Ontem,
domingo, por volta das 14h00, no município austríaco de Kennelbach, no distrito
de Bregenz, estado de Vorarlberg, um casal que passeava descontraidamente,
cruzou-se a determinada altura com um homem a rondar os 30 anos, que se fazia
acompanhar por um cruzado de Rottweiler, cão que segundo ele era muito
confiável e que podia ser acariciado. A jovem, com 28 anos de idade, acreditou
nas palavras daquele homem e acariciou o animal. No entanto, quando ela parou de
acariciá-lo, o cão mordeu-lhe levemente uma das coxas. A polícia pede ao dono
do cão e/ou às pessoas que observaram o acidente que se apresentem na esquadra
de Wolfurt, adiantando como é hábito um número de telefone.
Como
não são poucas as pessoas que acabam mordidas nestas circunstâncias, por razões
que se prendem com o proprietário do animal, com o cão e com a ingenuidade de
quem o acaricia, iremos esclarecer as principais razões por detrás destas
agressões e adiantar procedimentos capazes de evitá-las. Há por aí donos,
felizmente poucos que, por pura maldade, prestam falsas informações sobre os
cães que conduzem, dizendo-os mansos para se divertirem com a aflição e dolo
alheios, mostrando-se depois pretensamente surpresos como se estivessem perante
uma novidade (“ele nunca tinha feito isto antes”). Outros há, ainda mais
perigosos que os anteriores, mas também em número mais reduzido, que se aproveitam
da inocência dos incautos para aprimorar os seus cães na defesa pessoal e no
escorraçar de intrusos.
Mas
como a esmagadora maioria dos proprietários caninos, não procura nem uma coisa
nem outra, somente o bem-estar dos seus cães. Quando eles mordem alguém, tal
ficar-se-á a dever a 1 dos 3 factores que vamos adiantar ou até à sua
totalidade. São eles: a impropriedade da liderança, a ausência de controlo e a
instigação involuntária por parte da vítima. Pelo que acabámos de dizer, quando
pretendermos acariciar um cão, em abono da nossa segurança e salvaguarda da
nossa integridade, não devemos fixar-nos somente no cão, mas também e em
primeiro lugar no seu dono, para que através da sua postura, mímica e discurso consigamos
descortinar as suas intenções e o controlo que tem sobre o animal. ATENÇÃO: nunca
faça festas a um cão desconhecido com ele ao lado do dono, motivo mais do que suficiente
para que você venha a ser atacado, ao ser considerado um intruso. Ao invés,
deverá chamar o animal para si, mas com o dono a segurá-lo pela trela e, só depois
de avaliá-lo, deverá avançar para a festa.
Para
além dos estereótipos atrás descritos, há ainda outro inequivocamente patológico
que se prende com o gosto de aterrorizar os demais, geralmente encontrado em
indivíduos entre os 16 e os 35 anos de idade. Sobre o comportamento dos donos e
a sua identificação, importa reconhecer as seguintes diferenças para não sermos
enganados. Na maioria dos casos (há excepções) os proprietários caninos que
pretendem causar-nos dolo, mostram-se confiantes e levemente sorridentes,
tentando atrair as atenções sobre si e menos para os cães, para que o seu
discurso nos leve ao engano, sendo normalmente controlados de mímica para não
denunciarem a verdadeira natureza dos cães que conduzem. Quando lhes é
perguntado se é possível acariciar os seus cães, eles respondem imediatamente
que sim e sem qualquer problema, permanecendo erectos e sem olhar para os animais,
para que a sua postura não os iniba de alguma forma, enquanto os outros ingenuamente
se dobram e vão ao encontro dos cães.
Procedimento
diverso têm aqueles que optam por sociabilizar os seus cães e integrá-los
harmoniosamente na sociedade, porque ao consentir que lhes façam festas,
advertem primeiro os animais para os excessos e ensinam depois aos seus
admiradores a acariciá-los correctamente, exemplificando primeiro e quantas vezes
for necessário, para que tudo decorrer sem qualquer novidade desagradável ou
imprevisto traumático – pacificamente. Quando lhes perguntam se podem fazer
festas aos seus cães, eles dizem que sim e alegram-se disso, mas também são
lestos a afirmar que há regras a respeitar para o bem de todos. Com líderes
destes sempre estaremos em segurança e os seus cães acabarão, mais cedo ou mais
tarde, por ser nossos amigo.
Os
proprietários caninos que dificilmente controlam os seus cães, mostram-se mal-humorados,
evoluem a reboque, trazem os animais à trela curta, desfilam justificadamente
cansados, fogem do contacto com outras pessoas e animais, tremem perante a
hipótese de alguém tentar afagar os seus cães e ralham-lhes continuamente,
havendo alguns que saem à rua munidos de um cacete para sanar qualquer peleja
imprevista. Estes, raramente anuem ao desejo alheio de acariciar os seus cães e
só estão bem quanto voltam a casa, desertos de se livrar do seu suplício. Pelo
sim, pelo não, porque a agressividade passa com facilidade dos donos para os
cães, o melhor que há a fazer é procurar outros para acariciar.
A compreensão
da mímica canina deve anteceder o nosso desejo de acariciar cães e isto deve
ser ensinado às crianças mal tenham algum senso de responsabilidade,
porque as nossas boas intenções podem ser inadequadas e obter como resposta algo
não esperávamos. Os cães que aceitam festas de toda a gente não são muito
comuns, sendo mais os que as detestam do que aqueles que as aceitam. Os que as
aceitam e com os quais estamos à vontade, têm uma mímica própria pela qual
podem ser identificados: esticam a cabeça para nós, abatem as orelhas para
trás, lambem-nos as mãos, abanam a cauda e gemem ou ladram dolentemente para
que lhes toquemos, havendo inclusive alguns que se viram de barriga para cima
perante a nossa aproximação. Agora, quando um cão permanece tenso, imóvel, de
olhar fixo, orelhas viradas para a frente e de cauda imóvel, abatida ou levantada
em arco, e rosna-nos perante aproximação, o melhor é desistir da intenção,
porque tudo indica que irá atacá-lo.
Quanto a si, caro leitor, jamais deverá fazer festas a um cão se o temer, porque nem a si se engana, quanto mais ao cão! Os cães conseguem identificar com facilidade quem os teme e costumam tirar parido disso, não hesitando em carregar sobre os mais fracos ou sobre aqueles que lhes causam alguma suspeição. Para os cinófobos, que são gente como nós, existem cães especialmente treinados para ajudá-los a vencer o medo ou o trauma, animais cujo comportamento dócil não exala qualquer tipo de temor. Perante o sucedido em Kennelbach e diante dos comportamentos dos donos atrás descritos, em qual deles poderíamos colocar o dono do cão?
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