O Slinky é um cachorro
Rottweiler com 7 meses de idade, agora com 35 kg, muito dedicado ao dono e
simpático para toda a gente, em particular com as crianças que adora, o que
atendendo ao que por aí se diz da sua raça parece milagre, quando na verdade
não é, porque ela é das mais meigas e cuidadosas dentro do panorama da
canicultura mundial (os cães são hoje usados e abusados na política como nunca
foram). Voltando ao Slinky, ele foi mais uma vez convidado para um treino
urbano, orientado para a fixação dos mais diversos comandos direccionais
passíveis de lhe robustecer o carácter e de melhor o apetrechar para a missão
que lhe caberá. E porque se trata de um Rottweiler, nada melhor que usar um
churro como estímulo e recompensa.
O cachorro, que é muito
apreciado pela vizinhança pela simpatia e educação, é inúmeras vezes visto
empoleirado em muros tal qual gato, servindo-se deles como passadeiras para
aumentar a sua concentração e equilíbrio, o que não deixa de espantar quem o vê
pelo peso e envergadura.
Do seu treino diário fazem
parte diversas escadas, que ele sobe e desce conforme orientação do seu dono,
fazendo-as na frente quando sobe e atrás quando desce. E tudo isto porquê? Porque
importa melhorar-lhe os aprumos dianteiros, robustecer-lhe a garupa e melhorar
os seus ritmos vitais.
Graças a este tipo
específico de treino, ele consegue subir e descer encostas e até escarpas bastante íngremes e de difícil acesso, servindo de âncora ou subsídio de
tracção ao dono que o acompanha por toda a parte, porque importa que sejam um
binómio de elevada qualidade face e multifacetado, simultaneamente próprio para
defesa e para resgatar.
Esta preocupação com as abrangências
do resgate, somadas à necessidade da boa forma física, obrigam-no a levar de
vencida todos os obstáculos artificiais que encontra no seu quotidiano,
independentemente da sua forma, dimensão e grau de dificuldade, desde que ao seu alcance.
E porque importa que a sua
obediência seja inquestionável, porque doutro modo poderá acabar abatido sem
apelo nem agravo, diariamente é convidado para uma variedade considerável de
exercícios, que para além da obediência, ainda se prestam à sua descontracção e
supercompensação, porquanto são do seu agrado e oferecem recompensa.
É impensável, tanto para
os cães de guarda como para os de resgate e salvamento, desprezar o treino em
túneis, quer estes se encontrem à superfície ou no subsolo. Como hoje o Slinky
não tinha nenhum túnel por perto, acabámos por “fabricar” um com cinco cadeiras
de esplanada, gentilmente oferecidas pela Cerveja Sagres. Como se pode ver na
foto seguinte, o Rottweiler depressa aprendeu a fazer “abaixo” na perfeição.
Com uma carrinha de caixa
aberta ao dispor, pensando na evasão do cão, na sua salvaguarda e uso, acabámos
por convidá-lo a rastejar por debaixo dela, nomeadamente pela sua parte mais
baixa, debaixo do depósito de combustível. Ao fim de dois ou três ensaios, o
bom do Slinky acabou por fazer o exercício em liberdade e de modo célere.
Chama-se na língua francesa
de “savateur”
ao praticante de “savate”, uma luta francesa, do tipo kickboxing, oriunda do
Séc. XVIII, que nasceu em alto mar e que acabou por desembarcar nas ruas de
norte a sul de França. Se entendermos o treino canino como o melhor dos
subsídios para a sobrevivência dos cães, então somos obrigados a considerar o
Slinky como um savateur, porque todos os dias treina e luta nas ruas pelo seu
bom-nome e sobrevivência.
Mais uma vez agradecemos
ao seu dono e condutor o entusiasmo que dispensa ao treino e o carinho que lhe
dedica. Se todos os donos dos Rottweilers do passado recente fossem tão
responsáveis quanto ele, aqui e noutros lados, talvez esta excelente raça
jamais viesse a ser indexada e estigmatizada como é hoje. Parabéns Tomás, não
estás só!
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