terça-feira, 28 de novembro de 2017

MAGGIE: “AQUI” E POR ONDE FOR PRECISO

O dia amanheceu debaixo de chuva, que nalguns períodos foi intensa, mas mesmo assim conseguimos treinar a Maggie sem nos molharmos. Com o Tomás a transportar móveis para o “Consulado da Roménia” a sul do Cabo da Roca e a nordeste do Cabo Espichel, a boa da Bull Terrier não pôde contar com a companhia do Slinky, o Rottweiler que sempre a acompanha nos treinos. E como só faz falta quem cá está, começámos o dia a treinar o comando de “aqui”, primeiro com a trela extensível e depois com a Bull Terrier em liberdade, recompensando a Maggie nos dois momentos (apesar de não nos podermos queixar desta generosa cachorra, sabemos que os molossos normalmente só se interessam por duas coisas: comer e morder).
Condicionada pela trela e animada pela recompensa, a cadela bem depressa aprendeu a responder ao comando em liberdade e em várias direcções, evoluindo daí para chamamentos a 50 e 70 metros, para além de procurar a dona “desaparecida”, que intencionalmente se encontrava escondida.
Quem anda “nisto” dos cães sabe que aqueles que são rectos de angulações traseiras precisam de mais força e embalo (velocidade), por vezes até de um andamento mais célere (galope), para ultrapassarem barreiras e planos íngremes à sua frente, daí a facilidade com que transitam do passo para o galope, pelo que importa musculá-los e aumentar a mobilidade dos seus membros traseiros em panos inclinados, harmonizando assim a sua garupa com a espádua. Cientes disso, convidámos a Maggie a fazê-lo no parapeito duma escadaria.
Não há nada melhor para ensinar um condutor canino a posicionar-se e a auxiliar correctamente o seu cão que um exercício destes, porque terá que dar as ajudas certas no início da transposição, avançar no mesmo embalo e adiantar-se em relação animal, animando-o em todos os momentos.
Quando os donos temem e os cães não tremem, não sobra ao adestrador outro remédio senão pegar nos animais, acção sensata perante o temor dos donos e a salvaguarda dos cães. É obrigação de um adestrador consciente dotar os cães que lhe são confiados de maior confiança e valentia, para que futuramente consigam evadir-se ou surpreender intrusos por vias inesperadas. À parte disto, os exercícios mais difíceis, quando constituídos em vitórias, são modos mais céleres para a fixação dos comandos (de imobilização ou direccionais) pelos cuidados a que obrigam. Assim, valemo-nos de um muro oval com 20 cm de lado, elevado na sua parte mais alta a 145cm do solo e com uma extensão de 80 metros (a distância ao solo do outro lado do muro chega aos 215cm).
A Maggie não apresentou nenhuma dificuldade no exercício, primeiro porque já experimentou e venceu obstáculos semelhantes, tem o equilíbrio necessário para a tarefa (físico e psicológico), depois porque é valente e finalmente porque é muito bem aprumada. Sem estas quatro condições é criminoso convidar um cão para a resolução de um exercício destes.
Com a Bull Terrier concentrada e confiante, convidámo-la para progredir num parapeito com 10cm de largo, desafio que venceu sem qualquer dificuldade. Tanto o muro como este exercício só estarão verdadeiramente vencidos quando executados em liberdade pela Maggie, progresso que acontecerá sem atropelos nos próximos dias.
E mais não fizemos nesta manhã cinzenta do dia 28 de Novembro, alvor tardio de Outono que chamamos de bem-vindo, quando quase não se via vivalma e saltámos para a rua com uma cadela ao nosso lado, agasalhada por ser branca e precisar de estar cómoda. 

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