Antes
de explicarmos o projecto de erradicação e qual o seu propósito importa dizer
onde fica o Arquipélago das Ilhas Orkney, que está situado no Mar do Norte, a
16 km ao largo do norte da Escócia e que é constituído por 70 ilhas, das quais
20 são habitadas, sendo a maior The Mainland, a capital administrativa. A
economia do arquipélago assenta sobre a indústria de produção de lã, carne,
queijo, cerveja, whisky e nas plataformas petrolíferas que operam ao seu largo.
Por sua vez o arminho (Mustela erminea) é um carnívoro mustelídeo de pequeno
porte que pertence ao grupo das doninhas, espécie que ocupa todas as florestas
temperadas, árticas e subárcticas da Europa, Ásia e América do Norte, havendo
38 subespécies de acordo com a sua distribuição geográfica.
Os arminhos são comuns em algumas partes da Escócia continental, mas só começaram a aparecer no Arquipélago das Orkney em 2010. O “Orkney Native Wildlife Project” foi lançado porque estes pequenos animais são considerados uma ameaça para a importante vida selvagem. O Sprocker Spaniel Scout, o Labrador Spud e English Springer Spaniel Thorn foram especialmente treinados para indicar o cheiro dos arminhos aos seus manipuladores. Eles fazem parte do projeto de erradicação, mas os cães não tentarão agarrar arminhos.
O trio chegou no final de Abril e passou as últimas
duas semanas em treino intensivo sendo depois colocados em contacto com os seus
manipuladores com quem irão viver, porque os vínculos afectivos são
fundamentais para que se constituam numa equipa eficaz. Estas 3 duplas estão
prontas para começar o seu trabalho, que é considerado o maior projecto de
erradicação de arminhos do mundo. Eles farão buscas regulares nas ilhas de
"alto risco" próximas ao continente procurando arminhos. Essas ilhas não
têm arminhos actualmente, mas estão a uma distância que pode ser nadada em
relação às ilhas onde os arminhos se encontram.
As
ilhas de Orkney mais ao norte podem estar protegidas por uma barreira de água
eficaz, mas ilhas como Hoy, Shapinsay, Rousay e Flotta estão ao alcance de
arminhos. O Orkney Native Wildlife
Project recebeu autorização para operar e recebeu um financiamento de 6
milhões de libras em 2018. Naquele mesmo ano, Macca, um fox terrier, chegou a
Orkney vindo da Nova Zelândia., passando vários meses no arquipélago a ajudar
nos esforços de erradicação. Chris Bell, o oficial de biossegurança do projecto,
disse que a chegada de Scout, Spud e Thorn "revolucionará completamente a
capacidade de manter a biossegurança da ilha" e que “as medidas de
biossegurança são essenciais para evitar que arminhos se espalhem das Orkney
para outras ilhas, colocando mais vida selvagem nativa em risco e tornando o
desafio de erradicá-los ainda maior.”
Frank
Holmes, da associação treinadores caninos Kyrus, disse: "Foi um privilégio
ter tido a oportunidade de treinar esses três cães detectores de arminhos e
fazer parte deste projecto. Apesar de ter sido uma longa jornada para alcançar este
estágio, valeu a espera conhecer os treinadores e ver o vínculo que eles
começaram a desenvolver com cada cão." Grant Blackley, um dos treinadores
de cães, acrescentou: "Depois de um longo ano de atraso devido à Covid-19,
foi maravilhoso finalmente conhecer e começar a criar laços com os cães."
O Orkney Native Wildlife Project é
uma parceria entre a RSPB Scotland, a
NatureScot e o Orkney Islands Council. Diz-se que a fauna nativa particularmente
ameaçada pelos arminhos é o arganaz das Orkney, o harrier, a coruja-pequena e
outras aves que nidificam no solo, como mergulhões de garganta vermelha,
andorinhas do Ártico e maçaricos.
Que ninguém se iluda com o tamanho do arminho, porque se não é um predador de topo anda lá perto, um caçador solitário que prefere caçar durante a noite ou no crepúsculo, evoluindo aos ziguezagues e capaz de percorrer 15 km numa só noite. As suas presas preferenciais são pequenos roedores, insectos, anfíbios, pequenas aves e frequentemente os seus ovos e juvenis. É um excelente trepador de árvores e um bom nadador, podendo também caçar crustáceos e peixes. Alegra-nos saber que o número de cães dedicado à defesa da vida selvagem não pára de aumentar, amigos que trabalham para que tenhamos um mundo melhor.
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