terça-feira, 31 de outubro de 2017

OS MABECOS TAMBÉM VOTAM!

O Mabeco, também conhecido como “Cão Selvagem Africano”, “Cão Caçador Africano” e “Cão Caçador do Cabo”, é o segundo maior canídeo selvagem do mundo (o maior é o Lobo Cinzento), encontra-se hoje em perigo de extinção e a sua distribuição geográfica actual limita-se ao Sul de África, nomeadamente à Namíbia, Zimbabué, Botswana, Tanzânia e Moçambique. É um animal altamente social que passa a maior parte da sua vida integrado numa alcateia chefiada por um “casal alfa” que detém os direitos de reprodução.
Os Mabecos caçam em grupo, preferencialmente ao amanhecer e ao anoitecer, tirando partindo de várias estratégias de acordo com a sua velocidade e resistência. As presas maiores são abatidas enquanto correm e são mordidas e as pequenas são sacudidas para o solo.
A sua dieta é variada mas inclui principalmente mamíferos de médio porte como impalas e gazelas. As suas presas são por norma disputadas e roubadas por outros predadores, principalmente por hienas.
E como se isso não bastasse, também são alvo da predação directa dos grandes carnívoros, entre os quais se destaca o Leão, cuja presença irá fazer com que os Mabecos se afastem dos seus territórios de caça. Onde há leões não se verão muitos Mabecos e compreende-se porquê!
Resta dizer que o Cão Selvagem Africano é um predador de porte médio, de 75 a 110 cm de comprimento e com peso entre os 18 e os 36 kg. A sua pelagem é única e multicolor com manchas castanhas, pretas, branco e laranja, policromia por detrás do seu nome científico, “Lycaon Pictus”, que em grego significa literalmente “Lobo Pintado”.
Para além doutras particularidades, os Mabecos parecem evidenciar um comportamento de votação fascinante, atingindo o quórum espirrando, apesar de alguns indivíduos votarem mais do que outros, o que lembra o voto de qualidade. Não são só os homens a única espécie que busca o consenso, já que as suricatas, os macacos capuchinhos e as abelhas fazem o mesmo. Uma equipa de investigadores oriunda da Universidade de Nova Gales do Sul/ Sidney/Austrália, apostada em comprovar a procura de consenso atribuída aos Mabecos, rumou ao Botswana e observou ali cinco matilhas durante quase 11 meses.
Através dessa observação, os cientistas envolvidos na investigação puderam comprovar que os Mabecos votam através de ruídos similares a espirros antes de decidirem caçar, o que denuncia a necessidade de consenso antes de uma caçada colectiva.
Estes cientistas já sabiam de antemão que os Cães Selvagens Africanos tinham um padrão social muito específico, a que convencionaram chamar de “reunião”, ocasião em que os membros das matilhas se reuniam e cumprimentavam. Essas “assembleias” eram iniciadas invariavelmente por um cão que abandonando a postura de repouso, tomava uma de iniciativa, com a cabeça baixa, boca aberta e orelhas para trás. Depois de assistirem a várias “reuniões” e de terem gravado 68 delas, os pesquisadores notaram que os padrões de espirros ouvidos sempre antecediam as saídas para caçar e que quantos mais espirros se ouvissem mais depressa as matilhas optavam por caçar, funcionando o espirro como um peculiar sistema de votação.
Há imitação do que sucede nas nossas democracias, também a dos Mabecos é imperfeita e os “votos” não têm todos o mesmo valor. Quando o “Casal Dominante” opta por caçar não é preciso grande número de espirros e quando ele se abstém a caça só acontecerá com um número maior: aproximadamente dez. O barulho que os pesquisadores chamaram de “espirrar” não é idêntico ao espirro humano, uma vez que não há inalação, somente uma forçada e rápida exalação audível através do nariz. Os cientistas envolvidos neste estudo não têm a certeza desse barulho ser involuntário como um espirro ou se um grunhido de aprovação. Mas de uma coisa não têm dúvidas: quanto mais desses sons forem ouvidos numa “reunião”, mais depressa os Mabecos partem para as suas acções colectivas. 
Para quem é apaixonado por cães selvagens deixamos aqui uma foto de um Mabeco albino.
Imaginem se os cães domésticos também votassem nos parques e jardins onde se encontram, quem arcaria com as consequências políticas do seu desagrado? Os seus donos sem dúvida!

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