Finalmente uma equipa de
investigadores da Universidade Fairbanks do Canadá, chefiada pelo Dr. Karsten
Hueffer (na foto seguinte), conseguiu descobrir como o vírus da raiva consegue
mudar o comportamento do animal infectado, ao detalhar o seu mecanismo
molecular. Uma molécula chamada “glicoproteína”, presente na superfície do
vírus da raiva, consegue ligar-se aos receptores nicotínicos de acetilcolina
nos músculos, levando o vírus a penetrar e a sequestrar células musculares e
nervosas, onde se réplica e viaja para infectar o cérebro, os nervos e outros
tecidos. Comprovando a acção da glicoproteína por injecção em ratos, esta
equipa de cientistas alcançou a primeira evidência experimental que mostra como
um mecanismo molecular é capaz de alterar o comportamento específico de um
hospedeiro favorável à transmissão de uma doença, tudo porque o vírus da raiva
inibe os receptores nicotínicos cerebrais interferindo na comunicação, cuja
alteração induz a um comportamento frenético. O presente estudo e as respectivas
conclusões foram editadas na revista “Scientific
Reports”.
Avanços científicos como
estes têm como objectivo erradicar as doenças que nos
afligem. No caso da raiva, ainda morrem anualmente 59 000 pessoas,
maioritariamente cidadãos de países africanos e asiáticos, onde esta doença
viral é ainda devastadora nas regiões rurais mais pobres, que não possuem os
meios para vacinar os cães ou fornecer tratamento aos possíveis infectados.
Graças às sucessivas campanhas de vacinação canina anti-rábica, há muito que
banimos a doença em Portugal, facto que ainda não impede a obrigatoriedade
desta vacina, porque não estamos sós e temos que contar com os outros!
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