sábado, 18 de novembro de 2017

SERÃO ESTAS AS PRIMEIRAS IMAGENS DE CÃES DO MUNDO?

Em Shuwaymis, região montanhosa do noroeste da Arábia Saudita, esculpidas num penhasco de arenito junto à margem um rio desaparecido, supõe-se que foram encontradas as imagens mais antigas contendo cães, onde se pode ver um caçador munido de arco e flecha acompanhado por treze cães, cada um com malhas diferentes no manto e dois deles atrelados à cintura do caçador (foto acima). Estas gravuras provavelmente datam de há mais de 8 000 anos atrás, portanto do neolítico.
E se isto for verdade é algo espantoso, porque a domesticação e o uso dos cães aconteceu bem antes do que julgávamos até aqui. Estas gravuras, se a sua datação se confirmar e o significado das suas representações não deixar dúvidas, serão as primeiras imagens de cães que há no Mundo e a comprovação de que os homens bem cedo usaram estes animais para caçar. A representação de cães mais antiga anteriormente conhecida foi encontrada em pinturas de cerâmica iraniana que datam no máximo de há 8 000 anos atrás.
Este trabalho de campo e estudo, que já leva 3 anos, resultou da parceria entre o Instituto Max Planck para a Ciência Humana em Jena, Alemanha e a Comissão Saudita do Turismo e Património Nacional, delegando o primeiro na arqueóloga Maria Guagnin o trabalho de ajudar a catalogar mais de 1 400 painéis de arte rupestre, contendo mais de 7 000 animais e seres humanos em Shuwaymis e Jubbah, numa extensão territorial a rondar os 200 km.
Quando Guagnin mostrou as fotos da arte rupestre à sua colega e co-autora desta pesquisa, a Dr.ª Angela Perri, investigadora do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva em Leipzig, na Alemanha, esta considerou-as reveladoras e bem próximas de um vídeo do YouTube.
Os cães esculpidos na rocha são muito parecidos com os actuais Cães de Canaã, segundo adiantou da Dr.ª Perri, parecer que achamos correcto atendendo às semelhanças entre uns e outros. Estes cães, sobre os quais já nos debruçarmos no texto “CANAAN DOG: O PRIMO DO MÉDIO-ORIENTE”, editado em 12/12/2014, constituem uma raça em grande parte feroz que atravessa os desertos do Médio-Oriente. 
Os 156 cães esculpidos em Shuwaymis e os 193 de Jubbah são todos de tamanho médio, com orelhas erectas, focinhos curtos e caudas encaracoladas, marcas indubitáveis de cães domésticos. Nas esculturas podemos vê-los a morder os pescoços e as barrigas de cabras ibex e de gazelas para além de enfrentarem burros selvagens.
Aguardam-se novos desenvolvimentos e conclusões. O assunto é apaixonante e suscita a curiosidade de todos os que se interessam por cães.

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