segunda-feira, 6 de novembro de 2017

UM ESTUDO INESPERADO E UMA CONCLUSÃO JÁ ESPERADA

Antes de desenvolvermos o tema a que nos propomos, adiantamos que estamos nos cães para valer às pessoas, apostando em simultâneo nas mais-valias, salvaguarda, saúde, bem-estar e longevidade dos cães que nos são confiados, sem contudo enveredarmos pela sua humanização e muito menos pela sua deificação, o que não nos impede de amá-los e respeitá-los como espécie diferente e única que são. Dito isto, vamos ao tema.
Há dois anos atrás, a “Harrison’s Fund”, uma instituição de caridade para pesquisas médicas britânica, realizou um experimento para saber se as pessoas eram mais propensas a dar dinheiro para ajudar cães ou para ajudar pessoas. Face aos resultados obtidos, concluíram que os seres humanos têm mais empatia pelos cães do que pelas pessoas, mesmo que ambos se encontram em idênticas dificuldades.
Os pesquisadores imprimiram para o efeito dois anúncios com a mesma pergunta: Você daria 5 libras para salvar Harrison de uma morte lenta e dolorosa? A única diferença entre os dois anúncios foi a da foto que apresentavam, um apresentava Harrison como um menino e o outro como um cão. O Harrison canino acabou por receber mais doações!
Esta conclusão é apoiada por outra de um estudo realizado recentemente sobre a empatia homem-cão, que concluiu ficarmos mais aborrecidos e incomodados com relatos de espancamento de cães do que ocorrido sobre pessoas. Os pesquisadores deste último estudo, Professores Jack Levin e Arnold Arluke, ambos da Northeastern University de Boston, valendo-se de quadro idênticos anúncios falsos obtiveram a opinião de 240 participantes. Um anúncio dizia respeito a uma criança de 1 ano de idade, outro a um adulto de 30 anos,  outro a um cachorrinho e o último a um homem adulto.
Os resultados, publicados na revista “Society & Animals”, mostraram níveis idênticos de empatia nos casos da criança, do cachorro e do cão, obtendo o cão adulto a menor empatia dos quatro. Os entrevistados mostraram-se menos angustiados perante vítimas adultas humanas quando em comparação com bebés humanos, cachorros e cães adultos. O cão adulto apenas alcançou resultados mais baixos do que vítima infantil.
Face a estes resultados, os investigadores do presente estudo concluíram que muitas pessoas consideram os cães como iguais aos seus familiares, que não os vêem como animais mas como “bebés de pêlo” e como membros da sua família em paralelo com as crianças. Adiantando ainda que somos mais propensos a sentir empatia por uma vítima quando a consideramos indefesa e incapaz de olhar por si.
Ninguém duvida que nos cabe proteger os nossos cães e os dos outros, promover o seu bem-estar e denunciar quem os maltrata, conhecer os seus limites e promover a sua capacitação, reconhecer as suas dificuldades e trabalhar diária e arduamente pela sua adaptação. Quanto ao serem iguais às crianças e serem nossos filhos, sê-lo-ão somente para quem os entender como tal, verdade subjectiva cuja insanidade pode prejudicar homens e cães, os primeiros porque vivem em constante alucinação e os últimos porque não entendem a ficção.
Por detrás disto tudo, da humanização dos cães, estão filosofias e crenças que o tempo não apagou e que a globalização reanimou, sonhos incontidos que se perdem nos confins dos tempos e que hoje retornam ao coração dos homens na sua forma mais primitiva, deidades anteriores à encarnação de Deus que a seu modo estão a promover uma nova “idade das trevas”. Anúbis, o deus-cão do Antigo Egipto, não era o deus dos vivos mas sim dos mortos! Estará a Humanidade a morrer?

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