Daqui a pouco, se a chuva
não chegar e a situação não se alterar, raras serão as famílias portugueses que
não terão um familiar de alguma forma afectado pelos recentes e intermináveis
incêndios. Em muitas áreas do Norte e Centro do País, o reforço dos bombeiros é
o empenho popular, esforço que não dispensa ninguém face à tragédia que sobre
todos se abate. No meio das labaredas e com as primeiras habitações a arder,
quem tudo vê perder, solta exclamações do género: “Valha-me Nossa Senhora!”, “Louvado
seja Deus!” e “Anda o diabo à solta!”. Será o príncipe das trevas que andará
solto nas matas ou serão os interesses encobertos de alguns bandidos? Inclino-me
sinceramente para a segunda opção, porque Deus já venceu o diabo e os bandidos teimam
em largar-nos da mão!
Para além do necessário
reordenamento florestal, face a esta cruel política de terra queimada, porque
nenhum conseguirá evitar que ela se repita, importa levar a cabo uma auditoria,
internacional de preferência, para se descobrir de uma vez por todas a quem interessam
estes incêndios, a insegurança das populações, a desertificação do interior, um
novo parcelamento dos terrenos e o empobrecimento do País? Não me custa a
acreditar, sem enveredar por nenhuma teoria de conspiração, que por detrás de
tudo isto estejam interesses maiores que assalariam pirómanos de circunstância.
À parte disto, na porca política que se vive nesta 3ª República, diante da
morte dos nossos irmãos/concidadãos e da miséria de muitos mais, é deveras
nojento e asqueroso que uns não sei quantos “condes de Abranhos” tentem tirar
daí vantagens políticas, como se o fogo fosse o seu melhor aliado. De que
valerão para o povo as suas hipotéticas vitórias partidárias? Se tiverem algum
préstimo será somente na boca dos seus mentores.
Assim como todos somos
poucos para ajudar os bombeiros, só unidos podemos vencer quem nos quer ver feitos em cinzas.
Sem comentários:
Enviar um comentário