segunda-feira, 24 de maio de 2021

CONTESTAÇÃO EM FRANÇA

 

Mais cedo ou mais tarde, com reflexos para a Europa e para o Mundo, a França irá sofrer maiores e mais graves convulsões sociais do que as que tem suportado até agora, pelo que importa que encontre consensos e formas de se unir, caso queira evitar um sério conflito capaz de ultrapassar a suas próprias fronteiras. Emmanuel Macron, com o seu partido centrista-liberal, “La République En Marche! - LREM, veio para consertar (conciliar) o que aparentemente não tem conserto na sociedade francesa, mas espelha o desejo de paz da maioria dos franceses.

Onde parece haver consensos tanto na França como no Mundo, é no que diz respeito aos direitos e ao bem-estar dos animais. Ontem, Domingo, 30 parlamentares, apoiados por 43 ONG’s, exigiram que o projecto de lei sobre os maus tratos animais seja debatido no Senado, documento quase aprovado por unanimidade em Janeiro deste ano, mas que ainda não foi agendado neste órgão de soberania. Para que isso aconteça, os mesmos 30 parlamentares exigem-no numa carta aberta ao primeiro-ministro, Jean Castex, publicada pelo Journal du Dimanche, onde a determinado ponto dizem: “Uma secção inteira de seres sencientes fica hoje sem protecção suficiente e cabe aos decisores políticos remediá-la”.

Este reclamado projecto de lei visa, entre outras, evitar a compra impulsiva de animais, o que segundo os seus mentores leva muitos ao abandono (cerca de 100.000 animais são abandonados anualmente em França); aumentar as penas nos casos de maus-tratos; proibir gradualmente a manutenção de animais em circos itinerantes e delfinários; a presença destes animais nas televisões, discotecas e festas privadas, assim como encerrar as fazendas de visons. Há quem veja algum exagero nestas medidas, algumas delas capazes de lançar mais gente no desemprego e de comprometer economicamente muitas actividades, num país onde a economia, mesmo sem a contribuição da pandemia, está bem longe dos seus melhores dias. Contudo, tudo leva a crer que com alguma salvaguarda ou emenda, o projecto de lei acabará por entrar em vigor.

Entre os signatários desta carta aberta estão Aurore Bergé, vice-presidente do grupo de deputados do LREM, Guillaume Gontard, líder dos ambientalistas no Senado, o pesquisador e ex-deputado do LREM Cédric Villani, e o vice-presidente do PS do Senado Laurence Rossignol. Cerca de 43 ONGs co-assinam o texto, incluindo a Fundação Brigitte Bardot, France Nature Environnement, L.214, PETA France e a Alliance Anticorrida, lutando esta última pela abolição das touradas, pela supressão de ferimentos e mutilações infligidos a animais nos eventos tauromáquicos e pela protecção de menores. 

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