Em
Shuwaymis, região montanhosa do noroeste da Arábia Saudita, esculpidas num
penhasco de arenito junto à margem um rio desaparecido, supõe-se que foram
encontradas as imagens mais antigas contendo cães, onde se pode ver um caçador
munido de arco e flecha acompanhado por treze cães, cada um com malhas
diferentes no manto e dois deles atrelados à cintura do caçador (foto acima).
Estas gravuras provavelmente datam de há mais de 8 000 anos atrás,
portanto do neolítico.
E
se isto for verdade é algo espantoso, porque a domesticação e o uso dos cães
aconteceu bem antes do que julgávamos até aqui. Estas gravuras, se a sua
datação se confirmar e o significado das suas representações não deixar
dúvidas, serão as primeiras imagens de cães que há no Mundo e a comprovação de
que os homens bem cedo usaram estes animais para caçar. A representação de cães
mais antiga anteriormente conhecida foi encontrada em pinturas de cerâmica
iraniana que datam no máximo de há 8 000 anos atrás.
Este
trabalho de campo e estudo, que já leva 3 anos, resultou da parceria entre o
Instituto Max Planck para a Ciência Humana em Jena, Alemanha e a Comissão
Saudita do Turismo e Património Nacional, delegando o primeiro na arqueóloga
Maria Guagnin o trabalho de ajudar a catalogar mais de 1 400 painéis de
arte rupestre, contendo mais de 7 000 animais e seres humanos em Shuwaymis
e Jubbah, numa extensão territorial a rondar os 200 km.
Quando
Guagnin mostrou as fotos da arte rupestre à sua colega e co-autora desta
pesquisa, a Dr.ª Angela Perri, investigadora do Instituto Max Planck de Antropologia
Evolutiva em Leipzig, na Alemanha, esta considerou-as reveladoras e bem
próximas de um vídeo do YouTube.
Os
cães esculpidos na rocha são muito parecidos com os actuais Cães de Canaã,
segundo adiantou da Dr.ª Perri, parecer que achamos correcto atendendo às
semelhanças entre uns e outros. Estes cães, sobre os quais já nos debruçarmos
no texto “CANAAN DOG: O PRIMO
DO MÉDIO-ORIENTE”, editado em 12/12/2014, constituem uma
raça em grande parte feroz que atravessa os desertos do Médio-Oriente.
Os
156 cães esculpidos em Shuwaymis e os 193 de Jubbah são todos de tamanho médio,
com orelhas erectas, focinhos curtos e caudas encaracoladas, marcas
indubitáveis de cães domésticos. Nas esculturas podemos vê-los a morder os
pescoços e as barrigas de cabras ibex e de gazelas para além de enfrentarem
burros selvagens.
Aguardam-se
novos desenvolvimentos e conclusões. O assunto é apaixonante e suscita a curiosidade de todos os que se interessam por cães.
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