domingo, 30 de maio de 2021

NÓS POR CÁ: A MARQUISE DO RONALDO

 

Adianto desde logo que não tenho qualquer animosidade contra este jogador de futebol, que não sofro de nenhuma “clubite aguda” e que o cidadão Ronaldo é-me totalmente indiferente, não me sentido nem mais nem menos português por causa dele. Agora, à medida que lhe vão faltando as “canetas”, por mais doações que faça depois de ter fugido aos impostos em Espanha, enquanto novo-rico que se julga acima das leis que afectam os comuns mortais, este madeirense irá sofrer a segunda fase da sua ascensão como vedeta e milionário bem-sucedido. É hábito em Portugal, na 1ª fase de ascensão dos novos-ricos, que todos se rendam ao seu sucesso e que sejam admirados. Na segunda fase passam de admirados a invejados e muitos não hesitarão em mordê-los e roê-los de todas maneiras possíveis, vindo disto a história da sua marquise clandestina no apartamento milionário que comprou em Lisboa, preço obrigado a pagar por ser figura pública, pois caso fosse um comum e ignoto cidadão que se desse bem com os vizinhos, aquela marquise passaria despercebida e ninguém se queixaria dela.

Estou-me literalmente borrifando se a dita marquise vai ser demolida ou não, o que eu não aguento é a importância que é dada ao assunto, a notícia mil vezes repetida, o empolgamento dos pivots, os comentários dos implicados, a algazarra e o enredo à volta de uma simples marquise no topo de um prédio. Como seria de esperar e à falta de melhor assunto, a marquise vende e rende enquanto outros se preparam, longe destas patranhas, para deitar a mão ao dinheiro europeu da “bazuca”, descartando a hipótese de pagar as dívidas, roubos e desfalques que dizem nunca ter contraído, assistindo a tudo isso o exagerado número de portugueses no limiar da pobreza, que caso não satisfaçam as suas dívidas, ninguém os livra da prisão. Ao ver tudo isto, e não é preciso ser-se muito esperto, o futebolista também se acha no direito de erigir uma marquise sem dar cavaco a ninguém, independentemente de ser uma ameaça para os aviões, para a cidade e para os cidadãos seus patrícios, muitos deles que o veneram como um ídolo. Desejo ardentemente que o Ronaldo não caia da dita marquise, porque doutro modo jamais nos livraremos dela.

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