quinta-feira, 30 de novembro de 2017

MOMENTOS DE SUPERCOMPENSAÇÃO PARA UM AMANHÃ FELIZ

É raro o cão que sendo feliz apresente dificuldades de aprendizagem, o que torna a alegria canina no melhor dos subsídios de ensino. Apesar de parecer estranho, quando se está a ensinar um cachorro e importa solicitar-lhe a atenção, o melhor que há a fazer é dar-lhe primeiro momentos de evasão, porque estando satisfeito mais depressa se disponibilizará. Graças ao equilíbrio que sempre respeitamos entre o trabalho útil e os momentos de supercompensação, ganhamos a sociabilização dos cães e a sua concentração sem maiores dificuldades.
E como resultado de tudo isso, os cães escolares mais depressa se constituem em matilhas heterogéneas e funcionais, mercê da experiência feliz e do trabalho comum, que possibilitam sãs brincadeiras e variadíssimos trabalhos de grupo. Assim, a Maggie e o Slinky, para além de companheiros de classe, são grandes e inseparáveis amigos, pois onde estiver um, estará o outro. Acreditem, vale a pena vê-los brincar! 

QUER SER PORTUGUÊS OU ESPANHOL?

Amanhã é feriado nacional, comemora-se o Dia da Restauração, aludindo-se ao dia Primeiro de Dezembro de 1640, quando a Restauração da Independência Nacional aconteceu contra o domínio espanhol exercido pela Dinastia Filipina. A esmagadora maioria dos portugueses, como de costume, não vai ligar peva para o assunto e devia, porque é um dia cheio de significado patriótico. Por vezes há perguntas que não devem ser feitas em certos momentos.
Passados estes anos todos e diante das circunstâncias em que vivemos, imaginem se perguntassem aos portugueses de agora se queriam continuar portugueses ou ser espanhóis, não sei, não, uma vez que só se ouve cantar o Hino a muitos quando joga a Selecção! Poucas vezes estivemos tão perto de perder a independência nacional como agora e garanti-la vai ser obra das gerações presente e futura. Para que o ânimo não esmoreça há que recordar o passado e não temer: Viva Portugal! Viva a Restauração! 

TEDDY: UMA PULGA SALTITONA ENTRE BRAVOS MOLOSSOS

Para nosso encanto e para espanto dos que nada sabem, o Teddy, um jovem Shih Tzu propriedade do Sr. Jorge Costa, deu entrada ontem nas nossas fileiras, tendo como padrinho de classe o Rottweiler Slinky que com ele treinou e brincou. Este gracioso e vivaz Shih Tzu demonstra uma alta capacidade de aprendizagem e uma disponibilidade animo-atlética invulgar em cães tão pequenos, particulares que nos levam a respeitar o seu esforço e dedicação em abono da sua salvaguarda.
Hoje já contou no treino com mais uma companheira, a Maggie, uma Bull Terrier que adora e que não quer vê-la brincar com o Rottweiler. Entre aqueles bravos molossos, duros de entradas e de brincadeiras, o Teddy parece uma pequena pulga saltitona que se agiganta no seu meio, porque o que lhe falta em tamanho, sobra-lhe na alma. Desejamos a este binómio recém-chegado rápido progresso no ensino e muitas vitórias, certos de que tal não tardará a acontecer. Sejam bem-vindos! 

SIM. QUANDO CHOVE TAMBÉM TEMOS QUE IR COM ELES À RUA!

Tempos houve em que privei com um adestrador que não deixava de ter razão naquilo que dizia, mas que era rude e brutal nos métodos que escolhia. Certa vez, depois de chuva intensa e quando conduzia à trela um cão, aparentemente sem razão, o animal desviava-se das poças espalhadas pelo chão desequilibrando quem o conduzia. Chocado com os escrúpulos do cão, o velho adestrador levantou-o do chão e pespegou-o dento duma poça dizendo: “primeira lição, onde eu meto as patas, metes tu as tuas”, ignorando que o animal havia sido acostumado a desviar-se das poças para não salpicar os donos.
Quando mal caem umas gotas de chuva, que infelizmente têm sido tão poucas, logo alguns dos nossos alunos perguntam se há aulas ou não, havendo também outros que se calam bem calados e que não aparecem e outros ainda que “inesperadamente” têm algo a resolver no horário das aulas. Para os que perguntam, a resposta é sempre a mesma: Sim, porque quando chove também temos que ir à rua com os cães, já que doutro modo acabarão a urinar e a defecar contrariados dentro de casa. A esta razão acresce a necessidade da obediência canina não se limitar apenas a circunstâncias climatéricas favoráveis.
E depois, nos anos bem-aproveitados que levamos a ensinar cães, sempre sentimos maior resistência à chuva por parte dos donos, apesar dos bons cães de utilidade serem forjados nas circunstâncias mais difíceis, quando importa acompanhar, guarda, socorrer, resgatar e salvar.

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

PARA ALEGRAR O “NATAL” DE CÃES E GATOS

Todos sabemos que cães e gatos não abrangem perspectivas metafísicas ou promessas escatológicas, venham elas donde vieram, mas também sabemos que o Natal é uma das melhores épocas do ano para o negócio, possivelmente até a melhor, porque o ambiente que o rodeia é de festa e tradicionalmente entregam-se presentes, o que leva as pessoas a abrirem os cordões à bolsa com maior facilidade nesta festa maior do consumismo. E como “negócio é negócio e conhaque é conhaque”, importa vender mais e ter de tudo para todos. Debaixo desta política que faz girar o mundo, os donos de cães e gatos são cada vez mais procurados, porque são sensíveis aos seus animais e não querem que nada lhes falte, adquirindo-lhes ocasionalmente coisas que não precisam, iludidos por uma filosofia antropomorfista que rasa o neopaganismo, já que muitos dos actuais cinófilos estão a eliminar a ténue mas salutar barreira que separa os afectos das convicções.
E o maior supermercado da Grande Bretanha, o “TESCO”, fundado por um judeu ashkenazi de origem polaca que nasceu com o nome de Jacob Edward Kohen, que não quis ser alfaiate e que acabou como Sir John Edward Cohen (Sir Jack Cohen), uma multinacional com 100 lojas nas Ilhas Britânicas e que se encontra espalhada por mais 13 países, não escapa à regra, porque passou de 13 para 50 os artigos destinados a cães e gatos, dando resposta à procura que em dois anos aumentou 300%. Às já tradicionais bolachas de Natal, calendários de advento, meias cheias de doces, guloseimas variadas e roupas alusivas e utilitárias, vieram juntar-se as cervejas sem álcool “Pawsecco” e “Bottom Sniffer” (já à venda esta semana), para que cães e gatos possam brindar com os seus donos nesta época festiva.
Estas “cervejas”, criadas para transmitir uma sensação de bem-estar a gatos e cães, custam 3€ a garrafa e contaram com o parecer de veterinários na sua elaboração (a vida dos veterinários ali não deve estar fácil, devem inclusive ser muitos, porque na área da saúde só exportamos para o Reino Unido enfermeiros). A “Pawsecco” é uma bebida não alcoólica, não gasosa e sem vinho, que resulta da mistura de sabugueiro, urtiga, ginseng e flor de lima; a “Bottom Sniffer” é feita de linho, dente-de-leão, bardana e urtiga. Ao falarmos da urtiga por detrás destas cervejas”, aconselhamos os nossos leitores que dão comida fresca aos seus cães, a trocarem de vez em quando os espinafres e as folhas de alho francês por urtigas, considerando os benefícios que oferecem para a saúde dos animais.
Em matéria de cervejas há ainda que referir outra: a já conhecida “Snuffle Dog Beer”, que é feita numa cervejaria belga adequada. Para além das cervejas, das guloseimas e das roupas, os donos dos cães podem ainda comprar uma água-de-colónia para cães da John Lewis, apresentada em forma de spray e que custa a módica quantia de £ 12,95 (14,6689 € / 56,1951 Reais).
O que os cães desejam neste Natal e nos restantes meses do ano, é que não sejam privados da companhia dos seus donos mais uma vez, que não sejam esquecidos como tantas vezes acontece e que não os empanturrem com alimentos susceptíveis de intoxicá-los. Um Bom Natal para um cão é aquele que ele passa no aconselho do lar, junto dos seus e com saúde.

terça-feira, 28 de novembro de 2017

PERDERAM O PRESENTE DE CASAMENTO PARA SEMPRE

Decididamente a estupidez não tem fronteiras e também se faz sentir lá para os lados de Eccles, uma cidade inglesa pertencente à Grande Manchester, que com a chegada da Revolução Industrial e a fixação da indústria têxtil, assistiu ao primeiro transporte ferroviário de passageiros do mundo, obra da empresa “Liverpool & Manchester Railway”. Pode ser que o sucedido não seja totalmente alheio à “Seasonal Affective Disorder”, depressão que afecta muitos ingleses no Inverno. Seja como for, como o que importa são os factos, vamos directo à narrativa.
Dois mastins à solta, propriedade de um tal Paul Baxter de 35 anos, encontraram num campo desportivo um Beagle a correr atrás da sua bolinha, animal simpático que foi prenda de casamento de Jennifer Thornley (médica interna de hospital) para o seu marido.
Apesar dos esforços do seu proprietário, homem pouco expedito, mal informado e de limitado engenho (nós vimos um vídeo do acontecido), os dois mastins caíram sobre o desafortunado Beagle e esfrangalharam-no num ápice.
Um dos mastins assassinos é de raça Bully Kutta (o branco), também conhecida como “Mastim Paquistanês”, raça canina rara do Médio-Oriente, normalmente utilizada nas ilegais lutas de cães. Pensa-se que o Bully Kutta descende do extinto Alano, cão usado pelo Exército Persa nas batalhas. A raça é hoje usada no Paquistão como cão de guarda e como cão de luta. 
O Bully Kutta é sensivelmente do mesmo tamanho de um Dogue Alemão ainda que mais musculado. Pode alcançar 110cm de altura ao garrote e chegar a pesar 90kg. Os Bully Kutta são cães extremamente rústicos e independentes, leais aos seus líderes e de personalidade dominante, atributos que levam a raça a ser considerada extremamente feroz, o que não impossibilita a existência no seu seio de indivíduos mansos e carinhosos, como de resto acontece em todas as raças.
Depois de identificado o seu proprietário, que Segunda-feira se apresentou voluntariamente na esquadra, os mastins viriam a ser apreendidos pela polícia local ao abrigo da Lei “Dangerous Dog Act” para avaliação, adiantando um porta-voz da “GMP” (Greater Manchester Police) que nenhum dos cães do Sr. Baxter era de raça ilegal?! 
Como se calcula os donos do falecido Beagle continuam inconsoláveis com a sua perca e o dono dos mastins chocado com o seu comportamento, adiantando que não os treinou para aquele fim, que os seus cães sempre se comportaram bem com outros cães e que eram grandes amigos da sua filha de três anos de idade, adiantando ainda que “mesmo que eles não sejam abatidos, terão que ser reeducados” (closing the stable door after the horse has bolted!).
Esta escusada morte e brutal desfecho, seriam evitáveis se os proprietários dos cães envolvidos usassem de maior cuidado com os seus animais e com os alheios, porque segundo o que nos foi dado a observar por um vídeo de uma camionista que mostra o sucedido, todos os cães estavam soltos e o seu ensino era escasso ou inexistente, o que demonstra o tamanho da ingenuidade daqueles donos e o seu despreparo enquanto proprietários caninos. E gente assim desprevenida temos por cá nós aos milhares, quase que arriscaríamos a dizer aos milhões, que todos os dias sujeitam os seus cães a uma verdadeira roleta russa baseados na sorte que raramente perdura.
Caro leitor, caso tenho um cão pequeno ou toy, nunca o solte nos parques públicos, mormente quando ele não lhe obedece à chamada, é conflituoso e tem tendência para se afastar em demasia. E se mesmo com ele atrelado, algum cão tentar agredi-lo, coloque-o rapidamente ao seu colo. Soltar cães (sejam grandes ou pequenos), como aconteceu no relato anterior, pode ter um preço que ninguém está disposto a pagar. 
Evite também jogar um brinquedo e mandar o seu cão buscá-lo no meio de outros cães, porque isso é mais do que suficiente para estalar uma briga das boas com consequências nem sempre previsíveis. 
Quando sair à noite com o seu cão, escolha áreas mais iluminadas e com movimento de pessoas. Para além de não dever soltar o cão e a pensar na sua salvaguarda, quiçá na de ambos, não se embrenhe em matas ou jardins escuros, locais preferenciais onde os cães agressivos são soltos pelos donos. A propósito, do que espera para ensinar obediência ao seu cão?

MAGGIE: “AQUI” E POR ONDE FOR PRECISO

O dia amanheceu debaixo de chuva, que nalguns períodos foi intensa, mas mesmo assim conseguimos treinar a Maggie sem nos molharmos. Com o Tomás a transportar móveis para o “Consulado da Roménia” a sul do Cabo da Roca e a nordeste do Cabo Espichel, a boa da Bull Terrier não pôde contar com a companhia do Slinky, o Rottweiler que sempre a acompanha nos treinos. E como só faz falta quem cá está, começámos o dia a treinar o comando de “aqui”, primeiro com a trela extensível e depois com a Bull Terrier em liberdade, recompensando a Maggie nos dois momentos (apesar de não nos podermos queixar desta generosa cachorra, sabemos que os molossos normalmente só se interessam por duas coisas: comer e morder).
Condicionada pela trela e animada pela recompensa, a cadela bem depressa aprendeu a responder ao comando em liberdade e em várias direcções, evoluindo daí para chamamentos a 50 e 70 metros, para além de procurar a dona “desaparecida”, que intencionalmente se encontrava escondida.
Quem anda “nisto” dos cães sabe que aqueles que são rectos de angulações traseiras precisam de mais força e embalo (velocidade), por vezes até de um andamento mais célere (galope), para ultrapassarem barreiras e planos íngremes à sua frente, daí a facilidade com que transitam do passo para o galope, pelo que importa musculá-los e aumentar a mobilidade dos seus membros traseiros em panos inclinados, harmonizando assim a sua garupa com a espádua. Cientes disso, convidámos a Maggie a fazê-lo no parapeito duma escadaria.
Não há nada melhor para ensinar um condutor canino a posicionar-se e a auxiliar correctamente o seu cão que um exercício destes, porque terá que dar as ajudas certas no início da transposição, avançar no mesmo embalo e adiantar-se em relação animal, animando-o em todos os momentos.
Quando os donos temem e os cães não tremem, não sobra ao adestrador outro remédio senão pegar nos animais, acção sensata perante o temor dos donos e a salvaguarda dos cães. É obrigação de um adestrador consciente dotar os cães que lhe são confiados de maior confiança e valentia, para que futuramente consigam evadir-se ou surpreender intrusos por vias inesperadas. À parte disto, os exercícios mais difíceis, quando constituídos em vitórias, são modos mais céleres para a fixação dos comandos (de imobilização ou direccionais) pelos cuidados a que obrigam. Assim, valemo-nos de um muro oval com 20 cm de lado, elevado na sua parte mais alta a 145cm do solo e com uma extensão de 80 metros (a distância ao solo do outro lado do muro chega aos 215cm).
A Maggie não apresentou nenhuma dificuldade no exercício, primeiro porque já experimentou e venceu obstáculos semelhantes, tem o equilíbrio necessário para a tarefa (físico e psicológico), depois porque é valente e finalmente porque é muito bem aprumada. Sem estas quatro condições é criminoso convidar um cão para a resolução de um exercício destes.
Com a Bull Terrier concentrada e confiante, convidámo-la para progredir num parapeito com 10cm de largo, desafio que venceu sem qualquer dificuldade. Tanto o muro como este exercício só estarão verdadeiramente vencidos quando executados em liberdade pela Maggie, progresso que acontecerá sem atropelos nos próximos dias.
E mais não fizemos nesta manhã cinzenta do dia 28 de Novembro, alvor tardio de Outono que chamamos de bem-vindo, quando quase não se via vivalma e saltámos para a rua com uma cadela ao nosso lado, agasalhada por ser branca e precisar de estar cómoda. 

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

O CÃO FICA BEM DENTRO DO APARTAMENTO. E OS DONOS?

Sempre que alguém mora num apartamento e deseja adquirir um cão, muitas pessoas tentam demovê-lo da sua intenção, argumentando que o cão não se sentirá ali feliz por falta de espaço. Desde que o animal venha à rua pelo tempo necessário, bem depressa considerará como seu aquele apartamento e sentir-se-á ali feliz. Quem não ficará tão bem são os seus donos, que terão que dividir o exíguo espaço com o animal, limpá-lo amiúde, higienizar a casa mais vezes, alterar as suas rotinas, atribuir-lhe um espaço próprio, ensinar-lhe regras de convivência, suportar os seus disparates e descuidos e estarem sempre prontos para o levar à rua, quer chova ou faça sol, seja de noite ou de dia – o cabo dos trabalhos! Por tudo isto se compreende quem fica mais prejudicado dentro do apartamento.  

MATAR DE TANTO GOSTAR!

O Reino Unido está com uma epidemia de obesidade canina e aqui para lá caminhamos a passos largos. Uma pesquisa recente, levada a cabo por uma empresa britânica de alimentação para cães, revelou números preocupantes: 90% dos proprietários caninos não sabe qual é o valor calórico desejável para os seus cães, 29% não consegue ou não mede a quantidade de comida que distribui, 20% não sabem dizer se o seu cão está gordo e 13% mentem aos veterinários acerca dos hábitos alimentares dos seus amigos de 4 patas!
Em termos práticos e como consequência, o que indicam estes valores? Que 1 em cada 2 cães no Reino Unido se encontra acima do seu peso; que em relação à década anterior o número dos cães obesos aumentou 158% (gostaria de saber qual o percentual total de castrados na globalidade dos cães dali); que a obesidade tem contribuído para o aumento de doenças crónicas (diabetes, problemas cardíacos, respiratórios, artrite, etc.); que aumenta até 82% os casos de artrite e 83% os de colapso traqueal. À parte disto, há que considerar os gastos com tratamentos e medicação que aumentam 17% num período de 5 anos. Mais, dependendo da raça a sobrealimentação pode ainda reduzir a esperança de vida dos cães de 2 a 4 anos.
Não há dúvida: estamos de facto perante um problema de sobrealimentação canina grave – os cães estão a comer demais! Muito deste disparate deve-se à ignorância dos donos que não aquilatam da quantidade e qualidade das rações e biscoitos, que subornam os cães com comida para alcançarem os seus intentos, que os treinam a partir da gula, que os criam sem tabelas de crescimento, que os privam do exercício diário, que trocam o exercício por guloseimas, que abraçam o antropomorfismo e acham muito natural que os animais sejam tão gordinhos como a “mamã” e o papá”, que preferem encher-lhes o “bandulho” do que interagirem com eles e também por se deixarem subornar pelos cães.
A somar a isto há que considerar o exagerado número de cães castrados, normalmente mais caseiros, menos chegados ao exercício físico e mais propensos a engordar, mesmo com minúsculas quantidades diárias de rações light, também a existência de raças caninas tendentes à obesidade, as mesmas que não indicam no seu estalão qual o peso desejável para machos e fêmeas. 
Há no fenómeno também uma “mea culpa” dos adestradores que baniram os obstáculos dos seus centros de treino, particularmente os tácticos, que sempre se revelaram excelentes para a boa forma dos cães. E as autarquias locais, ao não atribuírem parques municipais vedados para uso canino, estão também a contribuir para a engorda dos cães. Rações mais indicadas para suínos do que para cães e biscoitos lesivos que lhes são lesivos podem também engrossar esta lista.
Para ajudarmos os nossos leitores a saber se os seus cães se encontram obesos ou não, vamos seguidamente explicar os principais sinais reveladores da obesidade, isto segundo o parecer do Dr. Sean McCormack, um clínico que se tem dedicado à nutrição canina. Se ao passar as mãos pelo peito do seu cão não lhe sentir as costelas e se a sua barriga estiver descaída e não arrumada em direcção aos quadris, pode ter a certeza que ele se encontra obeso. 
Mau hálito, gengivas inflamadas, dificuldades em mastigar, dentes manchados ou com tártaro, podem também indiciar obesidade e esta também pode estar na origem de manchas de pele vermelha, escamosa, seca ou inflamada, de dermatites, caspa e ausência de pêlo, já que são sintomas de um animal flácido.   
Perca de apetite e sono exagerado podem significar que o seu cão se encontra com peso a mais. Os cães gordos tendem a ficar letárgicos, cansam-se rapidamente, bebem muita água e recusam-se a andar porque se sentem desconfortáveis. 
Cães obesos e problemas digestivos costumam “andar de braço dado”, pelo que é natural que se queixem quando lhes apertam a barriga. Flatulência, vómitos e diarreias costumam ser mais frequentes nos cães com excesso de peso. 
No caso britânico, as raças caninas que apresentam maior número de obesos são o Cairn Terrier e o Cocker Spaniel.
O antropomorfismo, a alimentação inadequada, a sobrealimentação e o excessivo sedentarismo estão a matar gradualmente os cães, por atentarem de sobremaneira contra o seu bem-estar, saúde, qualidade de vida e longevidade. Para combater este flagelo exortamos os nossos leitores à prática de um passeio diário com os seus cães numa extensão de 5km e a melhorar a sua interacção com eles sempre que possível. Ter um cão é um bom pretexto para quem precisa de fazer exercício e não uma ocasião para isentar mais um dos seus benefícios.

domingo, 26 de novembro de 2017

ΑΝΑΓΝΩΣΤΕΣ ΤΗΣ ΕΛΛΑΔΑΣ / LEITORES DA GRÉCIA

Temos leitores de todos os países europeus, mesmo daqueles cujas barreiras linguísticas ou culturais obstariam à partida a uma maior aproximação connosco. O país do Velho Continente que menos leitores nos dá é a Grécia, o que não deixa de ser estranho atendendo à cultura mediterrânica comum. 
O número mensal dos nossos leitores gregos nunca alcançou os dois dígitos, contrariamente ao dos russos que chegam aos 600 visitantes diários, sendo secundados por alemães, ingleses, espanhóis, irlandeses, franceses, ucranianos, holandeses, austríacos, polacos, checos e sérvios. Apesar de desejarmos mais leitores gregos, congratulamo-nos com os que temos, leitores assíduos que voltaram a visitar-nos esta semana. Para eles e para os que virão depois, deixamos aqui o nosso sincero bem-vindo: ΚΑΛΩΣ ΗΡΘΑΤΕ.

sábado, 25 de novembro de 2017

SÁBADO DE ARMADILHAS E EMBOSCADAS

A instrução deste Sábado incidiu sobre a recusa de engodos e a prática da emboscada, subsídios de ensino próprios do currículo dos cães de guarda. A recusa de engodos que operámos visou impedir os cães de comer comida jogada no solo, valendo-nos para isso de várias ratoeiras “modelo americano” engodadas com chouriço de carne frito. Os cães que já haviam passado por estas armadilhas evitaram-nas e somente o CPA Bor foi surpreendido por uma delas. Nota de destaque para o seu dono que inexplicavelmente acabou também por entalar os dedos.
Cada vez é mais difícil encontrar estas ratoeiras e tivemos que andar de drogaria em drogaria para encontrar sete esquecidas em empoeiradas prateleiras. É possível que seja mais fácil encontrá-las em feiras de artesanato e se assim é, iremos à próxima que se realizar.
As primeiras emboscadas aconteceram dentro de velhos edifícios de alvenaria e o objectivo foi o de fazer com que os cães ladrassem à passagem de gente estranha ou suspeita, acção de extrema importância para evitar que os donos venham a ser surpreendidos.
O Bor assimilou naturalmente esta capacitação, ladrando amiúde e lançando-se sobre o suspeito em fuga sempre que tal foi necessário, dificultando a vida ao seu condutor que ainda se encontra coxo e que há pouco tempo largou as canadianas.
A Hope já não é a inocente cadela que fugia de tudo e de todos, porque descobriu que tanto pode defender-se como atacar, não hesitando em defender o dono nas situações em que tal se justificou, mostrando uma ferocidade digna de destaque.
Apesar dos esforços do Tomás, A Ginja ainda não se encontra à vontade nestas acções, mostrando algum receio e pouca apetência para emboscadas e perseguições. Mas quando acordar, por causa de ser negra e mal se ver, virá a ser um caso sério.
Passámos depois para as emboscadas aos caminhos, tirando partido dos vários arbustos existentes e aguardando a passagem dos elementos suspeitos. Todos os cães mostraram-se à altura e as suas arremetidas valeram pela prontidão e pelo ímpeto.
Como vem sendo hábito, até os coxos correm entre nós, razão porque tantas vezes somos considerados milagrosos. Hoje o coxo de dia foi o Paulo Motrena, que apesar das dificuldades não estava interessado em ficar ainda mais coxo.
Rijo, muito rijo esteve o Slinky, que foi um verdadeiro devorador de sticks e que também deixou o João Graça lesionado na mão esquerda. Apesar do seu peso e tenra idade, este Rottweiler está a fazer arremetidas superiores e em suspensão.
O Tomás viu-se aflito para defender os ataques que o Bor lhe fazia e o Paulo viu-se ainda mais enrascado para segurar o Pastor Alemão.
E se a Hope esteve bem entre muros, melhor esteve no mato, aparecendo de surpresa e sempre pronta a escorraçar os inimigos que tinha pela frente, fossem eles grandes ou pequenos.
Trabalhámos debaixo de chuva e cheios de alegria, lamentando que ela não fosse mais forte e demorada. O tempo esteve de feição e o vento não se fez sentir, a temperatura esteve amena e o trabalho rendeu.
Participaram nos trabalhos os seguintes binómios:  João Graça/Hope; Nuno Falé/Ginja; Paulo/Bor e Tomás/Slinky. A reportagem fotográfica coube à Patrícia e ao Treinador. Sentiu-se a falta de alguns binómios que breve retomarão os trabalhos em atraso. Para a semana, outra coisa não seria de esperar, esperam-nos novas tarefas e experiências.