Quanto
mais conheço os irlandeses, maior admiração lhes tenho, que de um jeito ou de
outro, sempre acabam por surpreender-me. O Jardim Zoológico de Dublin, inaugurado
em 10 de Maio de 1831, o 4º mais antigo do mundo, viu-se privado de recursos
pela actual pandemia e por longos meses de encerramento, porque é sustentado na
sua maior parte pelos visitantes e o seu fundo de emergência chegou ao fim.
Perante esta situação desesperada, a administração do Zoo lançou um apelo
original por ajuda, permitindo que doadores generosos escolhessem um ou mais
animais para patrocinar (já o fizemos aqui).
Com
o aproximar do Natal, apesar das dificuldades que afectam todos os sectores da
sua economia, os irlandeses acolheram a ideia como um presente muito útil e responderam
de forma massiva: o país tem apenas 5 milhões de habitantes, mas 2,3 milhões de
euros foram arrecadados em menos de uma semana, o que evidencia um alto
espírito de cidadania, apesar de serem necessários pelo menos 500 mil euros
mensais para alimentar os 400 animais que vivem actualmente no Zoo de Dublin.
Um
pouco carregado com o fluxo de doações e mensagens de apoio, o director
Christoph Schwitzer e a sua equipa de 113 funcionários tentam responder a
todos. Os elefantes e os gorilas são os que têm alcançado maior número de
patrocinadores e uma classe da escola primária da cidade de Letterkenny, no Condado
de Donegal, decidiu adoptar um orangotango, o que demonstra o apego dos
irlandeses, adultos e crianças, ao seu Zoo, uma verdadeira instituição para o
país, já que dos 1,2 milhões de visitantes no ano transacto, 90% eram
irlandeses.
Por enquanto, todos os animais podem dormir e comer em paz, mas a administração diz que ainda podem estar em perigo, se entretanto não receber uma audiência antes da próxima primavera. Estamos em crer que receberá, que o governo não ousará ir contra a vontade dos seus cidadãos, que prontamente socorreram o seu zoo num movimento de cidadania a todos os títulos louvável.
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