Os cães vivem de rituais,
com facilidade substituem a liderança animal pela humana e por via disso podem
hostilizar para sempre a sociabilização entre iguais, não sendo de estranhar
que cadelas bastante apegadas aos donos possam desprezar tanto a presença
quanto as intenções dos parceiros que lhes são sucessivamente apresentados para
copular, especialmente nos seus lares, com os donos presentes ou não. A
componente sexual na vida canina, que vai muito para além do dimorfismo sexual,
ao influir de sobremaneira no comportamento dos cães, acabará por definir a
hierarquia e a relação interna dos indivíduos dentro das diferentes matilhas.
Diante desta realidade, com o número de cães a aumentar por lar e para se
evitarem males maiores, há muito que abriu a caça à testosterona e o número de
cães castrados não cessa de aumentar (alguns chegam a ser castrados unicamente
para não levantarem a perna e urinarem tudo à sua volta).
A presença de cães
castrados em matilhas domésticas têm alterado o seu viver social, funcionamento
e harmonia, criando problemas até aqui pouco vistos, mesmo quando integrados em
matilhas constituídas unicamente por fêmeas. Não deverá tratar-se um grupo
isolado de fêmeas, por maior que seja, por matilha, porque dificilmente o será sem
o contributo dum macho para a escalonar, uma vez que as fêmeas tendem sem esse
auxílio a ser egoístas, a procurar o favor e a primazia, a desenvolverem um sem
número de taras e a rejeitarem a autoridade umas das outras. Poderá um macho
castrado exercer cabalmente esse papel ou acabará vítima das arremetidas das fêmeas?
Dificilmente o conseguirá
e consegui-lo-á apenas durante o crescimento das cadelas se por acaso forem
mais novas do que ele. Chegará uma altura em que os seus rituais de eunuco, por
incompreensão, desajuste e submissão, tornar-se-ão banais para as fêmeas e
virão a servir de incentivo para o ostracizarem e até o atacarem, como o fariam
a um cão mais velho para facilitarem a ascensão de um mais novo e mais robusto.
Assim, num trio de duas cadelas férteis e um cão castrado, o último deverá
merecer a maior protecção possível, independentemente do seu tamanho, robustez
ou idade, permanecer mais tempo perto dos donos que as restantes, para que elas
compreendam que ele é parte integrante dos seus pertences e indivíduo a
respeitar, como um pretenso bebé da família carente de protecção. Diante do que
dissemos, quem deverá pernoitar e permanecer mais perto dos donos? Obviamente o
castrado!
É evidente que a princípio
as cadelas não se agradarão da despromoção mas pouco a pouco, pelo reparo e
pela submissão aos donos, acabarão por aceitar a situação, vendo agora o cão
não como um subordinado mas como um ser de grande valia para os donos.
Entretanto, caso os donos não se ajustem a estes procedimentos, hoje uma e
amanhã outra, cada uma das cadelas acabará por atacá-lo longe das longe dos
seus olhares, particularmente quando estiverem ausentes, ocupados ou as
condições forem propícias, procedendo com ele de igual modo como fariam com uma
cadela que recambiaram para o lugar mais baixo da sua escala social.
Como complemento ao que
dissemos, considerando o elevado número de cães castrados, grande parte deles
soltos, presentes nos nossos parques e jardins, queremos alertar os seus donos
para o perigo que correm, não tanto pelo mal que possam causar mas por aquele
que eventualmente possam vir a sofrer às mãos de cães inteiros e cadelas ciumentas,
já que dificilmente se defendem e debaixo de ingenuidade avançam em direcção
aos outros. Até à presente data só se tem exaltado os benefícios da castração e dado pouca importância aos seus reflexos negativos, como se a indefinição de género fosse algo algo natural e exclusivamente bom. Direitos do Animal? Digam-me onde está o cão que pediu para ser castrado?
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