É
do conhecimento geral que as carraças transmitem doenças desagradáveis como a
Doença de Lyme e a bactéria que causa a mortal Febre Maculosa das Montanhas
Rochosas, com variantes espalhadas em todo o mundo, incluindo no Mediterrâneo e
no Médio Oriente. Com as alterações climáticas que tem levado ao aquecimento
global, pesquisadores da Universidade da Califórnia, Davis, da School of
Veterinary Medicine, descobriram que as carraças que normalmente se alimentam
dos cães, preferem os humanos quando as temperaturas sobem, o que é um claro
sinal de que as mudanças climáticas podem expandir e intensificar os riscos de
doenças humanas, segundo o parecer de um estado levado a cabo por cientistas da
Universidade atrás citada. “O nosso trabalho mostrou que, quando o tempo fica
quente, devemos estar mais vigilantes em relação às infecções da Febre Maculosa
das Montanhas Rochosas em humanos”, disse a veterinária Laura Backus que
liderou o estudo. “Descobrimos que quando as temperaturas aumentaram de 74 para
100 graus Fahrenheit (de 23,3 para 37,7 graus
celsius), as carraças castanhas dos cães que transmitem a doença tinham
2,5 vezes mais probabilidade de preferir os humanos aos cães”, concluiu.
Os
casos de febre maculosa das Montanhas Rochosas e doenças relacionadas,
conhecidas colectivamente como rickettsiose da Febre Maculosa, aumentaram
dramaticamente nos últimos 20 anos. A Rickettsia conorii, uma variante da
doença, é responsável pela Febre Maculosa no Mediterrâneo, no Médio-Oriente e
em partes da África e da Europa, incluindo Tunísia, Líbia, Israel, Sardenha (Itália),
Portugal e Argélia. A carraça castanha do cão, que tem o nome latino
Rhipicephalus sanguineus, é o principal vetor da R. conorii, responsável pela Febre
Maculosa no Mediterrâneo e no Médio-Oriente. Além das carraças, as riquétsias
também podem ser transmitidas pelas pulgas. A riquetsiose da Febre Maculosa é
tratável com antibióticos quando detectada na primeira semana de infecção, mas
uma vez a infecção instalada, a taxa de mortalidade para as vítimas da
riquetsiose da Febre Maculosa pode exceder os 20%. As complicações podem
incluir vasos sanguíneos danificados; inflamação do coração, pulmões ou
cérebro; e insuficiência renal. Backus disse que há indícios em trabalhos
anteriores de que as carraças castanhas encontradas em todo o mundo, podem ser
mais agressivas com os humanos em climas quentes.
Backus
e seus colegas da UC-Davis queriam obter informações mais conclusivas acerca do
aumento das temperaturas poder elevar o risco de infecções transmitidas por carraças.
Para a experiência, construíram duas grandes caixas de madeira medindo cerca de
3 pés de altura (91,44 cm) e 2 pés de largura (60,96 cm), que foram ligadas
entre si por um tubo de plástico transparente, colocando um humano numa caixa e
um cão na outra, com as carraças dentro do tubo central de plástico
transparente, desenvolvendo a partir daí uma série de testes. Os pesquisadores observavam,
em intervalos de 20 minutos, se as carraças, que procuram hospedeiros para se
alimentar com base no cheiro, preferiam os cães ou os humanos, valendo-se do voluntariado
de estudantes- primeiro em temperaturas de cerca de 23,3 graus Celsius (74
graus Fahrenheit) e depois a 100 graus Fahrenheit (37,8 graus Celsius). Backus
disse que em temperaturas mais elevadas, um tipo de carraça castanha dos cães,
conhecido como carraça de linhagem tropical, foi especialmente decisivo na
mudança das suas preferências dos cães para os humanos. “Acreditamos que esta
preferência diminuída por cães - combinada com um ligeiro aumento na
preferência por humanos - sugere que as temperaturas altas também podem elevar
os riscos de Febre Maculosa das Montanhas Rochosas em áreas onde carraças
temperadas são mais comuns”, concluiu Laura Backus.
Devido ao aquecimento global, três coisas ficaram claras neste estudo: que vamos ter carraças durante mais meses, que preferirão os humanos como hospedeiros e que estes por causa disso correrão maiores riscos para a sua saúde.
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