quarta-feira, 22 de novembro de 2017

AS DESCOBERTAS DA TIA OUTI

Primeiro há que dizer quem é a “Tia” Outi Maritta Vainio, que é nada mais nada menos que uma Professa na Universidade de Helsínquia, da Faculdade de Medicina Veterinária, Departamento de Medicina Equina e de Pequenos Animais, especializada em farmacologia e toxicologia, docente apostada na farmacoterapia e na farmacodinâmica das drogas que aliviam a dor. Antes de ingressar na Academia atrás citada, a “Tia” Outi trabalhou para uma empresa farmacêutica onde esteve profundamente envolvida no desenvolvimento dos sedativos veterinários detomidina, medetomidina, dexmedetomidina e seu antagonista atipamezole. Actualmente as suas pesquisas encontram-se focadas no alívio da dor em animais através de fármacos, incluindo o desenvolvimento de novos métodos como o rastreamento ocular e a termografia para detectar a dor em animais não-humanos, mostrando em simultâneo um forte interesse em modelos de tradução de animais.
À frente dum projecto de pesquisa sobre a mente canina (Canine Mind) e em conjunto com outros investigadores, esta finlandesa descobriu que a oxitocina faz com que os cães se interessem mais por rostos sorridentes e vejam os mais irritados menos ameaçadores. Pensa-se que a oxitocina, normalmente associada ao carinho e à confiança, é um factor chave na interacção entre cães e homens. Sanni Somppi, estudante de doutorado e participante neste projecto, adianta que a acção desta hormona parece influenciar o que os cães vêem e como reagem ao que vêem.
Os pesquisadores mostraram para os cães testados 43 imagens de rostos humanos sorridentes numa tela do computador. Cada cão foi testado duas vezes: uma debaixo da influência da oxitocina (que foi administrada como parte do teste) e outra libertos da sua influência. O olhar dos cães sobre as imagens e o tamanho das suas pupilas foram medidos por um dispositivo de rastreamento ocular. A atenção e as emoções regulam a abertura do olho e o aumento da pupila, pormenores que levam os cães a concentra-se nos aspectos mais notáveis de cada situação, a reconhecer e a interpretar ameaças rapidamente, o que é primordial para a sua sobrevivência. Sob a influência da oxitocina reagiram doutro modo, mostrando-se mais interessados em rostos sorridentes do que irritados (com raiva).
Pelo tamanho das pupilas dos cães observados, estes investigadores concluíram que a oxitocina também influenciou os estados emocionais dos animais, tornando-lhes os rostos irritados menos ameaçadores e os sorridentes mais atraentes, efeitos que Outi julga promoverem a comunicação cão-homem e o desenvolvimento de relações carinhosas. Por outro lado, ficou provado que os rostos irritados causam uma reacção mais poderosa nos cães.
O recurso a um dispositivo de rastreamento ocular para avaliação do estado emocional dos cães é pioneiro, porque este método só tinha sido usado em seres humanos e macacos. Não obstante, Outi Vainio já havia aplicado com sucesso o rastreamento ocular e a electroencefalografia para estudar a mente canina. Esta equipa de investigadores da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Helsínquia contou ainda com a colaboração de József Topál, um etólogo e biólogo húngaro especializado na interacção entre cães e homens e na inteligência social dos cães (na foto seguinte).
A cada dia que passa a ciência vai comprovando muito daquilo que a experiência nos foi ensinando e ainda há muito por comprovar e descobrir! E sabem que mais? Estar nos cães é cada vez mais uma opção científica.

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