Não
usamos os obstáculos humanos como um fim em si mesmo ou como uma recriação
circense, muito embora possamos usá-los em locais onde não há outros ou nas
exibições escolares, quando constituídos por elementos do público no intuito de
captar a sua atenção e interesse. O verdadeiro objectivo dos obstáculos humanos
é libertar os cães do medo das pessoas, mostrar-lhes que elas estão ao seu
alcance e que podem vencê-las. Como o receio das pessoas pode ser responsável
pela descarga sobre outros cães e demais animais domésticos, os obstáculos
humanos podem servir para redireccionar os cães para os alvos certos. Assim, a
transposição de obstáculos deste tipo, atendendo ao seu propósito, tanto pode
constar dos currículos de obediência, ginástica ou guarda, uma vez que a sua
abrangência é multidisciplinar. No princípio da sua transposição, para atenuar
a resistência e o receio dos cães, colocamos uma pessoa por detrás de um
obstáculo vertical dentro da curvatura natural e salto. Depois de alguns saltos
assim, quando os animais já se acostumaram às pessoas, o obstáculo é retirado e
os cães são convidados para saltar somente as pessoas.
Quando
os cães já tiverem assimilado naturalmente o “Up” sobre as pessoas, é chegado o
momento de convidá-los a fazer o “abaixo” para passarem por baixo delas. Tanto
este exercício como os dois anteriores podem e devem ser feitos primeiro à
trela, não para que tenham um carácter obrigatório, mas para que cães possam
contar com o auxilio e o incentivo de quem os segura pela trela. Como se
antevê, sempre será mais fácil para os cães saltar por cima de um desconhecido
do que rastejar por baixo deles, o que realça a importância do apoio dos donos
na resolução do “abaixo” a efectuar pelos cães.
Finalmente,
quando o “up” e o “abaixo” estiverem assimilados, é altura de variarmos as
ordens e de alternarmos os dois comandos para combatermos as más associações
caninas e reforçarmos a liderança. Posteriormente, como fazemos com os outros
obstáculos e de acordo com o potencial atlético dos cães, podemos aumentar tanto
a altura como a extensão dos obstáculos humanos. Quando importa que os cães em
classe percam totalmente o medo das pessoas e como encerramento destes trabalhos,
tanto no momento do “Up” como no de “abaixo”, as pessoas transformadas em
obstáculo gritarão primeiro individualmente e depois em uníssono. A indiferença
ao barulho produzido pela gritaria mostrará que os cães alcançaram o objectivo
pretendido. Muito mais haveria a dizer sobre este assunto, mas di-lo-emos numa
outra oportunidade.
Participaram nos nossos trabalhos deste fim-de-semana os seguintes binómios: Gonçalo/Ária; Jorge/Soneca; José António/Doc; José Maria/Jay; José Maria/Süße; Noé/Ruky; Paulo/Bohr; Pedro Baptista/Lord; Pedro Rodrigues/Luna e Tomás/Dingo. Colaboraram nas nossas actividades escolares os seguintes jovens: Joana Salgado. Luis Silva e Pedro Martins. A reportagem fotográfica teve vários autores e a sua montagem coube ao Paulo Jorge. Apraz-nos registar que mais de 80% dos nossos condutores já conduzem os seus cães em liberdade, o que demonstra o bom andamento dos trabalhos escolares e a superior dedicação dos seus binómios.
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