quinta-feira, 16 de novembro de 2017

COM UMA TÁBUA E MEIA-DÚZIA DE LARANJINHAS BRAVAS

Vivemos numa época de senso incomum ou de ausência de bom senso, não sabemos o que fazer com tanta informação e regime de excepção, cada um procura por e para si os parâmetros que facilitam a sua adaptação numa sociedade que não se preocupa com ninguém. Educar nunca foi fácil e nestas circunstâncias muito menos, particularmente cães, elevados hoje a uma categoria só explicada pela angelologia, mercê do vazio e insanidade que afectam muitos dos seus donos. Decididamente os cães não querem e não podem ser anjinhos, porque são obrigados a lidar com muitos “demónios” no seu quotidiano, indivíduos que tudo por farão para fazê-los tropeçar e expor os seus donos ao ridículo.
É obrigação dos adestradores e propósito do adestramento alertar os donos e preparar os cães para serem impolutos e incorruptíveis diante dos perigos que os cercam e de quem não lhes deseja bem algum. Cientes destas dificuldades e apostados na capacitação e nas vitórias da Maggie e do Slinky, começámos hoje a aliciá-los e a amedrontá-los para que desobedecessem aos donos e abandonassem o comando de “quieto”, servindo-nos de meia-dúzia de laranjinhas bravas como se fossem bolas e de um pesado pedaço de tábua.
Na procura da supremacia do “quieto”, preocupa-nos também o imprevisto e o bem-estar das crianças, que deverão poder brincar e correr atrás de uma bola sem serem mordidas ou jogadas ao chão. E para que isso assim suceda é de suma importância que os cães não corram atrás de bolas que não lhes pertencem, mesmo que sejam convidados para isso, para não porem a sua integridade e da terceiros em risco, quando atravessam uma estrada ou estatelam alguém no chão. A Maggie tentou correr várias vezes atrás das pequenas laranjas bravas, mas rapidamente compreendeu que não devia persegui-las.
O Slinky depressa se desinteressou do convite para correr atrás das laranjinhas, comportamento que ficou a dever-se em grande parte à ajuda do seu condutor, que o advertia atempadamente e a par e passo. Escusado será dizer que iremos recapitular este trabalho já no próximo Sábado.
O Rottweiler temeu vivamente a madeira que foi lançada na sua direcção, a comprová-lo estão as fotos anteriores, mas depois de serenado e incentivado pelo dono, mostrou-se totalmente indiferente à sua passagem conforme atesta a foto seguinte.
Com uma tábua e meia-dúzia de laranjinhas bravas começámos a instalar já hoje o “quieto” do amanhã, comando que nos garantirá encontrar os cães nos mesmos lugares onde os deixámos, independentemente do tempo decorrido, das condições climatéricas, dos aliciamentos havidos, das possíveis ameaças, do número de pessoas ao seu redor, da presença de outros cães, do maior ou menor ruído, etc.. Treinar um “quieto” assim, que só pode ser desactivado pelo dono, é subsidiar a disciplina de guarda e criar dificuldades ao sequestro dos cães. Resta agradecer à Carla Leitão e ao Tomás Araújo a sua entrega ao trabalho.

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