Saiu recentemente na
revista “Ecology and Evolution” um estudo que revela a história
evolutiva dos Dingos, obra de pesquisadores da Universidade de Nova Gales do
Sul/Sidney/Austrália e da Universidade da Califórnia, chefiados pela Dr.ª Kylie
Cairns, que adianta a possibilidade destes cães selvagens terem migrado para o Continente
Australiano em dois momentos diferentes através de uma antiga ponte terrestre com
a Nova Guiné, um primeiro grupo há 10.000 anos atrás e outro há 8.000.
Este foi o estudo mais
amplo que alguma vez se fez sobre a evolução dos Dingos na Austrália, assente
sobre marcadores genéticos de cromossomas mitocondriais e Y, provenientes da amostragem de mais de 200 Dingos
de todo o continente e de 5 Cães Cantores da Nova Guiné em cativeiro na América
do Norte. Informa-se que estes cães selvagens australianos apresentam 5 cores
diferentes: branco, bronze, gengibre (lobeiro), preto e vermelho (esta última é
dominante).
Esta descoberta traz
implicações significativas para a conservação das duas populações distintas de
Dingos, uma residente no sudeste e outra no noroeste daquele grande país, que
deverão ser tratadas como grupos diferentes visando a sua conservação e
manutenção, pelo que a sua miscigenação não deverá acontecer. Em simultâneo, os
programas de criação em cativeiro deverão garantir que as duas populações de
Dingos sejam criadas e mantidas separadamente através de testes genéticos para
comprovar a sua ascendência, recomendações segundo o parecer da Dr.ª Cairns, professora
adjunta da UNSW, bióloga molecular, geneticista e grande apaixonada por Dingos (na foto abaixo).
Actualmente, os Dingos
mais ameaçados são os do Sudeste, pela mestiçagem que leva à sua diluição
genética, pela perca de habitat e práticas de controlo letal, como o
encorajamento ao seu abate pela atribuição de uma recompensa, medida recentemente
introduzida em Victoria.
Cairns defende ainda, como
medida efectiva para conter a hibridação Cão/Dingo, a castração dos cães machos
nas áreas rurais. Esta docente também condena as actuais práticas de abate,
porque fragilizam as matilhas selvagens, levando os Dingos à hibridação pela
necessidade de sobrevivência da espécie, adiantando ao mesmo tempo que devem
ser exploradas medidas alternativas para a protecção do gado, como cães
guardiões de gado que são fortes dissuasores de predadores.
A população do Noroeste é
encontrada na Austrália Ocidental, Território do Norte, ao Norte da Austrália
do Sul e áreas norte e central de Queensland. A população do Sudeste está
localizada em Nova Gales do Sul, no Território da Capital Australiana
(Camberra), Victoria, Sul de Queensland e Ilha Fraser.
Torna-se por demais
evidente que o actual abate dos Dingos prende-se com manifestas razões
económicas, que a troca das actuais medidas letais de controlo por outras,
obedecerá às mesmíssimas razões, independentemente dos custos
recaírem sobre o erário público ou não, porque de um jeito ou de outro
sempre serão os contribuintes a pagar a factura. E se assim é, infelizmente não
se alvitra grande futuro para os Dingos!
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