Uma semana depois dos
últimos grandes incêndios que devastaram o Centro e o Norte do País, o governo
ainda não conseguiu fazer chegar uma simples palha aos animais de produção que sobreviveram
(bovinos, ovinos e caprinos), o que espelha a grande distância que vai do
Palácio de São Bento ao Portugal profundo, quase sempre esquecido e hoje
queimado como nunca. Valeu aos animais o dinamismo da Ordem dos Veterinários,
que imediatamente se colocou na linha da frente para valer-lhes,
provendo-lhes alimento e abrindo uma conta solidária para o efeito, para além
de apelar ao voluntariado dos profissionais que representa.
Contrariando o que tantas
vezes se ouve e pelos vistos sem sentido, “que de Espanha não vêm bons ventos
nem bons casamentos”, de várias partes do País vizinho têm vindo toneladas de
alimentos para o esfaimado e esgotado gado português, fruto da solidariedade de
muitos espanhóis, que tocados pela tragédia que sobre nós se abateu, não
ficaram insensíveis aos nossos dramas – gracias España! Pouco a pouco, não tão
rápido como seria de desejar, o interior do País começa a reerguer-se do maior
incêndio que o assolou. Se a natureza seguir o seu caminho e a chuva não faltar,
breve o verde emergirá das cinzas e adornará as nossas sempiternas colinas,
formando novas florestas que não poderemos deixar arder outra vez.
Sem comentários:
Enviar um comentário