Vivemos numa época de
senso incomum ou de ausência de bom senso, não sabemos o que fazer com tanta
informação e regime de excepção, cada um procura por e para si os parâmetros que
facilitam a sua adaptação numa sociedade que não se preocupa com ninguém.
Educar nunca foi fácil e nestas circunstâncias muito menos, particularmente
cães, elevados hoje a uma categoria só explicada pela angelologia, mercê do
vazio e insanidade que afectam muitos dos seus donos. Decididamente os cães não
querem e não podem ser anjinhos, porque são obrigados a lidar com muitos “demónios” no seu
quotidiano, indivíduos que tudo por farão para fazê-los tropeçar e expor os seus donos ao
ridículo.
É obrigação dos
adestradores e propósito do adestramento alertar os donos e preparar os cães
para serem impolutos e incorruptíveis diante dos perigos que os cercam e de
quem não lhes deseja bem algum. Cientes destas dificuldades e apostados na
capacitação e nas vitórias da Maggie e do Slinky, começámos hoje a aliciá-los e
a amedrontá-los para que desobedecessem aos donos e abandonassem o comando de “quieto”,
servindo-nos de meia-dúzia de laranjinhas bravas como se fossem bolas e de um
pesado pedaço de tábua.
Na procura da supremacia
do “quieto”, preocupa-nos também o imprevisto e o bem-estar das crianças, que
deverão poder brincar e correr atrás de uma bola sem serem mordidas ou jogadas
ao chão. E para que isso assim suceda é de suma importância que os cães não
corram atrás de bolas que não lhes pertencem, mesmo que sejam convidados para
isso, para não porem a sua integridade e da terceiros em risco, quando
atravessam uma estrada ou estatelam alguém no chão. A Maggie tentou correr várias
vezes atrás das pequenas laranjas bravas, mas rapidamente compreendeu que não
devia persegui-las.
O Slinky depressa se
desinteressou do convite para correr atrás das laranjinhas, comportamento que
ficou a dever-se em grande parte à ajuda do seu condutor, que o advertia
atempadamente e a par e passo. Escusado será dizer que iremos recapitular este
trabalho já no próximo Sábado.
O Rottweiler temeu
vivamente a madeira que foi lançada na sua direcção, a comprová-lo estão as
fotos anteriores, mas depois de serenado e incentivado pelo dono, mostrou-se
totalmente indiferente à sua passagem conforme atesta a foto seguinte.
Com uma tábua e meia-dúzia
de laranjinhas bravas começámos a instalar já hoje o “quieto” do amanhã,
comando que nos garantirá encontrar os cães nos mesmos lugares onde os deixámos,
independentemente do tempo decorrido, das condições climatéricas, dos
aliciamentos havidos, das possíveis ameaças, do número de pessoas ao seu redor,
da presença de outros cães, do maior ou menor ruído, etc.. Treinar um “quieto” assim,
que só pode ser desactivado pelo dono, é subsidiar a disciplina de guarda e
criar dificuldades ao sequestro dos cães. Resta agradecer à Carla Leitão e ao
Tomás Araújo a sua entrega ao trabalho.
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