Antes de desenvolvermos o
tema a que nos propomos, adiantamos que estamos nos cães para valer às pessoas,
apostando em simultâneo nas mais-valias, salvaguarda, saúde, bem-estar e
longevidade dos cães que nos são confiados, sem contudo enveredarmos pela sua
humanização e muito menos pela sua deificação, o que não nos impede de amá-los
e respeitá-los como espécie diferente e única que são. Dito isto, vamos ao
tema.
Há dois anos atrás, a “Harrison’s
Fund”, uma instituição de caridade para pesquisas médicas britânica,
realizou um experimento para saber se as pessoas eram mais propensas a dar
dinheiro para ajudar cães ou para ajudar pessoas. Face aos resultados obtidos,
concluíram que os seres humanos têm mais empatia pelos cães do que pelas
pessoas, mesmo que ambos se encontram em idênticas dificuldades.
Os pesquisadores imprimiram
para o efeito dois anúncios com a mesma pergunta: Você daria 5 libras para salvar
Harrison de uma morte lenta e dolorosa? A única diferença entre os dois
anúncios foi a da foto que apresentavam, um apresentava Harrison como um menino
e o outro como um cão. O Harrison canino acabou por receber mais doações!
Esta conclusão é apoiada
por outra de um estudo realizado recentemente sobre a empatia homem-cão, que
concluiu ficarmos mais aborrecidos e incomodados com relatos de espancamento de
cães do que ocorrido sobre pessoas. Os pesquisadores deste último estudo,
Professores Jack Levin e Arnold Arluke, ambos da Northeastern University
de Boston, valendo-se de quadro idênticos anúncios falsos obtiveram a opinião
de 240 participantes. Um anúncio dizia respeito a uma criança de 1 ano de
idade, outro a um adulto de 30 anos, outro a um cachorrinho e o último a um homem
adulto.
Os resultados, publicados
na revista “Society & Animals”, mostraram níveis idênticos de empatia nos
casos da criança, do cachorro e do cão, obtendo o cão adulto a menor empatia dos
quatro. Os entrevistados mostraram-se menos angustiados perante vítimas adultas
humanas quando em comparação com bebés humanos, cachorros e cães adultos. O cão
adulto apenas alcançou resultados mais baixos do que vítima infantil.
Face a estes resultados,
os investigadores do presente estudo concluíram que muitas pessoas consideram
os cães como iguais aos seus familiares, que não os vêem como animais mas como “bebés
de pêlo” e como membros da sua família em paralelo com as crianças. Adiantando ainda
que somos mais propensos a sentir empatia por uma vítima quando a consideramos
indefesa e incapaz de olhar por si.
Ninguém duvida que nos
cabe proteger os nossos cães e os dos outros, promover o seu bem-estar e
denunciar quem os maltrata, conhecer os seus limites e promover a sua
capacitação, reconhecer as suas dificuldades e trabalhar diária e arduamente
pela sua adaptação. Quanto ao serem iguais às crianças e serem nossos filhos,
sê-lo-ão somente para quem os entender como tal, verdade subjectiva cuja
insanidade pode prejudicar homens e cães, os primeiros porque vivem em
constante alucinação e os últimos porque não entendem a ficção.
Por detrás disto tudo, da
humanização dos cães, estão filosofias e crenças que o tempo não apagou e que a
globalização reanimou, sonhos incontidos que se perdem nos confins dos tempos e
que hoje retornam ao coração dos homens na sua forma mais primitiva, deidades
anteriores à encarnação de Deus que a seu modo estão a promover uma nova “idade
das trevas”. Anúbis, o deus-cão do Antigo Egipto, não era o deus dos vivos mas
sim dos mortos! Estará a Humanidade a morrer?
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