Cientistas do Departamento
de Medicina Veterinária da Universidade italiana de Bari, chefiados por
Marcello Siniscalchi, testaram 16 cães e descobriram que eles não distinguiam a
cor vermelha da verde, uma deficiência conhecida por “deuteranopia”,
deficiência que também afecta os humanos com ascendência no Norte da Europa (8%
dos homens e 0,5% das mulheres).
Esta pesquisa mostrou que os
olhos dos cães têm apenas dois tipos de cones, células fotorreceptoras
responsáveis pela visão colorida, enquanto a esmagadora maioria dos humanos tem
três. A falta de um tipo de cones nos nossos fiéis amigos torna-os insensíveis
aos comprimentos de onda vermelhos e verdes. A comprovação desta verdade
científica foi alcançada através de um teste de visão colorida Ishihara (Ishihara
Color Vision Test), a quem Siniscalchi deu um toque divertido ao trocar os números
pela animação de um gato. A maioria dos cães testados detectou imediatamente um
gato vermelho brilhante num fundo verde, mas foram incapazes de vê-lo quando se
apresentava escuro ou vermelho escuro sobre um fundo verde.
Esta insensibilidade às cores
vermelha e verde deve ser entendida, segundo Siniscalchi, de acordo com a perspectiva
evolutiva, quando os cães eram ainda animais crepusculares (mais activos ao
amanhecer e no crepúsculo), a quem a visão colorida não era e não é crucial
para a caça e sobrevivência nessas ocasiões.
Como a maioria dos cães
são hoje mais activos durante o dia, Siniscalchi aconselha que não se usem
objectos de cor vermelha e verde quando a segurança dos animais estiver em
causa, pelo que interruptores e demais mecanismos mecânicos e electrónicos accionados
pelos cães deverão ser de cor azul ou amarela.
Também os brinquedos
utilizados para ensinar os cães deverão ser azuis ou amarelos, particularmente
quando usados sobre pisos de relva, porque caso sejam vermelhos obrigarão os
cães a uma maior acuidade visual e não serão para eles visíveis a grandes
distâncias, muito embora o olfacto tenda a compensar aquilo que a vista não
alcança.
Obedecendo ao mesmo cuidado,
os obstáculos de uma pista quando dispostos sobre relva, não deverão ser de cor
vermelha, porque os cães verão o piso e os obstáculos da mesma cor: em tons de
amarelo, o que poderá resultar em indesejáveis acidentes e lesões.
O estudo destes cientistas
italianos incidiu sobre 3 Pastores Australianos, 1 Épagneul Breton, 1
Weimaraner, 1 Labrador e 10 cães sem raça definida, pelo que os seus autores
sugerem, para confirmação do que fizeram saber, um experimento com maior número
de cães.
Este trabalho do Dr.
Siniscalchi e dos seus colegas foi publicado em 8 de Novembro na Revista
on-line de livre acesso “Royal Open Science”, que publica
pesquisas de alta qualidade abrangendo todas as ciências, dando especial
enfoque à engenharia e à matemática.
Talvez por causa da deuteranopia
que os apoquenta, os cães que enviamos para os distintos concursos
internacionais, que levam estampadas nos seus arneses as cores nacionais, ao
não distingui-las, se sintam fascinados por outras mais apelativas, deslumbre
que eventualmente tem obstado ao seu patriotismo e impedido que ganhem algo
para Portugal. Os cães até podem ser cegos, os seus condutores é que não!
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