Tempos houve em que privei
com um adestrador que não deixava de ter razão naquilo que dizia, mas que era
rude e brutal nos métodos que escolhia. Certa vez, depois de chuva intensa e quando
conduzia à trela um cão, aparentemente sem razão, o animal desviava-se das
poças espalhadas pelo chão desequilibrando quem o conduzia. Chocado com os escrúpulos
do cão, o velho adestrador levantou-o do chão e pespegou-o dento duma poça
dizendo: “primeira lição, onde eu meto as patas, metes tu as tuas”, ignorando
que o animal havia sido acostumado a desviar-se das poças para não salpicar os
donos.
Quando mal caem umas gotas
de chuva, que infelizmente têm sido tão poucas, logo alguns dos nossos alunos
perguntam se há aulas ou não, havendo também outros que se calam bem calados e
que não aparecem e outros ainda que “inesperadamente” têm algo a resolver no
horário das aulas. Para os que perguntam, a resposta é sempre a mesma: Sim,
porque quando chove também temos que ir à rua com os cães, já que doutro modo
acabarão a urinar e a defecar contrariados dentro de casa. A esta razão acresce
a necessidade da obediência canina não se limitar apenas a circunstâncias
climatéricas favoráveis.
E depois, nos anos
bem-aproveitados que levamos a ensinar cães, sempre sentimos maior resistência
à chuva por parte dos donos, apesar dos bons cães de utilidade serem forjados
nas circunstâncias mais difíceis, quando importa acompanhar, guarda, socorrer,
resgatar e salvar.
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