trajecto, uma vez que importava que o líder não se atrasasse e se desacostumasse de andar sempre a travar o pobre animal (deverá haver coisas bem mais fáceis do que pedir em simultâneo disponibilidade e celeridade a um septuagenário depois de um longo período de confinamento).

Com o cão confiante e o José sem o esganar, fomos gradualmente procurar muros mais altos para executar “o junto”, opção que se revelou acertada pela prestação alegre do cachorro, que pouco a pouco se foi libertando dos seus medos. Na foto seguinte vemos o binómio a evoluir sobre o muro de uma piscina, na ocasião vazia, com 70 cm de profundidade.

Dali se evoluiu para um muro de largura idêntica, mas elevado a 120 cm, onde o Max se sentiu cómodo e não ousou puxar pelo dono, preferindo segui-lo ao invés de tomar outras opções mais desastradas e menos seguras.

O GIF seguinte mostra o desembaraço do binómio sobre o muro atrás citado, onde se vislumbra claramente a boa disposição do binómio, o à vontade do cão e a desenvoltura do dono, dando a falsa impressão que o exercício já era conhecido do seu quotidiano.

Para auxiliar na fixação do “junto” e sujeitar o cão às orientações do seu dono e condutor, convidámos o binómio a serpentear por umas tantas árvores alinhadas entre si, conforme atesta o GIF seguinte. Este trabalho foi desenvolvido perto de cães soltos, sendo alguns deles pequenos e irritantes.

Como recapitulação dos conteúdos de ensino referentes à lição anterior pedimos ao Max para saltar um banco de jardim, tendo o cuidado de avisar o seu condutor para não se atrasar e causar o indesejável “efeito âncora”.

Para vencer de uma vez por todas o medo do cachorro em relação a alturas e paisagens estreitas, para induzir o seu condutor a uma maior disponibilidade física e robustecer a sua autoridade, pedimos ao binómio que subisse o remate lateral de uma escada com bastante inclinação nalguns pontos.

No GIF que se segue é possível avaliar com mais pormenor esta execução binomial, que é mais difícil do que à partida parece, já que o remate da escada encontra-se coberto de mosaicos escorregadios. Todavia, tudo correu conforme o esperado.

Vencemos um dia de muito trabalho e com algum calor. Todos os intervenientes esforçaram-se para cumprir o Plano de Aula e os resultados estão à vista. O Max bem mereceu ir descansar para casa – temos cão. Deseja-se que a segunda vacina contra o Covid-19 não tenha suscitado nenhuma reacção adversa ao José. Brevemente estaremos de novo juntos.

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