O Reino Unido está com uma
epidemia de obesidade canina e aqui para lá caminhamos a passos largos. Uma
pesquisa recente, levada a cabo por uma empresa britânica de alimentação para
cães, revelou números preocupantes: 90% dos proprietários caninos não sabe qual
é o valor calórico desejável para os seus cães, 29% não consegue ou não mede a
quantidade de comida que distribui, 20% não sabem dizer se o seu cão está gordo
e 13% mentem aos veterinários acerca dos hábitos alimentares dos seus amigos de
4 patas!
Em termos práticos e como
consequência, o que indicam estes valores? Que 1 em cada 2 cães no Reino Unido
se encontra acima do seu peso; que em relação à década anterior o número dos
cães obesos aumentou 158% (gostaria de saber qual o percentual total de
castrados na globalidade dos cães dali); que a obesidade tem contribuído para o
aumento de doenças crónicas (diabetes, problemas cardíacos, respiratórios, artrite,
etc.); que aumenta até 82% os casos de artrite e 83% os de colapso traqueal. À
parte disto, há que considerar os gastos com tratamentos e medicação que
aumentam 17% num período de 5 anos. Mais, dependendo da raça a sobrealimentação
pode ainda reduzir a esperança de vida dos cães de 2 a 4 anos.
Não há dúvida: estamos de
facto perante um problema de sobrealimentação canina grave – os cães estão a
comer demais! Muito deste disparate deve-se à ignorância dos donos que não
aquilatam da quantidade e qualidade das rações e biscoitos, que subornam os
cães com comida para alcançarem os seus intentos, que os treinam a partir da
gula, que os criam sem tabelas de crescimento, que os privam do exercício diário,
que trocam o exercício por guloseimas, que abraçam o antropomorfismo e acham muito
natural que os animais sejam tão gordinhos como a “mamã” e o papá”, que
preferem encher-lhes o “bandulho” do que interagirem com eles e também por se
deixarem subornar pelos cães.
A somar a isto há que
considerar o exagerado número de cães castrados, normalmente mais caseiros,
menos chegados ao exercício físico e mais propensos a engordar, mesmo com
minúsculas quantidades diárias de rações light, também a existência de raças
caninas tendentes à obesidade, as mesmas que não indicam no seu estalão qual o
peso desejável para machos e fêmeas.
Há no fenómeno também uma “mea culpa” dos
adestradores que baniram os obstáculos dos seus centros de treino,
particularmente os tácticos, que sempre se revelaram excelentes para a boa
forma dos cães. E as autarquias locais, ao não atribuírem parques municipais
vedados para uso canino, estão também a contribuir para a engorda dos cães.
Rações mais indicadas para suínos do que para cães e biscoitos lesivos que lhes
são lesivos podem também engrossar esta lista.
Para ajudarmos os nossos
leitores a saber se os seus cães se encontram obesos ou não, vamos seguidamente
explicar os principais sinais reveladores da obesidade, isto segundo o parecer
do Dr. Sean McCormack, um clínico que se tem dedicado à nutrição canina. Se ao
passar as mãos pelo peito do seu cão não lhe sentir as costelas e se a sua
barriga estiver descaída e não arrumada em direcção aos quadris, pode ter a
certeza que ele se encontra obeso.
Mau hálito, gengivas inflamadas,
dificuldades em mastigar, dentes manchados ou com tártaro, podem também indiciar
obesidade e esta também pode estar na origem de manchas de pele vermelha,
escamosa, seca ou inflamada, de dermatites, caspa e ausência de pêlo, já que
são sintomas de um animal flácido.
Perca de apetite e sono
exagerado podem significar que o seu cão se encontra com peso a mais. Os cães
gordos tendem a ficar letárgicos, cansam-se rapidamente, bebem muita água e
recusam-se a andar porque se sentem desconfortáveis.
Cães obesos e problemas
digestivos costumam “andar de braço dado”, pelo que é natural que se queixem
quando lhes apertam a barriga. Flatulência, vómitos e diarreias costumam ser
mais frequentes nos cães com excesso de peso.
No caso britânico, as raças
caninas que apresentam maior número de obesos são o Cairn Terrier e o Cocker
Spaniel.
O antropomorfismo, a alimentação
inadequada, a sobrealimentação e o excessivo sedentarismo estão a matar
gradualmente os cães, por atentarem de sobremaneira contra o seu bem-estar, saúde,
qualidade de vida e longevidade. Para combater este flagelo exortamos os nossos
leitores à prática de um passeio diário com os seus cães numa extensão de 5km e
a melhorar a sua interacção com eles sempre que possível. Ter um cão é um bom
pretexto para quem precisa de fazer exercício e não uma ocasião para isentar
mais um dos seus benefícios.
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