quinta-feira, 2 de novembro de 2017

NOVIDADES SOBRE DINGOS

Saiu recentemente na revista “Ecology and Evolution” um estudo que revela a história evolutiva dos Dingos, obra de pesquisadores da Universidade de Nova Gales do Sul/Sidney/Austrália e da Universidade da Califórnia, chefiados pela Dr.ª Kylie Cairns, que adianta a possibilidade destes cães selvagens terem migrado para o Continente Australiano em dois momentos diferentes através de uma antiga ponte terrestre com a Nova Guiné, um primeiro grupo há 10.000 anos atrás e outro há 8.000.
Este foi o estudo mais amplo que alguma vez se fez sobre a evolução dos Dingos na Austrália, assente sobre marcadores genéticos de cromossomas mitocondriais e Y,  provenientes da amostragem de mais de 200 Dingos de todo o continente e de 5 Cães Cantores da Nova Guiné em cativeiro na América do Norte. Informa-se que estes cães selvagens australianos apresentam 5 cores diferentes: branco, bronze, gengibre (lobeiro), preto e vermelho (esta última é dominante).
Esta descoberta traz implicações significativas para a conservação das duas populações distintas de Dingos, uma residente no sudeste e outra no noroeste daquele grande país, que deverão ser tratadas como grupos diferentes visando a sua conservação e manutenção, pelo que a sua miscigenação não deverá acontecer. Em simultâneo, os programas de criação em cativeiro deverão garantir que as duas populações de Dingos sejam criadas e mantidas separadamente através de testes genéticos para comprovar a sua ascendência, recomendações segundo o parecer da Dr.ª Cairns, professora adjunta da UNSW, bióloga molecular, geneticista e grande apaixonada por Dingos (na foto abaixo).
Actualmente, os Dingos mais ameaçados são os do Sudeste, pela mestiçagem que leva à sua diluição genética, pela perca de habitat e práticas de controlo letal, como o encorajamento ao seu abate pela atribuição de uma recompensa, medida recentemente introduzida em Victoria.
Cairns defende ainda, como medida efectiva para conter a hibridação Cão/Dingo, a castração dos cães machos nas áreas rurais. Esta docente também condena as actuais práticas de abate, porque fragilizam as matilhas selvagens, levando os Dingos à hibridação pela necessidade de sobrevivência da espécie, adiantando ao mesmo tempo que devem ser exploradas medidas alternativas para a protecção do gado, como cães guardiões de gado que são fortes dissuasores de predadores.
A população do Noroeste é encontrada na Austrália Ocidental, Território do Norte, ao Norte da Austrália do Sul e áreas norte e central de Queensland. A população do Sudeste está localizada em Nova Gales do Sul, no Território da Capital Australiana (Camberra), Victoria, Sul de Queensland e Ilha Fraser.
Torna-se por demais evidente que o actual abate dos Dingos prende-se com manifestas razões económicas, que a troca das actuais medidas letais de controlo por outras, obedecerá às mesmíssimas razões, independentemente dos custos recaírem sobre o erário público ou não, porque de um jeito ou de outro sempre serão os contribuintes a pagar a factura. E se assim é, infelizmente não se alvitra grande futuro para os Dingos! 

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