quarta-feira, 4 de outubro de 2017

COISAS DE MATRIARCAS: OS RITUAIS

Os cães vivem de rituais, com facilidade substituem a liderança animal pela humana e por via disso podem hostilizar para sempre a sociabilização entre iguais, não sendo de estranhar que cadelas bastante apegadas aos donos possam desprezar tanto a presença quanto as intenções dos parceiros que lhes são sucessivamente apresentados para copular, especialmente nos seus lares, com os donos presentes ou não. A componente sexual na vida canina, que vai muito para além do dimorfismo sexual, ao influir de sobremaneira no comportamento dos cães, acabará por definir a hierarquia e a relação interna dos indivíduos dentro das diferentes matilhas. Diante desta realidade, com o número de cães a aumentar por lar e para se evitarem males maiores, há muito que abriu a caça à testosterona e o número de cães castrados não cessa de aumentar (alguns chegam a ser castrados unicamente para não levantarem a perna e urinarem tudo à sua volta).
A presença de cães castrados em matilhas domésticas têm alterado o seu viver social, funcionamento e harmonia, criando problemas até aqui pouco vistos, mesmo quando integrados em matilhas constituídas unicamente por fêmeas. Não deverá tratar-se um grupo isolado de fêmeas, por maior que seja, por matilha, porque dificilmente o será sem o contributo dum macho para a escalonar, uma vez que as fêmeas tendem sem esse auxílio a ser egoístas, a procurar o favor e a primazia, a desenvolverem um sem número de taras e a rejeitarem a autoridade umas das outras. Poderá um macho castrado exercer cabalmente esse papel ou acabará vítima das arremetidas das fêmeas?
Dificilmente o conseguirá e consegui-lo-á apenas durante o crescimento das cadelas se por acaso forem mais novas do que ele. Chegará uma altura em que os seus rituais de eunuco, por incompreensão, desajuste e submissão, tornar-se-ão banais para as fêmeas e virão a servir de incentivo para o ostracizarem e até o atacarem, como o fariam a um cão mais velho para facilitarem a ascensão de um mais novo e mais robusto. Assim, num trio de duas cadelas férteis e um cão castrado, o último deverá merecer a maior protecção possível, independentemente do seu tamanho, robustez ou idade, permanecer mais tempo perto dos donos que as restantes, para que elas compreendam que ele é parte integrante dos seus pertences e indivíduo a respeitar, como um pretenso bebé da família carente de protecção. Diante do que dissemos, quem deverá pernoitar e permanecer mais perto dos donos? Obviamente o castrado!
É evidente que a princípio as cadelas não se agradarão da despromoção mas pouco a pouco, pelo reparo e pela submissão aos donos, acabarão por aceitar a situação, vendo agora o cão não como um subordinado mas como um ser de grande valia para os donos. Entretanto, caso os donos não se ajustem a estes procedimentos, hoje uma e amanhã outra, cada uma das cadelas acabará por atacá-lo longe das longe dos seus olhares, particularmente quando estiverem ausentes, ocupados ou as condições forem propícias, procedendo com ele de igual modo como fariam com uma cadela que recambiaram para o lugar mais baixo da sua escala social.
Como complemento ao que dissemos, considerando o elevado número de cães castrados, grande parte deles soltos, presentes nos nossos parques e jardins, queremos alertar os seus donos para o perigo que correm, não tanto pelo mal que possam causar mas por aquele que eventualmente possam vir a sofrer às mãos de cães inteiros e cadelas ciumentas, já que dificilmente se defendem e debaixo de ingenuidade avançam em direcção aos outros. Até à presente data só se tem exaltado os benefícios da castração e dado pouca importância aos seus reflexos negativos, como se a indefinição de género fosse algo algo natural e exclusivamente bom. Direitos do Animal? Digam-me onde está o cão que pediu para ser castrado?

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