sexta-feira, 13 de outubro de 2017

NÓS POR CÁ: O CENTENÁRIO DAS APARIÇÕES DE FÁTIMA

Mesmo para aqueles que não acreditam em Fátima, como é o meu caso, poucos ficam indiferentes às multidões que atrai, à sua unidade “litúrgica” e mensagem emocional.  Não faltam incrédulos, iconoclastas e ateus nesta mega manifestação do culto mariano, gente que se serve dele para objectivos estranhos à religião mas tangentes aos interesses de cada um - financeiros, políticos e sociais, que não dispensam o populismo e os banhos de multidão para agarrarem influência, poder e fortuna, propósitos que servem em primeira instância à própria igreja católica portuguesa, hábil desde sempre em virar de pernas para o ar os bolsos de cada inocente peregrino, mercê da crendice que obviamente não lhe interessa extirpar do povo e que cada vez mais o afasta da figura de Cristo e da Redenção que alcançou para todos.
A actual direcção do Santuário não pode perder o comboio e tem que fazer contas à vida, cativar outros e novos peregrinos, porque a morte está a rondar os mais idosos e a idolatria tem que estender-se às nossas gerações, clientela que por norma é mais exigente e menos crédula. Dando seguimento a essa estratégia económica, desta vez fomos surpreendidos com projecções do Papa nas paredes da Basílica, para além da participação do Coro e da Orquestra da Fundação Gulbenkian, enriquecimento cultural e estético que não é gratuito e muito menos inocente, já que o tesouro precisa de mais e maiores donativos.
Quanto à teologia, continua a assistir-se à trapalhada do costume, porque ela não pode ser contrária a quem a sustenta ou levar ao apertar do cinto de quem vive dela. Todos sabemos pelos Evangelhos que temos apenas um intercessor diante de Deus: Cristo, que mediante o seu sacrifício vicário garantiu a Vida Eterna para toda a Humanidade. Ali em Fátima o que interessa vender é incerteza da Salvação, arranjar um intermediário para chegar ao Filho de Deus, “uma Senhora de Luz” que se agrada de negócios, faça milagres por encomenda, obrigue a sacrifícios e se compraza com um cofre cheio. Contra isto não há Papa que resista, sendo melhor seguir a tendência do que denunciá-la, vender umas quantas moeditas relativas ao Centenário das Aparições do que ficar a chuchar no dedo.
Com teólogos destes, o Papa está a pregar em saco roto e dificilmente conseguirá devolver ao povo a Boa Nova do Evangelho durante o seu episcopado. Estou convencido e espero estar redondamente enganado, que mais depressa o matarão do que darão ouvidos ao Evangelho! E digo isto porquê? Porque assim procederam com Cristo, muito embora um e outro tenham pouco em comum, a menos que os extremos se toquem.

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