Mais
cedo ou mais tarde, com reflexos para a Europa e para o Mundo, a França irá sofrer
maiores e mais graves convulsões sociais do que as que tem suportado até agora,
pelo que importa que encontre consensos e formas de se unir, caso queira evitar
um sério conflito capaz de ultrapassar a suas próprias fronteiras. Emmanuel
Macron, com o seu partido centrista-liberal, “La République En Marche! - LREM, veio
para consertar (conciliar) o que aparentemente não tem conserto na sociedade
francesa, mas espelha o desejo de paz da maioria dos franceses.
Onde
parece haver consensos tanto na França como no Mundo, é no que diz respeito aos
direitos e ao bem-estar dos animais. Ontem, Domingo, 30 parlamentares, apoiados
por 43 ONG’s, exigiram que o projecto de lei sobre os maus tratos animais seja
debatido no Senado, documento quase aprovado por unanimidade em Janeiro deste
ano, mas que ainda não foi agendado neste órgão de soberania. Para que isso
aconteça, os mesmos 30 parlamentares exigem-no numa carta aberta ao
primeiro-ministro, Jean Castex, publicada pelo Journal du Dimanche, onde a determinado
ponto dizem: “Uma secção inteira de seres sencientes fica hoje sem protecção
suficiente e cabe aos decisores políticos remediá-la”.
Este
reclamado projecto de lei visa, entre outras, evitar a compra impulsiva de
animais, o que segundo os seus mentores leva muitos ao abandono (cerca de
100.000 animais são abandonados anualmente em França); aumentar as penas nos
casos de maus-tratos; proibir gradualmente a manutenção de animais em circos itinerantes
e delfinários; a presença destes animais nas televisões, discotecas e festas
privadas, assim como encerrar as fazendas de visons. Há quem veja algum exagero
nestas medidas, algumas delas capazes de lançar mais gente no desemprego e de comprometer
economicamente muitas actividades, num país onde a economia, mesmo sem a
contribuição da pandemia, está bem longe dos seus melhores dias. Contudo, tudo
leva a crer que com alguma salvaguarda ou emenda, o projecto de lei acabará por
entrar em vigor.
Entre os signatários desta carta aberta estão Aurore Bergé, vice-presidente do grupo de deputados do LREM, Guillaume Gontard, líder dos ambientalistas no Senado, o pesquisador e ex-deputado do LREM Cédric Villani, e o vice-presidente do PS do Senado Laurence Rossignol. Cerca de 43 ONGs co-assinam o texto, incluindo a Fundação Brigitte Bardot, France Nature Environnement, L.214, PETA France e a Alliance Anticorrida, lutando esta última pela abolição das touradas, pela supressão de ferimentos e mutilações infligidos a animais nos eventos tauromáquicos e pela protecção de menores.
Sem comentários:
Enviar um comentário