Insecticidas
altamente tóxicos usados em cães e gatos para matar pulgas estão A envenenar
rios por toda a Inglaterra, revelou um estudo. A descoberta é “extremamente
preocupante” para os insectos aquáticos, para os peixes e pássaros que dependem
deles, disseram os cientistas, que esperam danos ambientais significativos. A
pesquisa encontrou fipronil em 99% das amostras de 20 rios e o nível médio de
um produto de decomposição particularmente tóxico do pesticida estava 38 vezes
acima do limite de segurança. O fipronil e outro agente nervoso chamado
imidaclopride, encontrado nos rios, foram proibidos de usar na agricultura durante
alguns anos. Existem cerca de 10 milhões de cães e 11 milhões de gatos no Reino
Unido, com cerca de 80% a receber tratamentos contra pulgas, sejam eles necessários
ou não. Os pesquisadores disseram que o uso generalizado de tratamentos contra
pulgas deve ser desencorajado e que é necessária uma nova regulamentação. Actualmente,
os tratamentos contra pulgas são aprovados sem avaliação de danos ambientais.
“O
fipronil é um dos produtos contra as pulgas mais comummente usados e estudos
recentes mostraram que ele se degrada em compostos que são mais tóxicos para a
maioria dos insectos do que o próprio fipronil”, disse Rosemary Perkins da
Universidade de Sussex, que liderou o estudo. “Os nossos resultados são
extremamente preocupantes.” O professor Dave Goulson, também da Universidade de
Sussex e que fez parte da equipa de investigação, disse: “Não conseguia
acreditar que os pesticidas eram tão comuns. Os nossos rios são rotineira e
cronicamente contaminados com esses dois produtos químicos. “O problema é que
esses produtos químicos são muito potentes, mesmo em pequenas concentrações.
Acreditamos que eles tenham impactos significativos na vida dos insectos nos
rios.” Um tratamento contra pulgas de um cão de tamanho médio com Imidacloprid
contém pesticida suficiente para matar 60 milhões de abelhas, fez saber este
mesmo professor.
O
primeiro relato de níveis elevados de neonicotinóides como o imidaclopride em
rios veio em 2017 do grupo conservacionista Buglife, muito embora esse estudo
não incluísse fipronil. Os insectos aquáticos são conhecidos por serem
vulneráveis aos neonicotinóides e pesquisas holandesas mostraram que a poluição
crónica dos cursos de água levou a uma queda acentuada no número de insectos e
na de pássaros. Os insectos aquáticos estão também a diminuir devido à poluição provocada
pelas explorações agrícolas e pelos esgotos, encontrando-se apenas 14% dos rios
ingleses com boa saúde ecológica. O novo estudo, publicado na revista Science
of the Total Environment , inclui quase 4.000 análises de amostras colectadas
pela Agência Ambiental em 20 rios ingleses entre 2016 e 2018. Estes variaram do
River Test em Hampshire ao River Eden em Cumbria. O fipronil foi detectado em
99% das amostras e um produto de degradação altamente tóxico chamado fipronil
sulfona foi encontrado em 97%. As concentrações médias foram respectivamente 5
e 38 vezes maiores do que seus limites de toxicidade crónica.
Como
o Reino Unido não tem limite oficial para estes produtos químicos, os
cientistas valeram-se de uma avaliação de 2017 produzida para um conselho de controle
de qualidade da água na Califórnia. O imidaclopride foi encontrado em 66% das
amostras e estava acima dos limites de toxicidade em 7 dos 20 rios. O fipronil
foi proibido de ser usado nas explorações agrárias em 2017, mas era pouco usado
antes disso. O imidaclopride foi proibido em 2018 e também foi relativamente
pouco usado nos últimos anos. Os pesquisadores encontraram os níveis mais altos
de pesticidas a jusante das estações de tratamento de água, mostrando que as
áreas urbanas eram a principal fonte e não as terras agrícolas. Já se sabia que
a lavagem de animais de estimação despejava fipronil em esgotos e rios, rios
que são também contaminados quando os cães nadam neles. “Têm que ser os
tratamentos contra pulgas que estão a causar a poluição”, disse Goulson.
“Realmente, não há outra fonte concebível.”
Existem
66 produtos veterinários licenciados contendo fipronil e 21 contendo
imidaclopride no Reino Unido, muitos dos quais são vendidos sem receita. Muitos
animais de estimação são tratados todos os meses, seja o tratamento contra
pulgas necessário ou não. Isso precisa ser reconsiderado, disseram os
cientistas, principalmente no inverno, quando as pulgas são menos comuns. A
nova regulamentação também deve ser considerada, eles disseram, como exigir
prescrições para os tratamentos e avaliar o risco ambiental antes de serem
aprovados para uso. “Quando você começa o uso em grande escala de qualquer tipo
de pesticida, geralmente há consequências imprevistas”, disse Goulson. ”Decididamente,
algo não correu bem. Não há um processo regulatório para este risco específico
e fica claro que é preciso haver.” Matt Shardlow, da Buglife, disse: “Passaram
três anos desde que destacámos pela primeira vez o risco para a vida selvagem
dos tratamentos antipulgas e nenhuma acção reguladora foi tomada. A maciça
superpoluição de todos os corpos d'água com fipronil é chocante e há a necessidade
urgente do governo proibir o uso de fipronil e imidaclopride no tratamento contra
as pulgas ”. Shardlow realçou que toneladas destes insecticidas continuam a ser
aplicados todos os anos em animais de estimação.
Perante as conclusões deste estudo, proprietário canino preocupado com o planeta, com as alterações climáticas, com o equilíbrio dos mais variados ecossistemas e defensor dos bem-estar dos animais, antes de entrar num rio para banhar o seu cão, no mínimo, deverá tirar a coleira antiparasitas do animal e se porventura quiser levar as coisas mais a sério, lavará primeiro o cão para libertá-lo dos produtos tóxicos presentes na sua pele e manto, responsáveis pela morte de insectos aquáticos, peixes e aves. Já revelámos tratamentos naturais contra as pulgas nos artigos “PARA USAR ANTES DE UMA LONGA CAMINHADA OUTONAL” e “CÃO SEM PULGAS E A CASA A CHEIRAR A MENTA E EUCALIPTO”, ambos editados no dia 10 do corrente mês. Oportunamente divulgaremos mais.
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