segunda-feira, 27 de novembro de 2017

MATAR DE TANTO GOSTAR!

O Reino Unido está com uma epidemia de obesidade canina e aqui para lá caminhamos a passos largos. Uma pesquisa recente, levada a cabo por uma empresa britânica de alimentação para cães, revelou números preocupantes: 90% dos proprietários caninos não sabe qual é o valor calórico desejável para os seus cães, 29% não consegue ou não mede a quantidade de comida que distribui, 20% não sabem dizer se o seu cão está gordo e 13% mentem aos veterinários acerca dos hábitos alimentares dos seus amigos de 4 patas!
Em termos práticos e como consequência, o que indicam estes valores? Que 1 em cada 2 cães no Reino Unido se encontra acima do seu peso; que em relação à década anterior o número dos cães obesos aumentou 158% (gostaria de saber qual o percentual total de castrados na globalidade dos cães dali); que a obesidade tem contribuído para o aumento de doenças crónicas (diabetes, problemas cardíacos, respiratórios, artrite, etc.); que aumenta até 82% os casos de artrite e 83% os de colapso traqueal. À parte disto, há que considerar os gastos com tratamentos e medicação que aumentam 17% num período de 5 anos. Mais, dependendo da raça a sobrealimentação pode ainda reduzir a esperança de vida dos cães de 2 a 4 anos.
Não há dúvida: estamos de facto perante um problema de sobrealimentação canina grave – os cães estão a comer demais! Muito deste disparate deve-se à ignorância dos donos que não aquilatam da quantidade e qualidade das rações e biscoitos, que subornam os cães com comida para alcançarem os seus intentos, que os treinam a partir da gula, que os criam sem tabelas de crescimento, que os privam do exercício diário, que trocam o exercício por guloseimas, que abraçam o antropomorfismo e acham muito natural que os animais sejam tão gordinhos como a “mamã” e o papá”, que preferem encher-lhes o “bandulho” do que interagirem com eles e também por se deixarem subornar pelos cães.
A somar a isto há que considerar o exagerado número de cães castrados, normalmente mais caseiros, menos chegados ao exercício físico e mais propensos a engordar, mesmo com minúsculas quantidades diárias de rações light, também a existência de raças caninas tendentes à obesidade, as mesmas que não indicam no seu estalão qual o peso desejável para machos e fêmeas. 
Há no fenómeno também uma “mea culpa” dos adestradores que baniram os obstáculos dos seus centros de treino, particularmente os tácticos, que sempre se revelaram excelentes para a boa forma dos cães. E as autarquias locais, ao não atribuírem parques municipais vedados para uso canino, estão também a contribuir para a engorda dos cães. Rações mais indicadas para suínos do que para cães e biscoitos lesivos que lhes são lesivos podem também engrossar esta lista.
Para ajudarmos os nossos leitores a saber se os seus cães se encontram obesos ou não, vamos seguidamente explicar os principais sinais reveladores da obesidade, isto segundo o parecer do Dr. Sean McCormack, um clínico que se tem dedicado à nutrição canina. Se ao passar as mãos pelo peito do seu cão não lhe sentir as costelas e se a sua barriga estiver descaída e não arrumada em direcção aos quadris, pode ter a certeza que ele se encontra obeso. 
Mau hálito, gengivas inflamadas, dificuldades em mastigar, dentes manchados ou com tártaro, podem também indiciar obesidade e esta também pode estar na origem de manchas de pele vermelha, escamosa, seca ou inflamada, de dermatites, caspa e ausência de pêlo, já que são sintomas de um animal flácido.   
Perca de apetite e sono exagerado podem significar que o seu cão se encontra com peso a mais. Os cães gordos tendem a ficar letárgicos, cansam-se rapidamente, bebem muita água e recusam-se a andar porque se sentem desconfortáveis. 
Cães obesos e problemas digestivos costumam “andar de braço dado”, pelo que é natural que se queixem quando lhes apertam a barriga. Flatulência, vómitos e diarreias costumam ser mais frequentes nos cães com excesso de peso. 
No caso britânico, as raças caninas que apresentam maior número de obesos são o Cairn Terrier e o Cocker Spaniel.
O antropomorfismo, a alimentação inadequada, a sobrealimentação e o excessivo sedentarismo estão a matar gradualmente os cães, por atentarem de sobremaneira contra o seu bem-estar, saúde, qualidade de vida e longevidade. Para combater este flagelo exortamos os nossos leitores à prática de um passeio diário com os seus cães numa extensão de 5km e a melhorar a sua interacção com eles sempre que possível. Ter um cão é um bom pretexto para quem precisa de fazer exercício e não uma ocasião para isentar mais um dos seus benefícios.

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