No dia em que se comemorou
a República, cuja importância já poucos reconhecem, os novos republicanos não
evocam e os monárquicos preferem falar do regicídio, nós fomos treinar cães,
celebrar a vida com a morte à espreita e a distância incerta, tendo o mar à
vista e o céu por testemunha.
A enfâse pedagógica recaiu
sobre a ginástica cinotécnica e sobre alguns exercícios de endurance caninos ao
alcance dos cães pelos comandos neles já instalados. Trabalhou-se no Espelho de
Solo, introduziram-se os muros pela transposição de um com 150 cm de altura e procedeu-se
à subida e descida de uma de uma escarpa pedregosa com 6 metros de altura e 50%
de inclinação, onde os comandos de “à frente” e “atrás” foram solicitados aos
animais por necessidade operacional. O binómio mais recente da Escola,
constituído pela Bela e pelo Fox, apresentou algumas dificuldades e necessitou
de alguma ajuda, não tanto pelos entraves da dona mas pelo pouco empenho do
cachorro, cuja disponibilidade deixa muito a desejar mas que não conseguiu
ofuscar o empenho da sua condutora.
Perante tal exercício o
Bor e o Paulo Motrena estiveram como peixe dentro de água. E se por acaso o
caldo entornasse seria por culpa do condutor, cuja vida excessivamente sedentária
vem-lhe causando alguns entraves atléticos.
A Ginja do Nuno Falé está “abrir
o livro” e tem uma cabeça de ouro, pormenores que muito têm facilitado a
evolução técnica do binómio, que ainda carece de mais cumplicidade e de maior quadro
experimental. Não obstante, na escarpa estiveram irrepreensíveis.
Na escarpa, o João e a
Hope evidenciaram classe e empatia, um à vontade pouco visto e uma cumplicidade
a todos os tipos louvável. Este binómio, que é dos mais recentes na Escola,
tem-se constituído numa agradável surpresa. Quanto ao exercício propriamente dito,
a Hope esteve muito mais à vontade que o seu condutor.
Seguiram-se os saltos
verticais de 80 e 100 cm, onde o Fox não criou grandes dificuldades à dona na
transposição, reclamando no entanto por alguma ajuda no momento da impulsão.
Valeu a determinação da dona como se pode ver na foto seguinte.
Dê Deus pernas ao Paulo
que cão não lhe falta prà ginástica! Como seria de esperar não seriam duas
simples barreiras verticais que iriam comprometer o desempenho alegre e
decidido do Bor, uma verdadeira inspiração para os seus colegas de classe.
Também bem depressa se
percebeu que as barreiras verticais estariam perfeitamente ao alcance do
binómio constituído pelo Nuno e pela Ginja, porque o condutor não hesita e a
cadela tem um jogo de rins do outro mundo, mais-valia que irá possibilitar-lhe
o alcance de índices atléticos superiores, como boa Rhein-Möselring que é!
A Hope é uma molosso
alupinada que em termos biomecânicos sofre de alguma indecisão na hora na
marcação dos saltos, apesar de ser extremamente obediente. Venceu sem
dificuldades as barreiras propostas e já está a exigir do seu condutor maior
disponibilidade física, porque a meio-gás não sabe como projectar-se: se à
molosso ou à lupino. Ambos estiveram ali bem.
Com uma pista militar à
disposição e que em breve dará origem a um hotel, não de 5 mas de 6 estrelas (é
o que se diz por aí), prosseguimos com a transposição de 2 troncos: um sobre
uma vala e outro elevado do solo a 1 metro de altura. Depois de algum trabalho,
a Bela, que felizmente é muito competitiva, lá conseguiu levar a água ao seu
moinho e fazer com que o Fox ultrapassasse sem maiores dificuldades o tronco por
cima da vala, vitória que se deve em primeira instância à sua obstinação e
teimosia.
O Bor nos troncos, outra
coisa não seria de esperar, é um verdadeiro TGV, porque mal lhes toca já está
de saída! Este cão já tinha experiência prévia naqueles mesmos obstáculos,
detalhe que o revestiu de maior segurança na sua ultrapassagem. O Paulinho
Jorge tem que arranjar maior poder de explosão para o cão que conduz, porque companheiros
assim só se têm uma vez na vida.
Quanto à Ginja, a jogar
debaixo de desvantagem em relação aos demais, por ser negra uniforme e a
temperatura local estar acima dos 30º celsius, saiu dali com o tronco sobre a
vala vencido, sendo depois obrigada a parar pela aceleração inusitada dos seus
ritmos vitais. Quando ali voltar, vencerá sem maiores reticências o tronco em
falta, disso temos a certeza!
Seguramente que em matéria
de concentração o João poderá ir “até ao fim do mundo” com a Hope, porque a SRD
é cuidadosa e tudo faz para agradar ao seu dono e condutor, mostrando-se
naturalmente disponível para os desafios que são colocados a ambos . Obviamente que
venceu os dois troncos como se houvesse nascido em cima deles.
Mesmo
com o Tomás à pesca na Costa Vicentina e o Slinky resguardado à sombra do lar; com a Naná no restaurante e o Matisse no solário; com o Manuel Delgado a trabalhar e o Blaze no descanso; com a Carla a cuidar do
Lourenço e a Maggie a dormitar; com a Isabel Palmela a consertar qualquer coisa
torta ao seu cônjuge e o Sebastião a refinar o seu mau feitio, também com a
dupla Sérgio/Ozzy em parte incerta, participaram nos trabalhos os seguintes binómios:
Bela/Fox, João/Hope, Paulo/Bor e Nuno/Ginja, que contaram com a participação especial
e inescusável da sempre bela Joana Palmela, que inesperadamente e em boa hora
se prontificou como directora de fotografia.
As
metas foram ultrapassadas e os objectivos alcançados. Para a história fica um
rico dia de sol, coroado de novas experiências, de frutífera cumplicidade, rara
felicidade e muita alegria. Daqui enviamos o nosso sincero obrigado a todos os
participantes.
PS: APESAR DA SUA TENRA
IDADE, 8 MESES, A JOANINHA GRAÇA PARTICIPOU TAMBÉM NOS NOSSOS TRABALHOS,
TRAZENDO-NOS UM PUNHADO DE SORRISOS E UM SACO DE MÁ DISPOSIÇÃO, O QUE
FELIZMENTE É MUITO RARO (ESTAVA COM FOME!).
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