quarta-feira, 19 de maio de 2021

ERRADICAR OS ARMINHOS DAS ILHAS ORKNEY

 

Antes de explicarmos o projecto de erradicação e qual o seu propósito importa dizer onde fica o Arquipélago das Ilhas Orkney, que está situado no Mar do Norte, a 16 km ao largo do norte da Escócia e que é constituído por 70 ilhas, das quais 20 são habitadas, sendo a maior The Mainland, a capital administrativa. A economia do arquipélago assenta sobre a indústria de produção de lã, carne, queijo, cerveja, whisky e nas plataformas petrolíferas que operam ao seu largo. Por sua vez o arminho (Mustela erminea) é um carnívoro mustelídeo de pequeno porte que pertence ao grupo das doninhas, espécie que ocupa todas as florestas temperadas, árticas e subárcticas da Europa, Ásia e América do Norte, havendo 38 subespécies de acordo com a sua distribuição geográfica.

Os arminhos são comuns em algumas partes da Escócia continental, mas só começaram a aparecer no Arquipélago das Orkney em 2010. O “Orkney Native Wildlife Project” foi lançado porque estes pequenos animais são considerados uma ameaça para a importante vida selvagem. O Sprocker Spaniel Scout, o Labrador Spud e English Springer Spaniel Thorn foram especialmente treinados para indicar o cheiro dos arminhos aos seus manipuladores. Eles fazem parte do projeto de erradicação, mas os cães não tentarão agarrar arminhos. 

O trio chegou no final de Abril e passou as últimas duas semanas em treino intensivo sendo depois colocados em contacto com os seus manipuladores com quem irão viver, porque os vínculos afectivos são fundamentais para que se constituam numa equipa eficaz. Estas 3 duplas estão prontas para começar o seu trabalho, que é considerado o maior projecto de erradicação de arminhos do mundo. Eles farão buscas regulares nas ilhas de "alto risco" próximas ao continente procurando arminhos. Essas ilhas não têm arminhos actualmente, mas estão a uma distância que pode ser nadada em relação às ilhas onde os arminhos se encontram.

As ilhas de Orkney mais ao norte podem estar protegidas por uma barreira de água eficaz, mas ilhas como Hoy, Shapinsay, Rousay e Flotta estão ao alcance de arminhos. O Orkney Native Wildlife Project recebeu autorização para operar e recebeu um financiamento de 6 milhões de libras em 2018. Naquele mesmo ano, Macca, um fox terrier, chegou a Orkney vindo da Nova Zelândia., passando vários meses no arquipélago a ajudar nos esforços de erradicação. Chris Bell, o oficial de biossegurança do projecto, disse que a chegada de Scout, Spud e Thorn "revolucionará completamente a capacidade de manter a biossegurança da ilha" e que “as medidas de biossegurança são essenciais para evitar que arminhos se espalhem das Orkney para outras ilhas, colocando mais vida selvagem nativa em risco e tornando o desafio de erradicá-los ainda maior.”

Frank Holmes, da associação treinadores caninos Kyrus, disse: "Foi um privilégio ter tido a oportunidade de treinar esses três cães detectores de arminhos e fazer parte deste projecto. Apesar de ter sido uma longa jornada para alcançar este estágio, valeu a espera conhecer os treinadores e ver o vínculo que eles começaram a desenvolver com cada cão." Grant Blackley, um dos treinadores de cães, acrescentou: "Depois de um longo ano de atraso devido à Covid-19, foi maravilhoso finalmente conhecer e começar a criar laços com os cães." O Orkney Native Wildlife Project é uma parceria entre a RSPB Scotland, a NatureScot e o Orkney Islands Council. Diz-se que a fauna nativa particularmente ameaçada pelos arminhos é o arganaz das Orkney, o harrier, a coruja-pequena e outras aves que nidificam no solo, como mergulhões de garganta vermelha, andorinhas do Ártico e maçaricos.

Que ninguém se iluda com o tamanho do arminho, porque se não é um predador de topo anda lá perto, um caçador solitário que prefere caçar durante a noite ou no crepúsculo, evoluindo aos ziguezagues e capaz de percorrer 15 km numa só noite. As suas presas preferenciais são pequenos roedores, insectos, anfíbios, pequenas aves e frequentemente os seus ovos e juvenis. É um excelente trepador de árvores e um bom nadador, podendo também caçar crustáceos e peixes. Alegra-nos saber que o número de cães dedicado à defesa da vida selvagem não pára de aumentar, amigos que trabalham para que tenhamos um mundo melhor.

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