O dia amanheceu debaixo de
chuva, que nalguns períodos foi intensa, mas mesmo assim conseguimos treinar a
Maggie sem nos molharmos. Com o Tomás a transportar móveis para o “Consulado da
Roménia” a sul do Cabo da Roca e a nordeste do Cabo Espichel, a boa da Bull
Terrier não pôde contar com a companhia do Slinky, o Rottweiler que sempre a acompanha
nos treinos. E como só faz falta quem cá está, começámos o dia a treinar o
comando de “aqui”, primeiro com a trela extensível e depois com a Bull Terrier em
liberdade, recompensando a Maggie nos dois momentos (apesar de não nos podermos
queixar desta generosa cachorra, sabemos que os molossos normalmente só se
interessam por duas coisas: comer e morder).
Condicionada pela trela e
animada pela recompensa, a cadela bem depressa aprendeu a responder ao comando
em liberdade e em várias direcções, evoluindo daí para chamamentos a 50 e 70
metros, para além de procurar a dona “desaparecida”, que intencionalmente se
encontrava escondida.
Quem anda “nisto” dos cães
sabe que aqueles que são rectos de angulações traseiras precisam de mais força
e embalo (velocidade), por vezes até de um andamento mais célere (galope), para
ultrapassarem barreiras e planos íngremes à sua frente, daí a facilidade com
que transitam do passo para o galope, pelo que importa musculá-los e aumentar a
mobilidade dos seus membros traseiros em panos inclinados, harmonizando assim a
sua garupa com a espádua. Cientes disso, convidámos a Maggie a fazê-lo no
parapeito duma escadaria.
Não há nada melhor para
ensinar um condutor canino a posicionar-se e a auxiliar correctamente o seu cão
que um exercício destes, porque terá que dar as ajudas certas no início da
transposição, avançar no mesmo embalo e adiantar-se em relação animal, animando-o
em todos os momentos.
Quando os donos temem e os
cães não tremem, não sobra ao adestrador outro remédio senão pegar nos animais,
acção sensata perante o temor dos donos e a salvaguarda dos cães. É obrigação
de um adestrador consciente dotar os cães que lhe são confiados de maior
confiança e valentia, para que futuramente consigam evadir-se ou surpreender
intrusos por vias inesperadas. À parte disto, os exercícios mais difíceis,
quando constituídos em vitórias, são modos mais céleres para a fixação dos
comandos (de imobilização ou direccionais) pelos cuidados a que obrigam. Assim,
valemo-nos de um muro oval com 20 cm de lado, elevado na sua parte mais alta a
145cm do solo e com uma extensão de 80 metros (a distância ao solo do outro
lado do muro chega aos 215cm).
A Maggie não apresentou
nenhuma dificuldade no exercício, primeiro porque já experimentou e venceu
obstáculos semelhantes, tem o equilíbrio necessário para a tarefa (físico e
psicológico), depois porque é valente e finalmente porque é muito bem aprumada.
Sem estas quatro condições é criminoso convidar um cão para a resolução de um
exercício destes.
Com a Bull Terrier
concentrada e confiante, convidámo-la para progredir num parapeito com 10cm de
largo, desafio que venceu sem qualquer dificuldade. Tanto o muro como este
exercício só estarão verdadeiramente vencidos quando executados em liberdade
pela Maggie, progresso que acontecerá sem atropelos nos próximos dias.
E mais não fizemos nesta
manhã cinzenta do dia 28 de Novembro, alvor tardio de Outono que chamamos de bem-vindo, quando quase
não se via vivalma e saltámos para a rua com uma cadela ao nosso lado, agasalhada
por ser branca e precisar de estar cómoda.
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