terça-feira, 14 de novembro de 2017

NÓS POR CÁ: 3 GENERAIS ALEMÃES QUE NO INÍCIO DO SÉC.XX NOS VESTIRAM DE LUTO

O primeiro quartel do Séc. XX foi tremendo para a Europa e pior para Portugal, porque se inicia praticamente com o regicídio, assiste-se à mudança de regime e a frágil República, carente de reconhecimento internacional, teme pela independência nacional e vê-se a braços para conservar o Império Colonial Português. Em 1914 estoira a I Guerra Mundial e Portugal vai entrar nela para conservar o seu império ultramarino, enquanto outros lutam em primeira instância pela conservação e expansão dos seus impérios continentais.
O exército português irá sofrer em África, em Angola e particularmente em Moçambique a sua pior derrota depois de Alcácer-Quibir, obra de um general alemão, Paul Emil Lettow-Vorbeck (1870-1964), que adoptando uma guerra de guerrilha e servindo-se de milícias africanas, causou mais baixas aos portugueses que as havidas na Batalha de La Lys. Curiosamente, este militar teutónico foi obrigado a render-se aos ingleses em África sem nunca ter sido derrotado. As guerras travadas pelos portugueses em solo africano durante a I Grande Guerra não foram objecto de grande estudo e divulgação, provavelmente por não serem elogiosas para o Exército Português.
Outro general alemão que nos causou uma derrota estrondosa e que rebentou de vez com a 2ª Divisão do Corpo Expedicionário Português foi Erich Friedrich Wilhelm Ludendorff (1865-1937), o estratega da Batalha de La Lys, em Ypres na Bélgica, ofensiva que foi baptizada de “Georgette” e que visava conquistar Calais e Boulogne-sur-Mer. Este general com poderes praticamente ditatoriais nos últimos meses da Guerra, herói na Alemanha e homem de muitos feitos, foi também o principal defensor da guerra submarina, o que provocou a entrada imediata dos Estados Unidos na Guerra.
Se Ludendorff foi o mentor da ofensiva vitoriosa em La Lys, o seu executor foi o General Ferdinand Von Quast (1850-1939), que à frente de oito divisões do 6º Exército Alemão, num total de 55 000 homens, venceu a oposição portuguesa no dia 9 de Abril de 1918 em apenas quatro horas, abatendo cerca de 300 portugueses e fazendo 6 000 prisioneiros, havendo quem contraponha a estes números outros bem diferentes: 1341 mortos, 4626 feridos, 1932 desaparecidos e 7440 prisioneiros.
Segundo o parecer unânime de vários historiadores, a estrondosa derrota da 2ª Divisão do Corpo Expedicionário Português, ficou a dever-se naquela circunstância aos seguintes factores: à Revolução de Dezembro de 1917, ocorrida em Lisboa e que colocou na Presidência da República o Major Doutor Sidónio Pais, o qual alterou profundamente a política da Guerra preconizada pelo Partido Democrata; ao retorno a Lisboa de muitos oficiais, por perseguição ou favor político; as tropas portuguesas nunca vieram a ser rendidas pelas britânicas por ausência de transporte, o que veio a provocar um grande desânimo nas hostes lusas.
Também os oficiais mais endinheirados e com alguma influência conseguiram regressar a Portugal não retornando aos seus postos nas trincheiras; o moral das tropas era baixíssimo, ao ponto de haver deserções e suicídios; também a disparidade do número de homens influiu decididamente na sorte da batalha (55 000 alemães contra 15 000 portugueses); o armamento alemão era melhor em qualidade e quantidade; o ataque alemão deu-se no dia em que finalmente as tropas portuguesas tiveram ordem para retirar para posições mais à retaguarda. E, para ajudar à festa, as tropas britânicas fizeram recuar as suas posições, deixando expostos os flancos do Corpo Expedicionário Português, o que facilitou de sobremaneira o seu cerco e aniquilação.
Caso os aliados não tivessem vencido a Guerra, a situação de Portugal e dos portugueses seria ainda mais complicada. Para a história ficam 3 generais alemães que puseram o País de luto e também o sangue derramado pela nossa gente que nos garantiu a independência e o império de que mais tarde abriríamos mão. Há uma imagem do Corpo Expedicionário Português que queremos dividir com os nossos leitores, a relativa a um desfile desse Corpo na Rua de Belém em Lisboa, a mesma onde os turistas continuam a procurar pelos célebres “Pastéis de Belém” (as diferenças daquele tempo para a actualidade são nulas ou quase nulas! Ao fundo pode ver-se o Mosteiro dos Jerónimos). 
Combateu-se pelos impérios, depois pelas nações e hoje combate-se pela paz, sendo o combate actual o mais justo e o único por quem vale a pena lutar! Falámos deste assunto por estarmos a comemorar o 1º Centenário da I Grande Guerra, conflito que gerou 9 milhões de mortos e um número infindável de incapacitados e de feridos. Oxalá guerras destas não voltem a repetir-se. 

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